A
Ponte
Romana, passagem única do Lima, está na origem da "Vila da
Ponte" de Afonso VII. É por este espaço que se vai melhorando a via
romana e que a frequente passagem de Peregrinos abandona para seguir o
caminho mais recto, posto que difícil, mas muito marcado, pelo uso de
séculos.
A jurisdição episcopal de Entre Lima e Minho só em 1381
se liberta de Tui. É em Labruja que o Bispo D. Hermógio funda o mosteiro
de S. Cristóvão que Ordonho II cede à Sé de Lugo. Aqui se refugiou o
Bispo Nausto de Tui (922-935) por causa dos ataques dos sarracenos e
Normandos. Em 1125, D. Teresa doou o mosteiro e seu couto novamente a Tui.
Também em 1125, alicia os habitantes por meio de
foral
que protege a "feira" e o seu comércio. Entretanto, o rio
vai-se assoreando, espraia-se para sul, e D. Pedro I alonga a ponte
romana, que vai ficando em seco.
A
vila é amuralhada, estrutura-se como burgo e D. João I toma-a em
1385.
Em 1464 passa a ter cidadela com
Paço
de Alcaide; a ponte é pavimentada e ameada em 1504. Em 1530 funda-se
a
Misericórdia
com o seu Hospital na "Praça da Vila", para apoiar peregrinos e
às Portas do Souto levanta-se artístico
chafariz,
junto ao Hospital de Peregrinos. Em 1787 inicia-se o rompimento das
Muralhas que abrem novas entradas para novos arrabaldes. Pelos arredores,
vão surgindo novos solares e opulentas igrejas sob a influência da arte
do barroco.
A diversidade fisiográfica, geológica e climatérica
proporcionam-lhe uma considerável variedade de recursos e
potencialidades, de paisagens, de costumes e de tradições. Esta
multiplicidade de aspectos traduz-se numa riqueza cultural que se revê no
acervo patrimonial edificado, erudito ou popular, mas expressivo de todas
as épocas, gostos e mentalidades. Desta convivência do Homem com o meio,
numa sábia conjugação de interesses que tem permitido a utilização
dos recursos e a integridade dos ecossistemas, herdámos uma paisagem
humanizada de excepcional minudência, cenário magnífico dos conjuntos
edificados e dos pequenos aglomerados que polvilharam a região.
A Vila de Ponte de Lima é hoje a resultante de todas
estas vicissitudes, um museu vivo de recordações e testemunhos
que merecem o respeito e são motivo de justo orgulho de toda a
população.


- Acesso : Passeio 25 de Abril, R. do Postigo (entrada para a
Torre de São Paulo pelo nº 15 - 17), R. Cardeal Saraiva, e R. da
Porta Nova (entrada para a Torre da cadeia)
- Protecção : IIP, Dec. nº 34 452, DG 59 de 20 Março 1945
- Enquadramento : Urbano, flanqueado, implantação harmónica.
As torres e troços da muralha classificada erguem-se na zona baixa da
vila, virada para o rio e tendo adossados dos 2 lados várias
construções.
- Descrição : Junto à R. do Postigo, ergue-se a torre de S.
Paulo, de planta quadrada, coberta por terraço e coroada por merlões;
gárgulas de canhão em cada uma das faces. Na face virada ao rio tem
painel de azulejos alusivo à Reconquista com datas de 1140 - 1940 e
na da R. do Postigo inscrição gótica ("Aqui chegou o rio pelo
risco"). No interior tem os buracos de apoio ao travejamento que
a dividia em andares. Desta torre parte troço de muralha, com adarve
entre os prédios que de um e do outro lado se lhe adossaram. É
interrompido pela R. Cardeal Saraiva, para logo continuar, depois de
um pequeno recanto, ainda um pouco além da torre da cadeia e da Porta
Nova. Esta torre, também quadrada, tem 3 registos, é coroada por
merlões piramidais e tem cobertura de telha em 4 águas. Tem virada
ao rio porta de arco quebrado e 2 janelas gradeadas sobrepostas; na
outra face, 2 janelas tendo sobre a verga da do 1º piso escudo de
Portugal e esfera armilar. Acesso por escada de pedra na face interna.
