ELSA COSTA E SILVA A ponte da Lagoncinha, em Lousado,
estrutura românica classificada, está em risco. A conclusão
é dos investigadores da Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (FEUP), que defendem a necessidade de
uma intervenção rápida de forma a evitar a ruína da via. A
causa da degradação está já identificada: colocação de uma
caixa de drenagem de água da responsabilidade do Sistema
Integrado de Despoluição do Vale do Ave (SIDVA) no leito do
rio.
Assim, as fissuras detectadas, que foram inicialmente
atribuídas ao tráfego automóvel, devem-se afinal a uma má
medida no campo do
ambiente. O monumento nacional foi alvo de um estudo da FEUP
e o relatório final vai agora ser enviado à Direcção-Geral
dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN).
A segurança da ponte, que continua aberta à circulação
automóvel, está ameaçada no primeiro arco do lado norte. O
problema, explica Aníbal Costa, da FEUP, surgiu com a
colocação da caixa do SIDVA que alterou a corrente do rio
Ave. Além de ter aumentado a velocidade da água na zona, por
ter reduzido o leito, esta estrutura lançou as águas de
encontro ao arco, causando-lhe uma fissura longitudinal.
Como medida para evitar a ruína da ponte, os investigadores
da FEUP apontam a necessidade de retirar a caixa para fazer
voltar o caudal ao leito original e as reparações dos danos
verificados. Outra conclusão interessante é que a estrutura
da ponte aguenta sem problemas o tráfego automóvel, pelo que
não serão necessários, após as obras de reparação, quaisquer
condicionalismos a este nível.
A ponte da Lagoncinha, construída no século XII,
provavelmente nas ruínas de uma estrutura romana que ligava
Bracara Augusta (Braga) a Cale (Vila Nova de Gaia), foi
classificada como monumento nacional em 1943. Apesar de
algumas intervenções, a cargo da DGEMN, esta entidade
solicitou ao Departamento de Estruturas da FEUP uma
inspecção e diagnóstico da ponte. Além de danos
generalizados _ como perda de argamassa nas juntas,
degradação do material granítico e presença de poluição
biológica _, os investigadores detectaram ainda o
«abatimento por descompressão do primeiro arco do lado
norte», cuja origem foi atribuída por «alterações do
escoamento do rio» na zona da ponte.