A terra que hoje se chama Maranhão foi, segundo algumas estórias e alguns historiadores, o primeiro território a ser conhecido pelos obstinados descobridores europeus. De qualquer forma, norteando toda a América Latina, os limites que contornam o Maranhão, tanto o de outrora como o atual, sempre estiveram como a dar boas vindas a quem viesse do mar.

Assim passaram por aqui muitos e muitos, até que em abril de 1500 o português Pedro Álvares Cabral descobre oficialmente a nossa antepassada Vera Cruz, legitimando para todos os efeitos a posse de Portugal sobre o que viria a ser o Brasil. Mas os interesses e a atenção da Coroa Portuguesa se deslocavam para bem longe daqui, importando ao rei D. Manuel apenas o lucro sem qualquer investimento em suas colônias. E mesmo em se tratando de lucros, a colônia brasileira se resumia à sede da Corte, na Bahia.

O norte do Brasil permaneceu por muitos anos como terra de ninguém. Somente três décadas depois do descobrimento do Brasil D. João III resolveu dividi-lo em capitanias hereditárias. Muitas foram as expedições que tentaram colonizar a região que dava acesso ao tão badalado Peru, terra do Eldorado e de prometidas riquezas. Isto só se deu efetivamente em meados do século XVII. Depois de vir como olheiro da França e de confirmar a excelência das terras do norte brasileiro, Daniel de la Touche, Senhor de La Ravardière volta com o companheiro François de Rasilly e Auneles, em 1612, estabelecendo no dia 8 de setembro, na ilha do Maranhão - chamada pelos índios de Upaon-Açu (Ilha Grande), o breve sonho da França Equinocial.

Apesar de lutarem por seus territórios, os índios do Nordeste chegaram a manter relacionamentos amistosos com os franceses. Daniel de la Touche e sua expedição composta de três naus - Regente, Charlotte e Saint´Anne - saíram da França com o compromisso documentado de tentar aproximação pacífica com os índios. É claro que não era exatamente um tiro no escuro, um certo lobby já havia sido providenciado entre viajantes franceses (como Jacques Riffault e Charles Des Vaux) e chefes indígenas com bom trânsito em várias aldeias. No Maranhão existiam índios do grupo tupi, como as tribos tupinambás, tabajaras, caetés - habitantes do litoral, e também índios do grupo tapuia, como os guajás, guajajaras, gamelas, barbados - nativos do interior. Da fusão entre estes dois grupos surgiram os tupinambaranas, muito comum na região amazônica.

A chegada dos franceses na ilha do Maranhão foi o suficiente para que o norte saísse do anonimato na mesa de decisões da Coroa portuguesa. O forte de São Luís foi reconquistado pelos portugueses na famosa batalha de Guaxenduba, nome das terras em frente à ilha, entre os rios Munim e Anajatuba, em 3 de novembro de 1615. Os franceses estavam em maior número e mais bem equipados que Jerônimo de Albuquerque, sem falar dos índios tupinambás que os apoiavam. Apesar disso, a vitória foi lusitana. Para explicar o inexplicável, a sabedoria popular recorreu à Virgem Maria, chamando a dita expedição de milagrosa, por Ela ter transformado areia em pólvora para os portugueses.

Com os portugueses a coisa mudou de figura para os índios, que se viram às voltas com a escravidão, com a catequese dos jesuítas, com a mudança de seus hábitos e, enfim, com a aculturação. A partir daí a Coroa não deixou o norte à mingua, garantindo sua defesa contra piratas estrangeiros com edificação de fortalezas. Em 1616 havia no Maranhão 513 soldados, enquanto na Bahia, que era a sede do governo, havia 140. Os três principais fortes eram o Forte de São Luís, o de Sardinha e o de São José de Itapari.

Mesmo com todo esse aparato a ilha de São Luís não ficou imune aos invasores, sofrendo o ataque de holandeses, em 25 de novembro de 1641. Comandados pelo almirante Jon Cornellizon Lichthardt e o coronel Koin Anderson, desembarcaram no Desterro e tomaram a cidade. Depois consolidaram o domínio partindo para o interior, especialmente Tapuitapera (hoje Alcântara) e Itapecuru, região de mais intensa movimentação econômica.

