Fortificações na Ilha da Trindade
Situada a 1.113 Km da costa brasileira, no mesmo paralelo da cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, esta ilha vulcânica de relevo montanhoso e paisagem desertificada, com cerca de 9 Km quadrados, tem história atribulada. Segundo Barreto (1958), foi avistada em 1501 por João da Nova, de passagem a caminho da índia, a sua posse para a Coroa portuguesa seria confirmada em 1503 por Afonso de Albuquerque, que fazia a mesma rota. Ainda no século XVI será doada a Belchior Camacho, constituindo a Capitania de Trindade (1539). Trindade é visitada pelo astrônomo inglês Edmond Halley (1656-1742), que no comando do navio de guerra Paramore Pink, entre set/1699 e set/1700, percorre o Atlântico determinando longitudes e variações do compasso náutico. Halley, em nome da Coroa britânica, solta um casal de cabras na ilha visando atender eventuais futuros náufragos. Reproduzindo-se desordenadamente, esses animais protagonizaram o primeiro desastre ecológico da história da ilha. Mais tarde, ali teria aportado o Capitão James Cook. Um mapa português da ilha, sem maiores especificações além da data de 1782, atualmente na mapoteca do Itamaraty no Rio de Janeiro, aponta-lhe duas fortificações: a Fortaleza do Alto e a Fortaleza da Praia, em extremidades opostas da ilha, associando a última a um regimento português. Barreto (1958) reporta que a partir de 1783, uma expedição colonizadora portuguesa comandada por Mello Brayner, ocupa a ilha e reafirma a sua posse como pertencente à Coroa portuguesa. Na época, as lavouras de colonos açoreanos são mal recebidas pelo solo da ilha, iniciando um sério problema de erosão com as chuvas, abundantes de abril a setembro. Com a retirada dos seus ocupantes em 1797 rumo a Santa Catarina, a ilha volta a ficar abandonada, tendo perdido cerca de 85% da sua cobertura vegetal original. Seguindo Barreto (1958), após a Independência, em 1825 a Corveta Itaparica é enviada para a ilha com a missão de ocupá-la em nome do novo Império do Brasil. Outras Corvetas imperiais serão remetidas em 1846, 1871 e em 1873, confirmando a soberania brasileira sobre a mesma. Em 1892, o aventureiro norte-americano Harder Hicky inicia uma tentativa de ocupação da ilha, mas ante os protestos brasileiros, desiste da sua empreitada. Barreto (1958) complementa que em 1895 os ingleses voltam a ocupar a ilha sob a alegação de que a mesma se encontrava desocupada há mais de um século, gerando protestos do governo brasileiro, que apenas tomou conhecimento do fato com seis meses de atraso. Data dessa época o chamado Forte da Rainha, uma alusão à soberana inglesa, a Rainha Vitória. Ao ser informada da ocupação da ilha por forças inglesas, a população carioca reage depredando o Café Londres, conceituada casa comercial estabelecida na Rua do Ouvidor. Com a mediação da diplomacia portuguesa, a soberania brasileira sobre a ilha é reconhecida e a mesma desocupada, tendo sido o forte desguarnecido e desarmado (ago/1896). Nada mais restava das posições quando entre 1924 e 1926 a ilha será utilizada como presídio politico. Durante ambas as Guerras Mundiais a ilha recebe guarnições da Marinha brasileira, que desde 1897 ali efetua missões com regularidade, fixando-se permanentemente a partir de 1957 com o POIT - Programa de Ocupação da Ilha de Trindade, com a instalação de um posto oceanográfico. A soberania sobre a Ilha permite ao Brasil o direito de demarcar uma área com um raio de 200 milhas a titulo de Zona Econômica Exclusiva. Atualmente 45 homens da Marinha revezam-se a cada quatro meses, com a missão de observação meteorológica. |