Breve Histórico do Estado de Sergipe

As pesquisas históricas comprovam que o litoral do atual Estado de Sergipe, situado entre os rios São Francisco e Real, teria sido visitado pela primeira expedição exploradora que, em 1501, veio ao Brasil comandada por Gaspar de Lemos.  Justifica-se essa "visita" pela impossibilidade do desembarque das naus na altura do estuário do São Francisco, encontrando, logo depois, praias de fácil desembarque e que serviriam de ancoradouro para os navios dessa frota.  Foram elas próximas ao atual rio do Vasa-Barris.
Nesta estada, os portugueses descobriram que a área era rica em canafístulas - planta medicinal conhecida no Oriente e um dos produtos do comércio da época dos grandes descobrimentos - o que deixou uma lembrança no roteiro das navegações, tratando-se do primeiro ponto em que desembarcavam e mantinham relação de comércio com os indígenas.
A divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias, em 1534, integrou o território sergipano à Capitania da Bahia de Todos os Santos.  A ação da presença do Donatário não atingiu Sergipe.  Desse abandono aproveitaram-se os piratas franceses para o contrabando do pau-brasil e outros produtos extrativos da região, contando com a colaboração dos índios Tupinambás que aí habitavam.
A colonização sergipana vai ser tentada a partir de uma aliança entre o Estado português através de seus prepostos na colônia e os latifundiários, especialmente o mais importante deles - Garcia D’Ávila - o homem de mais posses na Colônia depois do donatário de Pernambuco.  Inicialmente teriam sido cordiais as relações entre D’Ávila e os padres da Companhia de Jesus.  À medida, porém, que os campos de além rio Real foram se tornando importantes para a plena expansão do gado, exigindo o desalojamento das populações nativas, surgiram os antagonismos entre eles.  Nessa luta pelo controle das populações indígenas do território sergipano se anteciparam os jesuítas sob o pretexto de atenderem ao apelo dos que ali residiam.  Em janeiro de 1575, o Padre Gaspar Lourenço e o irmão João Salônio passaram o rio Real e fundaram a Missão de São Tomé, hoje a cidade de Santa Luzia.  Seguiram-se as missões de Santo Inácio, às margens do Vasa-Barris, onde hoje, provavelmente, se localiza a cidade de Itaporanga, nas terras do cacique Surubi, e São Paulo, região do cacique Serigi.  Nessas aldeias agregou-se numerosa população indígena liderada pelos caciques Serigi, Surubi e Aperipê, estes dominando as terras entre o rio Real e o rio Vasa-Barris.
À medida que o século XVI foi descambando, o progresso da colonização portuguesa exige o estabelecimento de comunicação regular entre Salvador e Olinda, os dois mais importantes núcleos urbanos da colônia.  Para a concretização, torna-se imprescindível a colonização do território sergipano.
Nos fins do século XVI, o Mercantilismo, que norteara a expansão ultramarina lusa, passou a nova etapa de desenvolvimento.  Impunha-se a necessidade de lançar em bases sólidas a colonização brasileira, que necessitava de terras, braços para o trabalho e segurança para o pleno desenvolvimento.  Combater a pirataria externa e dominar as tribos indígenas que resistiam à escravidão dos conquistadores assegurando-lhes mão-de-obra barata, tornaram-se objetivo do Estado português.
Em1590, no reinado de Felipe II, coube a Cristovão de Barros resolver o problema da colonização do território sergipano.  Tornava-se inadiável a resolução do problema sob pressão de vários fatores, como assegurar a comunicação terrestre entre Bahia e Pernambuco, só possível subjugando os nativos; desalojar o franceses do litoral, eliminando o forte concorrente dos produtos extrativos coloniais nos mercados europeus; obter mão-de-obra barata, numa época em que o escravo africano estava altamente valorizado e finalmente, a possibilidade de ocupar excelentes pastagens para atender à expansão dos rebanhos.
O sacrifício de grandes contigentes indígenas marcou o triunfo da conquista do território sergipano.  Visando consolidar a vitória, Cristovão de Barros fundou a cidade-forte de São Cristovão perto da foz do rio Sergipe, no ístmo formado pelo rio Poxin, atualmente região do município de Aracaju.  Lançou os fundamentos da vida administrativa de Sergipe, designando o capitão-mor Tomé da Rocha com poderes de prover os cargos dos ofícios de justiça e fazenda.  Construiu um presídio, criou uma foça policial, entregando o comando ao capitão Rodrigo Martins para a garantia da nova Capitania, denominada Sergipe del Rei, por ter a conquista resultado de iniciativa Real.
O desenvolvimento da colonização da Capitania de Sergipe se processou dentro da política mercantilista ibérica dominante, visando a levar grandes rendimentos ao Tesouro Real.  Buscava-se desenvolver a agricultura que resultasse em produtos solicitados pela economia européia em plena expansão, trazendo bons lucros.

Resumo elaborado a partir de Sergipe Colonial I - Prof. Maria Thétis Nunes
Ed. Tempo Brasileiro - Universidade Federal de Sergipe