Pouco tempo passaram os holandeses. Foram 27 meses de ocupação, mas o suficiente para deixarem a cidade destruída, igrejas saqueadas e fazendas incendiadas. No dia 28 de fevereiro de 1644 os holandeses debandaram depois de algumas guerrilhas e batalhas, fazendo do Capitão-Mor Teixeira de Melo o herói da reconquista. Nessa época a escravidão negra ainda era insignificante, sendo a mão-de-obra indígena a mola propulsora do desenvolvimento do Estado, gerando incontáveis conflitos tanto internos como nas Cortes européias. O pequeno desenvolvimento que houve então foi graças ao trabalho servil do índio.

Segundo historiadores, a vida econômica do Estado do Maranhão entre 1621 e 1684 foi um tanto complicada: tráfico de índios, pequena exportação de algodão e de alguns produtos da terra. Sem falar nas inúmeras proibições, desde a exploração do ferro, como a fabricação de tecidos de algodão, lã, linha ou seda e até a de exercer a profissão de ourives. Claro que havia os privilegiados, os favores especiais e os monopólios, ingredientes infalíveis para a revolta, temperada pela insatisfação geral.

Um desses monopólios foi a criação, em 1682, da Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará - estopim da primeira revolta anticolonialista no Brasil que foi a insurreição maranhense liderada por Manuel Beckman. A Companhia detinha a exclusividade de todo tipo de comércio e não pagava impostos. Não por acaso o Governador de então, Francisco Sá de Menezes, também era sócio da Companhia. Apesar da compreensível indiferença da Coroa sobre o que ocorria no Maranhão, a situação chegou ao ponto da população passar fome e os abusos da Companhia tornaram-se insuportáveis. Assim estava detonada a revolução, sob a chefia de Manuel Beckman, lavrador bem-sucedido com experiência política como vereador. Em 23 de fevereiro de 1684 a revolução partiu do convento dos capuchinhos de Santo Antônio, destronou autoridades como o próprio governador, o capitão-mor e o comandante das forças militares, constituindo uma Junta Governativa e expulsando ainda os jesuítas, que monopolizavam o comércio de índios.

Beckman buscou adesão nas cidades de Tapuitapera (Alcântara) e Belém. Nada feito. Obteve apenas uma proposta de regalias do governador de Belém caso ele desistisse e rendesse obediência às autoridades de antes. Manuel Beckman fez o possível para legalizar seu feito, mas a revolução perdeu o entusiasmo inicial e fez-se o terreno para uma ação enérgica da Coroa. É histórica a frase de Beckman minutos antes de ser enforcado, no dia 2 de novembro de 1685: "pelo povo do Maranhão morro contente". Ele que teve todas as chances de empreender uma fuga diante do esfacelamento da revolução, morreu como mártir deixando a semente libertária que brotaria anos depois com a inconfidência mineira de Tiradentes (1789). Em tempo: apesar da morte de seu líder, a revolução atingiu seu objetivo máximo que era o de acabar com o monopólio no comércio.

Um século de poucos acontecimentos significativos marcam o Maranhão desse tempo, sempre subjugado pelos desmandos da Coroa. Em 1730, por exemplo, era recomendação expressa que ninguém mexesse com minas, cuidando somente da agricultura. E só em 1732 começou a circular no Maranhão o dinheiro em forma de moedas de ouro, prata e cobre, eliminando os primitivos novelos de fios de algodão e varas de pano. Já não é de agora que se ouve falar de reforma administrativa. Quando D. José (1750-1777) assume o reinado de Portugal e faz de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, o seu ministro, uma nova mentalidade se delineia, com objetivos de moralizar a administração pública do reinado de D. José. Ele foi o grande responsável pelas transformações progressistas na política sócio-econômica de Portugal com sua colônias.

O Estado do Maranhão, que até então era coligado ao Pará, tornou-se independente pela ordem-régia de 20 de agosto de 1772. De 1772 a 1779 Joaquim de Melo e Póvoas governou o Maranhão como estado independente. Como sobrinho de Pombal e por suas idéias motivado, Póvoas muito fez para que o Maranhão pudesse, nesses últimos anos de colônia, experimentar o progresso. A criação da Companhia Geral do Comércio mudou a situação, trazendo escravos africanos a preços acessíveis, apoiando a lavoura, construindo navios, financiando negócios, etc. O Maranhão passa a ocupar o quarto lugar no ranking das maiores províncias exportadoras, atrás da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.

