O
Castelo de
Caminha localiza-se na vila,
Freguesia e Concelho de mesmo nome, Distrito de
Viana do Castelo, em Portugal.
Antigo porto numa
ponta de areia entre os rios
Coura e Minho, a vila de Caminha
desenvolveu-se com base na pesca e no comércio
(fluvial e marítimo), a partir do século XII,
quando se reduziu a pirataria no litoral,
ganhando importância como baluarte defensivo da
fronteira noroeste de Portugal. Assim o entendeu
o rei D. Afonso III (1248-1279), no âmbito da
reorganização da fronteira do Entre Douro e
Minho, que ali criou uma
póvoa de raiz, com traçado racional do
ponto de vista militar e urbanístico
Estas defesas foram
ampliadas e reforçadas desde a Reconquista cristã da
península, registrando-se o topónimo
Caminha
desde o século X, referindo-se, entretanto, ao
espaço da atual
freguesia de Vilarelho, a leste da
atual Caminha, onde, no
alto do Coto da Pena se identificam os vestígios do
primitivo castelo, erguido entre os séculos X e XI.
Com o progressivo aumento da segurança na costa,
concomitante com o desenvolvimento das
atividades
econômicas, a povoação
desenvolveu-se em direção
à foz do rio Minho, em zona mais baixa, mais fértil
e de acesso mais dinâmico ao mar.
No contexto das
campanhas contra Castela, o seu povoamento e defesa
foram incentivados sob os reinados de D. Afonso III
(1248-79), de D. Dinis (1279-1325) e de D. João I
(1385-1433), devido ao valor estratégico que esta
povoação lindeira
representava para o reino.
Quando do encerramento
da crise de 1383-1385, tendo a nobreza da região
norte de Portugal tomado partido por Castela, os
homens bons de Vila Nova de Cerveira, Caminha e
Monção enviaram mensagens ao Condestável Nuno
Álvares Pereira declaramdo-se
verdadeiros
portugueses, vindo a entregar-lhe
voluntariamente essas povoações. É ao novo soberano,
D. João I, que se atribui a dilatação da cerca,
ficando a vila guarnecida por uma segunda cinta de
muralhas.
Sob o reinado de D.
Manuel I (1495-1521), a povoação e seu castelo
encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro
das Fortalezas, c.
1509).
A fortaleza
setecentista
Diante da Restauração
da independência portuguesa, a posição
lindeira de Caminha
reaquiriu valor
estratégico. Desse modo, o
Conselho de Guerra
de D. João IV (1640-1656) modernizou-lhe as defesas,
dotando-a de uma extensa linha de baluartes e
torreões:
-
a
noroeste – com um novo baluarte junto da Igreja
Matriz de Caminha; e
-
a
sul – integrando as obras erguidas no reinado de
D. João I.
Os nossos dias
Os trechos de muralhas
que chegaram até nossos dias, parte da Idade Média e
parte setecentistas, foram classificados como Imóvel
de Interesse Público por Decreto publicado em 24 de
Janeiro de 1967.
Características
Os remanescentes das
muralhas de Caminha evidenciam as características
construtivas das fortificações romanas dos séculos
IV e V, tendo sido
ampliadas e reforçadas nos reinados de D. Afonso III,
de D. Dinis e de D. João I.
A muralha medieval em
redor da vila, de planta aproximadamente oval, era
reforçada por dez
cubelos. Nela se rasgavam três portas, cada
uma defendida por uma torre que se lhes sobrepunha:
-
a
leste, a chamada
Porta do Sol,
comunicava com a zona ribeirinha e os
estaleiros;
-
a
oeste, a chamada
Porta do Mar,
comunicava-se com o cais do porto;
-
a
sul, a chamada
Porta de Viana,
por onde se ia a Viana do Castelo, e que
constituía o principal acesso da vila.
A torre que defendia
esta última era mais robusta do conjunto,
apresentando planta no formato quadrado, e que, na
origem, se constituía na torre de menagem. Nela se
inscrevia a pedra de armas (símbolo da autoridade
régia) e se abrigava uma imagem sacra (símbolo da
devoção popular). A partir do século XVII recebeu o
relógio público da vila, passando a se denominar
Torre do Relógio.
O sino deste relógio foi fundido em 1610 e abriga-se
na pirâmide que então passou encimar a torre. Com a
Restauração, D. João IV fez colocar nesta porta uma
imagem de pedra de Nossa Senhora da Conceição.