Antecedentes
A primitiva
ocupação humana do
sopé do monte onde o
castelo se ergue
remonta à
pré-história,
durante o período
calcolítico,
conforme atestado
pela recente
pesquisa
arqueológica.
À época da
ocupação romana da
península Ibérica,
vizinho da
estrada que
ligava
Bracara Augusta
(atual
Braga),
Aquae Flaviae
(hoje
Chaves) e
Astorga pelo sul
do
rio Cávado, aqui
foi erguida uma
torre militar.
O castelo
medieval
Entre o
século X e o
século XI, a
antiga fortificação
romana encontrava-se
reduzida aos seus
alicerces. O
arcebispo D.
Pedro (I) de Braga
(1071-1091), visando
a defesa avançada da
sede episcopal de
Braga, determinou a
construção do
Castelo de Lanhoso,
conforme placa
epigráfica no silhar
(a mais antiga em um
castelo de
Portugal),
acompanhando os
alicerces e o
perímetro da
primitiva
fortificação.
Nesta defesa se
refugiou
D. Teresa, viúva
do
conde D. Henrique
(1093-1112) e mãe de
D. Afonso Henriques,
quando foi atacada
pelas forças de sua
meia-irmã,
D. Urraca,
rainha de
Leão. Aqui
cercada pelas tropas
de D. Urraca (1121),
D. Teresa conseguiu
negociar um acordo -
o
Tratado de Lanhoso
– graças ao qual
salvou a chefia do
seu condado. Mais
tarde, D. Teresa
para lá retornou,
segundo a tradição,
detida por seu
próprio filho após a
Batalha de São
Mamede (1128),
o que é contestado
pela moderna
historiografia, que
aponta ter esta
senhora
verdadeiramente
falecido na Galiza (1130).
De qualquer modo,
datará do final do
século XII e o
início do
século XIII a
reforma do castelo,
com a construção da
torre de menagem.
O castelo era então
o que se chamava de
cabeça de terra,
o que traduz a sua
importância
regional.
Nesse contexto,
no século XIII, o
castelo foi palco de
um terrível crime
passional: o seu
alcaide, D.
Rui Gonçalves de
Pereira, tetravô
do Condestável D.
Nuno Álvares Pereira,
que se encontrava
fora do castelo, ao
se inteirar da
infidelidade
conjugal de sua
esposa, Inês
Sanches, enamorada
de um frade do
mosteiro de Bouro,
retornou e,
fechando-lhe as
portas, ordenou que
se incendiasse a
alcáçova,
provocando com isso
a morte da infiel e
seu amante, bem como
dos serviçais, que
implicou como
cúmplices por não
terem denunciado o
fato. Os antigos
relatos referem que
ninguém escapou com
vida do incêndio,
sequer os animais
domésticos.
Posteriormente,
em
1264, o alcaide
D.
Godinho Fafez,
bisneto de
Fafez Luz,
senhor dos domínios
de Lanhoso à época
de D. Afonso
Henriques, nomeou
como seu sucessor
Mem Cravo. Ao
final do século, já
sob o reinado de
D. Dinis
(1279-1325), este
soberano concedeu
foral à vila de
Póvoa de Lanhoso (25
de Setembro de
1292), renovado
sob o reinado de
D. Manuel I
(1495-1521) (Foral
Novo,
4 de Janeiro de
1514).
O santuário de
Nossa Senhora do
Pilar
Com o início da
Idade Moderna,
consolidadas as
fronteiras do reino,
o castelo perdeu
progressivamente a
sua importância
estratégica, vindo a
conhecer o abandono
e a ruína. Esse
processo seria
acentuado a partir
do final do
século XVII,
quando
André da Silva
Machado, um
comerciante abastado
do
Porto decidiu
erguer uma réplica
do
Santuário do Bom
Jesus de Braga.
Para esse fim,
obteve autorização
para demolir o
antigo castelo e
reaproveitar a pedra
para edificar um
santuário sob a
invocação de
Nossa Senhora do
Pilar (1680).
Iniciou-se assim o
desmonte de parte da
barbacã e das
muralhas,
edificando-se no
interior do recinto
uma igreja, a
escadaria e as
capelas de
peregrinação: o
Santuário de Nossa
Senhora do Pilar.
As obras do
santuário
prosseguiam ainda em
1724, ao passo
que
Craesbeeck (Memórias
Ressuscitadas da
Província de Entre
Douro e Minho no ano
de 1726)
descreve o estado de
ruína do castelo,
visão corroborada
pelo reitor
Paulo Antunes Alonso
(Memórias
Paroquiais,
1758), ao
referir que dele
restava apenas a
Torre de Menagem,
cujo cunhal sudoeste
se apresentava
danificado pela
queda de um
raio.
Do século XX aos
nossos dias
O castelo foi
classificado como
Monumento Nacional
por Decreto
publicado em
23 de Junho de
1910. A
intervenção do poder
público iniciou-se a
partir de
1938, quando a
Direcção-Geral dos
Edifícios e
Monumentos Nacionais
(DGEMN) deu início a
obras de
consolidação e
restauro, entre as
quais trabalhos de
prospecção
arqueológica,
limpeza,
reconstituição dos
dois cubelos
ladeando o portão de
entrada, do arco
desse portão, da
torre de menagem, de
troços das muralhas,
e ainda de uma
estrada de acesso ao
castelo e de
beneficiações
diversas no
Santuário de Nossa
Senhora do Pilar.
Novas campanhas se
sucederam, pelo
mesmo órgão, em
1958-1959,
em
1973 e em
1975-1976.
Mais recentemente, a
Câmara Municipal,
com o apoio do
Associação
Adere-Lanhoso,
procederam a
trabalhos de limpeza
e consolidação de
estruturas, bem como
a remodelação dos
pisos interiores da
torre, quando o
castelo foi reaberto
ao público (1996).
Atualmente, além
do castelo medieval,
que oferece uma
pequena exposição
com testemunhos do
castro vizinho, o
visitante pode
conhecer ainda o
Santuário de Nossa
Senhora do Pilar
e o
Castro de Lanhoso.
Características
Na cota máxima de
385 metros acima do
nível do mar, o
castelo
apresenta planta
hexagonal irregular,
em
estilo românico
e
gótico,
rasgando-se nos seus
muros a sul, junto à
torre de menagem, o
portão de entrada,
em
arco quebrado,
flanqueado por dois
torrões de planta
quadrangular,
ameados. A muralha é
percorrida por
adarve protegido
por um
parapeito
encimado por
ameias
piramidais, algumas
das quais apresentam
aberturas com
troneiras.
Na cota mais
elevada do terreno,
a leste, destaca-se
a
Torre de Menagem,
com planta no
formato
quadrangular,
erguida a partir dos
primitivos alicerces
romanos (três
torreões
equidistantes). As
suas
paredes, que se
elevam a cerca de
dez metros de
altura, ultrapassam
um metro de
espessura. Uma
escada de pedra
provê a comunicação
entre a porta da
torre em arco
quebrado, rasgada a
três metros do solo,
e a praça de armas,
com uma área
quadrangular de
aproximadamente 500
metros quadrados,
onde se erguiam a
moradia do alcaide e
demais dependências,
inclusive a
cisterna.
Externamente, o
conjunto é defendido
por uma
barbacã de
planta
aproximadamente
elíptica, na qual se
rasga, a norte, o
portão de entrada,
acedido por uma
escadaria entalhada
na rocha e
flanqueado por um
cubelo ameado. Um
segundo cubelo
ergue-se a leste.