Porta Nova de arco quebrado encimada por adarve descontado na
espessura da muralha, que sobre ela é coroada por merlões
piramidais. Os outros troços de muralha conservam apenas algumas
fiadas de altura, como a que está integrada e à vista na oficina de
automóveis na R. Cândido da Cruz, ou só mesmo uma parte da sua
estrutura da base, como o troço no jardim da casa particular na R.
José D'Abreu Coutinho. As suas pedras foram, contudo, reaproveitadas,
entre outras coisas, na construção de muros como é bem visivel
desde a zona alta do Bairro da Pereiras até ao Lg. de São João,
onde se procurou seguir o antigo traçado das muralhas. Ainda que
bastante alterada, existe ainda o frontespício de alcáçar,
actualmente enquadrado por 2 torres quadrangulares, com janelas do
corpo central envolvidas por motivos decorativos e coroado por
merlões piramidais. A ele se liga pano de muralha e parte de um
cubelo, de planta quadrada.
- Utilização Inicial : Militar
- Época de Construção : Séc. 14 / 16
- Cronologia : 1125, 4 Mar. - Rainha D. Teresa funda Ponte de
Lima; 1359 - segundo inscrição, D. Pedro manda cercar a vila e fazer
as torres, renovando assim o sistema defensivo do tempo de D. Teresa;
1464 - D. Afonso V converte Ponte de Lima em senhorio hereditário de
D. Leonel de Lima, 1º Visconde de Cerveira; 1469 - o mesmo monarca
manda fazer castelo nas casas de D. Leonel de Lima; 1511 - conclusão
das obras na cadeia, que D. Manuel mandara fazer; 1771 - colocação
de Campanário na torre da Expectação ou de São Paulo, que ainda
conservava em 1895; 1787 - demolição das torres da Eira ou da
Carvalheira e a da Esgrima; 1807 - demolição da torre e porta do
castelo; 1815 - demolição da torre do Souto; 1818 - demolição da
torre da porta de Braga; 1857 - demolição da torre dos Grilos; 1867
- demolição do postigo e o nicho que o encimava foi arrematado pelo
Conselheiro João de Barros Mimoso e está na Quinta da Carcaveira;
séc. 19, finais - abertura de porta para as enxovias na torre da
cadeia.
- Tipologia : Arquitectura militar, gótica. Torres góticas de
planta quadrangular e com algumas modificações manuelinas, da antiga
muralha urbana.
- Caracteristicas Particulares : Constituía uma das poucas
vilas fortificadas de Portugal que incluia uma ponte no seu sistema
defensivo.
- Bibliografia : LEMOS, Miguel Roque dos Reis, Apontamentos
para as Memórias das Antiguidades de Ponte de Lima, s.l., 1873;
AURORA, Conde d', Roteiro da Ribeira Lima, Porto, 1959; FERNANDES, A.
de Almeida, Ponte de Lima na Alta Idade Média, sep. do Arquivo do
alto Minho, vol. 9, Viana do Castelo, 1960; s.a. Guia de Portugal,
vol. 4, Lisboa, 1965; REIS, António P. de Matos dos, Itenerários de
Ponte de Lima, Ponte de Lima, 1973; LEMOS, Miguel Roque dos Reys,
Anais Municipais de Ponte de Lima, Ponte de Lima, 1977; ALMEIDA, José
António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988.
- Intervenção Realizada : 1952 - Obras na muralha pela
Câmara Municipal e sem conhecimento da DGEMN: limpeza de um troço
que foi picado para eliminar camada de caiação e ajardinamento do
espaço fronteiro; 1972 - Em visita então efectuada verificou-se a
afixação de ferragens suportando uma lanterna, nos cunhais N. / E.
da torre de São Paulo e N. / O. da torre da cadeia; 1977 -
Desmoronamento do telhado, orçando a DGEMN a sua reconstrução em
300.000
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