Quilombo dos Palmares

Distribuído por cerca de 60 léguas quadradas na Serra da Barriga, desde a altura de Porto Calvo até às barrancas do Rio São Francisco, no atual Estado de Alagoas.

Composto por onze aldeias ou "mocambos", cada uma com sete quadras, dispostas em torno de uma quadra central onde residia um chefe escolhido por eleição, os seus primeiros habitantes foram cerca de 40 escravos evadidos de um engenho no sul da Capitania de Pernambuco em fins do século XVI. Tomou nome das matas de palmeiras abundantes no local, e recebeu impulso a partir de 1630, quando para aí se deslocam os escravos fugidos dos engenhos de Pernambuco e da Bahia, envolvidos na Guerra Holandesa (1630-54), chegando a computar cerca de 20 mil almas no seu auge.

Foi atacado repetidas vezes (Domingos Bezerra, 1602; Rudolf Baro, 1644; Manoel Lopes Galvão, 1675; Fernão Carrilho, 1676-77; e outros), sem sucesso, mesmo tendo sendo destruídas algumas aldeias. Após a capitulação holandesa (1654) as autoridades pernambucanas tentam medidas diplomáticas para a dissolução pacífica do estabelecimento. Em 1678, Ganga Zumba, líder de Palmares, vai até Recife firmar um pacto de paz com o governador da Capitania, Aires de Souza de Castro, mas a proposta de conceder liberdade apenas aos que haviam nascido no quilombo dividiu os quilombolas. Zumbi, líder da resistência ao acordo, tornou-se o novo chefe de Palmares.

Desse modo, o Governo da Capitania de Pernambuco, contrata os serviços do bandeirante Domingos Jorge Velho (c. 1640-1704), para o extermínio dos aldeamentos em troca de armas, munições, mantimentos, escravos, terras e perdão para os crimes dos embandeirados. O primeiro assalto, sem sucesso, ocorrerá com 1.000 homens (brancos, indígenas e mestiços) em dez/1692, detidos por uma cerca tríplice, de vegetação trançada, com um perímetro de cerca de 5,5 Km, repleto de armadilhas com estrepes e estacas afiadas. Uma nova expedição, integrada por 3.000 homens (sob os comandos de Bernardo Vieira de Melo, Sebastião Dias, Matias Cardoso de Almeida e Cristóvão de Mendonça Arrais) com seis peças de artilharia, obterá sucesso em jan/1694, destruindo o quilombo e perseguindo uma tropa remanescente de cerca de 600 quilombolas até à morte em combate do líder Zumbi (20/nov/1695) na Aldeia do Macaco. A cabeça de Zumbi, decapitada e salgada por André Furtado de Mendonça, ajudante-de-ordens de Domingos Jorge Velho, é levada ao governador da Capitania de Pernambuco, Caetano de Mello Castro, e exposta em praça pública. Sobre o feito, o próprio Domingos Jorge Velho relataria: