Forte do Bom Sucesso do Porto do Calvo

Localizado junto à foz do Rio Manguaba, defendendo a povoação de Porto do Calvo, hoje Porto Calvo, é a primeira obra de fortificação regular construída no território do atual Estado de Alagoas.

Remonta a uma fortificação de campanha erguida no contexto da Guerra Holandesa (1630-54) pelo Conde de Bagnuolo em 1634, por determinação de Matias de Albuquerque (1590-1647). Em faxina e terra, foi conquistada por forças holandesas da frota do Almirante Lichthardt (mar/1635) que o reforçam e ampliam. Reconquistada a 19/jul/1635 por Matias de Albuquerque e Antônio Filipe Camarão (c. 1601-48) em retirada para a Bahia após a queda do Arraial Velho do Bom Jesus, Domingos Fernandes Calabar (1600-35) é aí detido na ocasião, sendo enforcado e esquartejado (22/jul). A posição é abandonada, de modo que à chegada de Sigismund van Schkoppe poucos dias depois (24/jul/1635), a povoação é encontrada deserta.

Reocupada por tropas portuguesas (jan/1636) que reparam as suas defesas, é assaltada pelas forças do Conde Johan Maurits van Nassau-Siegen (1604-79), tendo lugar a Batalha de Barra Grande, em que notabilizou a tropa feminina de Clara Camarão (m. 1648), e a defesa de Porto Calvo por Miguel Guiberton, que capitula com honras militares ante os holandeses após um assédio de treze dias (mar/1637). Os invasores procedem-lhe nova ampliação e melhorias. Nassau, no "Breve Discurso" de 14/jan/1638, sobre o tópico de Fortificações, descreve-o:

"(...) Depois da conquista foi muito fortificado, mas ficou tal como era antes, muito irregular, e se faz mister cercá-lo de uma contra-escarpa com uma sólida paliçada. Este forte conserva ainda toda a sua artilharia e quase toda a munição que nele foi encontrada, apenas fez-se retirar algumas peças que não eram necessárias e estavam desmontadas. Está pois bem provido de tudo, e guarnecem-no duas companhias de soldados. Este forte está assentado sobre um monte alto e isolado, e não há na vizinhança outros montes altos que o dominem; correm rios ao longo de dois dos seus lados. No forte há um poço com 18 braças de profundidade, construído com pedras de cantaria quadradas, que se elevam desde o fundo até à borda, e fornece água excelente."