Morre o Marquês de Pombal e com ele suas idéias, em 1782. Mas seu poder já declinara uma década antes, quando morrera seu protetor, o rei D. José. Em 1785, um alvará da Coroa extingue todas as fábricas e manufaturas de ouro, prata, seda, algodão, linho e lã existentes no Brasil. O desenvolvimento econômico voltaria a surgir quando a corte portuguesa teve que se mudar para o Brasil, fugindo das tropas napoleônicas. Com a abertura dos portos ao comércio das nações, a liberdade outorgada às indústrias nacionais, a fundação de escolas e organização bancária, também o Maranhão pôde viver mais um período de prosperidade, em grande parte pelo cultivo do algodão.

O Estado do Maranhão e o da Bahia foram os que mais receberam escravos da África. Para o Maranhão vieram os angolas, congos, fanti-ashanti, nagôs, gêges, entre outros. É interessante comentar um exemplo de empresária bem-sucedida depois de lutar contra todo tipo de adversidade: a negra Catarina Rosa Ferreira de Jesus, famosa Catarina Nina. Obstinada e competente, Catarina comprou sua liberdade e tornou-se rica comerciante de farinha, desfilando na Praia Grande ombro a ombro com os mais brancos fidalgos lusitanos.

Maranhão foi uma das últimas províncias a aceitar o grito de D.Pedro I no Ipiranga, aderindo à independência do Brasil quase um ano depois do histórico 8 de setembro de 1822. Talvez por ter permanecido muito esquecido pela Coroa, o Maranhão deu trabalho às tropas militares do Império. Em especial no interior do Estado, o movimento dos que queriam a independência do Maranhão era forte e só foi vencido com a chegada do pirata inglês Alexander Cochrane respondendo pela função de Primeiro Almirante da Armada Imperial. À força de alguns canhões Lord Cochrane proclamou a adesão da província do Maranhão ao Império do Brasil, no dia 28 de julho de 1823.

A tranquilidade ainda estaria longe. Mais um vez a história do Maranhão ganharia página sangrenta com a Balaiada, rebelião armada que aconteceu em 1838. O movimento recebeu este nome por causa de seu líder, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, fabricante de balaios. Os ares de insatisfação, as brigas pelo poder e as confusas noções de liberdade foram os elementos desta equação, aliás, velha conhecida dos homens. Diz-se que a gota d'água foi uma tal "Lei dos Prefeitos", que dava poderes de juiz e delegado de polícia aos prefeitos. Dois partidos políticos eram notícia nessa época: os ditos liberais e republicanos, chamados de Bem-te-Vis, e os assumidos conservadores, chamados de Cabanos. Um incidente de estrada deflagra a Balaiada: Raimundo Vieira era vaqueiro de um chefe "bem-te-vi" e quando tangia o gado próximo a Vargem Grande teve parte de seus homens presos sob alegação de recrutamento militar. O subprefeito era "cabano" e isso motivou Raimundo a reagir com violência, invadindo a prisão da Vila da Manga e soltando seus boiadeiros. Logo os policiais viraram "balaios", e assim também todos os perseguidos, explorados, negros fugidos, etc. Um deles, o Chefe Cosme, intitulou-se "Tutor e Imperador da Liberdade Bem-Te-Vi", alardeando o apoio dos "bem-te-vis" ao movimento. Mas apoio mesmo fundamentado em conceitos ideológicos não houve nenhum. Os intelectuais de destaque nesse tempo preferiram extravazar seus ideais na tinta do papel a pegar nas armas. E tudo ficou por conta do instinto. Foi preciso um ano de lutas até que o Cel. Luís Alves de Lima e Silva pusesse fim à revolta. O Cel. enriqueceu seu currículo e ganhou o título de Barão de Caxias. Dom Cosme foi para a forca. Raimundo Vieira, o boiadeiro que tudo começou morreu a caminho do exílio em São Paulo. A Balaiada durou dois anos e mobilizou cerca de dez mil homens.

Por muitos anos o Maranhão se viu verdadeiramente emaranhado nas teias da política que insuflava o interior contra a capital, fazendeiros contra comerciantes e burocratas. Viveu dois grandes momentos de apogeu econômico no século XVIII: os Ciclos do Algodão e do Açúcar. Com uma economia e sociedade tipicamente coloniais, o Maranhão entrou em decadência com a abolição dos escravos, cujos braços sustentavam toda atividade produtiva do Estado. Quando a República chegou esse processo decadente se acentuou, despreparado que estava o Maranhão para os novos encargos republicanos.

Em 8 de setembro de 1612, nas terras habitadas de Ypaon-Açu, Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière, acompanhado de François de Rasally, Senhor de Rasally e Aunelles, em nome da corte do rei menino Luís XIII da França, aportou nesta ilha quase à linha do Equador, com três navios e uma tripulação de 500 homens, onde edificou um forte e um ancoradouro.

Logo depois, mandou celebrar uma missa por ordem de Maria de Médici, mãe tutora do rei françês. Naquele momento surgia no Brasil uma capital fundada por franceses.

Em 1915, os portugueses então avançaram sobre o forte de São Luís e estenderam seu domínio na região. O forte foi rebatizado com o nome de São Felipe.

Com a província do Maranhão, Portugal garantia o bloqueio e a colonização no Norte deste vasto continente brasileiro.

Em 1641, os holandeses investiram na região e por três anos dominaram o território, quando então, após algumas batalhas, a vitória garantiu a Portugal o domínio definitivo do Maranhão.

Jeito simples e romântico de um povo de ver e viver a vida, expresso ora nos vivos bordados de seus azulejos, ora nos versos e cores de seu "Bumba-meu-Boi".


CRONOLOGIA :

1513 – Admite-se que nesse ano Diogo Ribeiro tenha chegado ao Golfão Maranhense e que a ele se deva o nome de Trindade dado à Ilha de São Luís.

1531 – De ordem de Martin Afonso de Sousa, Diogo Leite, reconhecendo o litoral norte do Brasil, chega à foz do Gurupi. Atribuem-se a ele os nomes de São José e São Marcos dados às baías que formam o Golfão Maranhense, pelos dias, no calendário romano, em que as tenha alcançado.

1534 – D. João III divide o Brasil em capitanias Hereditárias. O Maranhão atual, por sua extensão litorânea do Paraíba ao Gurupi, está compreendido nas duas mais setentrionais dentre elas: a de Fernão Alvares de Andrade, com 70 léguas de costa contadas da foz do Mundau (Camocim) aos Mangues Verdes (Golfão Maranhense) e uma segunda, de João de Barros, com 50 léguas, dos Mangues Verdes à foz do Gurupi.

1535 – Os dois donatários associam-se a Aires da Cunha que, à frente de uma frota de 10 navios, com 900 homens, vai tentar a conquista e colonização do Maranhão. Chegando a seu destino, a esquadra desaparece em um naufrágio, mas uns poucos sobreviventes conseguem fundar a povoação de Nazaré.

1538 – Discutem os historiadores onde teria sido localizada Nazaré que todavia não sobreviveu a três anos. Simão da Silveira, em sua "Relação Sumária das Costas do Maranhão", publicada em 1624, dá o testemunho de ter visto na ponta do Bonfim, na ilha de São Luís, as ruínas de um forte que teria sido construído para a defesa dessa povoação.

1594 – Fracassadas as novas tentativas de colonização do Maranhão, feitas por Luís de Melo da Silva (1554), pelos filhos de João de Barros (1555) e por Luís de Gamboa (1573), o Golfão Maranhense fez-se abrigo preferido de piratas normandos. Dentre eles, Jacques Riffault que, de volta à França, tenta convencer a Coroa da possibilidade de ali instalar uma colônia definitiva.

1602 – Henrique IV, de França, concede a René-Marie de Mont-Barrot, Carta Patente (8/5) que o autoriza a fundar uma colônia no norte do Brasil, o qual se associa a Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière.

1604 – O monarca francês, ante a desistência de Mont-Barrot, por Carta Patente de 6/7 nomeia La Ravardière seu Lugar-tenente e vice-almirante nas costas do Brasil.

