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MEMÓRIA DO CASTELO DE ESTREMOZ
Reconhecendo a situação geoestratégica de Estre- moz, D. Afonso III deu-Ihe foral em Santarém, em 1259, ,Jundou e mandou po\(oa(,oCaste.J.o. O projecto do Castelo foi, certamente, desde logo associado ao da construção da Torre de Menagem, que se supõe ter sido obra de três reinados -D. Afonso IV, D. Pedro e D. Fernando, o que determinou a designação tradicional de «Torre das três Coroas», simbolizadas no remate marmórico do cunhal a nascente, no terraço superior. Alguns anos mais tarde, D. Dinis orden:ou a construção dasua residência e, por volta de 1281, enviou embaixadores a Aragão, com a missão de pedirem em casamento a Infanta D. Isabel, mais tarde Rainha e Santa. Em finais de Junho de 1336, Isabel. empenhada na defesa da harmonia familiar e da paz do reino, veio a Estremoz. Cansada de duas longas viagen~ (Compostela- -Coimbra I Coimbra-Estremoz) do peso dos anos e do calor sufocante, adoeceu gravemente. Apesar dos cuidados de seu filho e nora, do conhecimento dos físicos e da devoção dos frades de S. Francisco, O mal não cedeu e a rainha finou-se a 4 de Julho. A sua estada em Estremoz deu origem a várias lendas que resistem numa tradição de quase sete séculos. De entre elas, sobressai a dos pass~rinhos que, no bico, lhe levavam, sempre que caía, o novelo, enquanto bordava. Dos seus aposentos no Castelo, costumava seguir a missa, na pr&ça ba.i)Ça domostei(o de S.Francisco. O P;aço e o Ca~telo '<reflettiram» a angústia, in- qJi~taÇãge desespero dOs sé~s últimos cinco dias de vida, e ;.f~ram» testemuÀha dos funerais que decorreram breves"d!âs mais tardeí"no respeito rigoroso pelas suas disposiÇões testamentárias. «Casamentp e mortalha no céu se talha» -diria o povo de Estremoi ao despedir-se dela. Alguns anos mais tarde, foi de Estr~moz que seu fil..hQ partiu pa~a a gloriosa Batalh~po Salado, que pôs fim ao podêrjÍ!) áf~be ria Península,'àq:u.i regressando após o feito. E~iste qomo testemunho, a'bandeira de armas sobre o Port~1 do Paço da Audiência. Tãrrrpém!o'neto da Rainha Santa, amante da Linda Inês, ~scólheu este remanso para o seu desgosto de amor. Quando a morte o surpreendeu, encontrava-se no Paço de Estremoz, a este legando, segundo a tradição, o seu coração. D. Fernando e Leonor Teles escolheram o Paço/de Estremoz como esconderijo seguro para o Conde Andeiro que, por razões polfticas, se envolveram com Castela e In- glaterra. Reza a tradiçãoqueioi numa das salas da Torre de Menagem que começaram os seus amores adulterinos com a Rainha, enquanto o Rei dormia a sesta. O Paço de Estremoz'recebeu ainda LeonorTeles quando sua filha, D. Beatriz, casou com ,D. João 1, rei de Castela. Tempos depois, este centro' histórico foi abalado por acontecimentos relacionados com a crise de 1383/85, gue dividiu o povo e a nobreza. O Mestre d'Avis e D.'Nuno Alvares pereira reuniram-se em Estremoz para tratar de questões respeitantes à crise. Em 1436, D. João I convocou cortes para Estremoz com os grandes do Reino. Ainda nesse ano, D.Duarte encontrou'-se comD. Gomes, abade de Florença, que trazia a bula contra os infiéis'. solicitada no Concilio de Ferrara. Em 1474, corria o mês de Dezembro, também D. Afonso V reuniu cortes em Estremoz com os principais do Reino, para debater questões delicadas relacionadas com o testamento de Henrique IV de Castela e que se referiam a sua sobrinha, a princesa D. Joana. Em 23 de Dezembro de 1490 a princesa D. Isabel encontrou-se em Estremoz com o seu sogro e com o seu noivo. Uma vez que casara por procuração em Sevilha, decidiu-se repetir a cerimónia em Santa Maria do Castelo. É de tradição que foi nessa altura que, pela primeira vez, na Corte, homens e mulheres bailaram juntos. Foi aqui que D. Manuel promulgou a lei que permitiu retirar aos judeus os filhos menores de 14 anos. Em 1497, D. Manuel aqui regressou desta vez para se encontrar com Vasco da Gama e lhe entregar o comando da esquadra que o levará à índia. As senhoras de Estremoz bordaram um estandarte sob o qual Gama prestou juramento. Em 1659, por vontade de D.~ Luisa de Gusmão, foi criado o Oratório no Paço de Estremoz, no local onde falecera a Rainha Santa Isabel. ~Durante a primeira quinzena de Julho deste meSmo ano, o Paço recolheu o espólio da Batalha do Ameixial, ao qual se juntou, mais tarde, o de Montes Claros. A secretária de D. João da Áustria e a famosa tenda de Carlos V merecem particular atenção. Na manhã de 17 de Agosto de 1698, nas dependências do Paço que serviam como depósito de armas e de munições distritais, uma explosão, seguida de um incêndio, destruiu o ediffcio medieval e o seu valioso recheio, arruinando, também, toda a área do Castelo. Salvou-se apenas a Torre de Menagem. Entre 1738 e 1742, O.. João V mandou erguer, sobre as ruínas.. uma magnifica Sala de Armas, para 40 mil espécies, que segundo se escreveu, terá sidoa melhor do Reino., após o desaparecimento da do Paço da Ribeira, em 1755. Foi seu arquitecto Carlos António Andreis. Em 1808, exército francês do comando de Kellerman, saqueou todas essas p.reciosidades, já diminuidas pelas campanhas de 1762 e 1801. Não contente com o saque, incendiou o edifício, ateando fogo a barris de pólvora. O fogo porém, não progrediu, o que se atribui a um milagre da Rainha Santa. Em 27 de Julho de 1833, foram assassinados mais de 3 dezenas de liberais. A partir desta data e até aos anos 30, o edifício serviu para alojar unidades militares. A partir dos anos 50, fun- cionounele a escola industrial e comercial de Estremoz, até que, nos 60 sofreu profundas obras de beneficiação, sendo adaptado a Pousada.
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