1610 – La Ravardière, em companhia de Charles des Vaux, que fora imediato de Riffault, faz uma primeira viagem de reconhecimento ao Maranhão. Assassinado Henrique IV, a Rainha-Viúva e Regente D. Maria de Médici, por Carta Patente de 1º-10, dá-lhe autorização para fundar, ao sul da linha Equinocial, uma colônia que se estenderia por um raio de 50 léguas em torno do forte que fosse construído.

1612 – La-Ravardière, associando-se a Nicolas de Harlay, tesoureiro do Reino, e a François de Razilly, Almirante de França, organiza uma expedição de três navios com 500 homens, a qual, sob o comando conjunto dele e de Razilly, chega a Upaon-Mirim, ilha pequena, na entrada dos Mangues Verdes, no dia 26/7, à qual dão o nome de Sant’Anne; logo se transferem a Upaon-açu, ilha grande, a da Trindad, onde desembarcaram no porto de Jeviré (ponta de São Francisco) e são recepcionadas pelo Capitão Du Maior, que ali mantinha uma feitoria com 400 homens. Após terem confraternizado com os nativos, que obedeciam ao morubixaba Japiaçú, escolhem para a construção do forte uma ponta de rochedo que ficava defronte, entre dois rios: Maioba (Anil) e Bacanga, que ali despejavam suas águas no chamado porto de Guaraparí. A 12/8, dia de Santa Clara, os missionários capuchinhos da expedição rezaram no Maranhão uma primeira missa e a 8/9, concluído o forte, ergueram defronte uma grande cruz, dando por formalmente fundada a França Equinocial. A seguir, no dia 1º/11, hastearam, ao lado da cruz, o estandarte real das flores de liz e fizeram públicas leis institucionais que, em nome da Coroa, outorgaram ao estado e colônia recém-fundados. Ao forte deram o nome de Saint-Louis, em homenagem ao rei-menino Luís XIII, e que com o tempo, se transmitiria à povoação e a toda ilha; ao porto de Guaraparí, o de Sainte-Marie, em homenagem à Regente e à Santíssima Virgem, mas que acabaria por cair no esquecimento.

1614 – O Governador Geral do Brasil despacha de Pernambuco uma expedição militar, que a história chamaria de "Jornada Milagrosa", com a missão de expulsar os franceses do Maranhão; Jerônimo de Albuquerque, o comandante, vai se fixar em terra firme, na foz do munim, onde levanta o forte de Santa Maria no sítio de Guaxenduba. La Ravardière ataca o forte no dia 19/11, mas é derrotado no combate.

1615 – Alexandre de Moura, despachado para o Maranhão com reforços, assume o comando da luta e obriga La Ravardière à rendição (4/11). O forte de São Luís muda o nome para o de São Felipe, em homenagem ao monarca reinante em Portugal, mas a povoação continua sendo de São Luís.

1616 – Expulsos os franceses, Alexandre de Moura retorna a Pernambuco (9/11), deixando Jerônimo de Albuquerque como primeiro Capitão-Mor da Conquista do Maranhão e, com ele, a "traça" feita pelo Engenheiro-Mor do Brasil, Francisco Frias de Mesquita, a ser observada na implantação e desenvolvimento da futura vila, para cuja Câmara, quando se instalasse, deixa uma légua de terra como patrimônio. São Luís terá sido, por certo, a primeira cidade brasileira a ter sua planta previamente traçada, em uma malha urbana ortogonal, posicionada no sentido dos pontos cardeais.

1619 – Trazidos por Simão Estácio da Silveira, chegam dos Açores os primeiros colonos para o Maranhão, o que permite que a povoação passe à vila com a eleição (9/12) de seu primeiro Senado da Câmara, do qual foi ele mesmo o primeiro presidente.

1620 – Em pagamento de promessa feita à Santíssima Virgem para que livrasse a vila de uma primeira epidemia de varíola que estava dizimando sua população, estimada em apenas 300 almas, o Capitão-Mor Diogo da Costa Machado faz construir, à sua custa, a igreja da N.S. da Vitória, destinada a ser a matriz da freguesia quando se instalasse.

1624 – Com a chegada de Frei Cristovão de Lisboa, provido na cargo de Vigário pelo Administrador Apostólico da Prelazia de Olinda, dá-se por criada a freguesia do Maranhão (5/02) e a Igreja de N.S. da Vitória erigida em matriz.

1626 – Com a posse (3/09) de Francisco Coelho de Carvalho no cargo de Governador e Capitão-General, dá-se por instalado o Estado do Maranhão, criado pela Carta Régia de 13/06/1621, separado do Brasil e tendo São Luís por capital.

1638 – Bento Maciel Parente, segundo Governador e Capitão-General do Estado, faz construir, em torno do núcleo original de São Luís, uma muralha que se transforma em uma cidadela a área das atuais Avenida Pedro II e Praça Benedito Leite.

1641 – Uma esquadra holandesa às ordens do Almirante, Jean Cornelizoon Lichardt, trazendo 2.000 homens de armas sob o comando do Coronel Koin Anderson, toma assalto (25/11) e saqueia a vila, fazendo prisioneiro o Governador Bento Maciel.

1642 – Deve-se aos holandeses a primeira vista panorâmica de São Luís, desenhada pelo pincel de Franz Post e a primeira planta que dela se conhece. Nesta, a vila se mostra repartida em três setores distintos. A cidadela, cujos muros cingiam o núcleo original francês; o setor urbano em que terá sido obedecida a traça de Frias de Mesquita, estendido da cidadela para o sul, até o Desterro, marginando o bacanga ao longo da chamada Praia Grande; e o setor suburbano que já começara a crescer para o interior da ilha, rumo ao nascente, por trás da antiga colina de Santa Bárbara, onde desde 1627 se construíra o chamado Convento do Carmo novo.

1644 – Os holandeses São expulsos de São Luís por Antônio Teixeira de Melo (28/02), que sucedera, por morte, a Antônio Muniz Barreiros no comando da resistência contra os invasores.

1648 – A população de São Luís, que o capitão holandês Gedeon Morris, estimara em 700 habitantes, reduzira-se a 480, que viviam em casas rústicas, cobertas de palha a maior parte.

1654 – A Carta Régia de 25/08 restabelece, com o nome mudado para o de Estado do Maranhão e Grão-Pará, o estado do Maranhão que fora extinto pela Carta Régia de 25/02/1652, continuando São Luís como capital.

1679 – A 11/07, com a posse do primeiro bispo, D. Gregório dos Anjos, instala-se a diocese do Maranhão, criada por bula de 30/08/1677. Por esse decreto papal São Luís, suja população é nele estimada em 2.000 almas, foi erigida cidade.

1648 – Arrebenta (23/02) a revolta chamada Bequimão, contra o monopólio do Estanco estabelecido pela Companhia de Comércio. Deposto o Governador, organiza-se uma Junta dos três Estados, em que São representados paritariamente o Clero, a Nobreza e o povo. É a primeira vez que o Povo ascende ao Governo; mas o movimento termina com o sacrifício, na forca (10/11/1655) de Manuel Beckman e Jorge de São paio.

1700 – João Lisboa, em seus "Apontamentos", diz que, no transcurso do século XVII para XVIII, a cidade apresentava todos os sinais de decrepitude, acrescentando que, conforme ofício do então Ouvidor-Mor João Francisco Leal (19/11/1700), seus subúrbios se estendiam além da Igreja de São João. Isto é, continuavam nos limites que lhe foram dados na planta de 1642.

1712 – Em seu primeiro centenário, a cidade, segundo o testemunho do Pe. Jacinto de carvalho em sua "Relação do Maranhão" (1719), era muito formosa por causa das muitas árvores; e, segundo Berredo, que governou o Estado de 1718 a 1722, tinha pouco mais de 1.000 vizinhos ("anais").

1755 – Criada (7/08) a Companhia geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão pelo Marquês de Pombal, ela, com o incremento dado à lavoura a à economia, propiciaria o desenvolvimento e o progresso da região. No governo de Joaquim de Melo e Póvoas (1761/1779) o chamado Terreiro do Palácio, onde foram demolidas as velhas igrejas de N.S. da Vitória e da Misericórdia e os muitos casebres que o enfeiavam, transforma-se no ajardinado Largo do Palácio; e o cemitério, que ficava por trás do último templo, é transferido para o fim da rua Larga (Grande), no ponto onde então foi aberta uma estrada que, ultrapassando o Largo dos Quartéis, já existente, levava à Ponta do Romeu (Praça Gonçalves Dias), onde surgira um arraial em torno da ermida de N.S. dos Remédios. Duplicara-se a área suburbana.

1759 – O Pe. José de Morais, em sua "História", acabada de escrever nesse ano, informa que "era então a cidade bem situada, com boas ruas a rumo de corda, a maior parte calçada... e servida por uma excelente e bem fundada fonte a que chamamos das Pedras... Sabemos, porém que não era essa a única, pois já existiam as fontes do Bispo, das Telhas e da Olaria; e, também, que desde 1737, os jesuítas haviam pedido licença à Câmara para, ampliando sua igreja de N.S. da Luz, dar-lhe uma nova torre que seria servida por um relógio público.

1772 – A Carta Régia de 20/08 separa em dois, pelas Capitanias-Gerais do Maranhão e do Grão-Pará, o Estado que, desde 1751, fora dito do Grão-Pará e Maranhão, transferida a capital para Belém.

1784 – O Governador José Teles da Silva (1783/1787) dá inicio ao aterro da Praia Grande, concedendo os chãos ribeirinhos a quem se obrigasse a construir a parte fronteira do cais, conforme plano antes recomendado pela Coroa a seu antecessor.

1787 – Foi só nesse ano que a cidade ganhou seu pelourinho, símbolo da autonomia municipal. Situava-se no Largo do Carmo, à saída do antigo Caminho do Carmo, que ia se transformando em rua da Paz.

1788 – Censo demográfico levantado pelo Vigário da freguesia acusa, para a cidade, uma população de 16.580 habitantes e a existência de 1.482 fogos.

1796 – É construída, no governo de D. Fernando Antônio de Noronha, a Fonte do Ribeirão, e, no ano seguinte, o Forte de Santo Antônio, na antiga Ponta de João Dias (d’Areia ).

1805 – Governador D. Antônio Saldanha da Gama. Concluem-se as obras que transformam a Praia Grande, à margem direita da foz do Bacanga, no bairro do mesmo nome, inclusive com a construção da Casa das Tulhas (atual Feira da Praia Grande). Nesse mesmo ano o Dr. Manuel Rodrigues de Oliveira, apelidado de Médico do tijuco, inicia o aterro da Praia da Olaria, nas proximidades da Fonte das Pedras.

1813 – Instala-se, na Câmara Municipal, pegada ao Palácio dos Governadores, o Tribunal de Relação, criado que fora a 23/08/1811, enquanto se reforma, para sua sede, o prédio do Hospital Militar, na esquina da rua do Hospital (Sant’Ana) com a do Desterro (Palma) que é então transferido para a antiga Casa de Recreio do Jesuítas, distante de Ponta de Santo Amaro, a que se chegava pelo Caminho Novo da Madre-de-Deus (rua de São Pantaleão). Em relatório então enviado ao Desembargador Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira, primeiro chanceler dessa corte, o Ouvidor-Mor Bernardo José da Gama previne-lhe o espírito contra a cidade, que diz ser minúscula e fúnebre, habitada por gente degredada, criminosos e aventureiros.

1815 – Com relação a elevação do Brasil a Reino, unido aos de Portugal e Algarves (16/12), São Luís, com uma população estimada em 18.000 habitantes, passa a ser capital da Província do Maranhão.

1819 – Na opinião dos naturalistas bávaros Spix e Martius (Viagem pelo Brasil), que a visitam nesse ano, São Luís merece, à vista de sua população, que eles calculam em 30.000 pessoas, o quarto lugar entre as cidades brasileiras.

1822 – Com a administração de Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, seu último Governador e Capitão-General, a cidade passa por grandes reformas; os edifícios públicos são restaurados, todas as ruas são calçadas e o Largo do Palácio transforma-se em aprazível Passeio Público. Pela "Estatística" de Antônio Bernardino Pereira do Lago, o engenheiro responsável por tais obras, São Luís tinha então 19.611 habitantes distribuídos por duas freguesias – N.S. da Vitória e N.S. da Conceição e nela já funcionava um Teatro "União" (Arthur Azevedo), uma Tipografia Nacional, uma Repartição de Higiene, etc...

1823 – Formaliza-se em São Luís, a 28/07, a adesão do Maranhão à Independência do Brasil.