O espaço correspondente ao actual
Concelho de Portel é o resultado de um
processo de evolução histórica com
raízes concretas na segunda metade do
século XIII. Anteriormente a esta data
desconhece-se a ocupação efectiva deste
espaço dado que, estudos
histórico-arqueológicos ainda não
realizados impedem o conhecimento
específico dos períodos compreendidos
entre a Pré-História e o início da
Reconquista Cristã. É um facto que na
área correspondente ao actual concelho
de Portel, abundam vestígios de outras
épocas, quer materiais quer toponímicos,
indicando que haveria espaços habitados,
explorados e de carácter religioso. No
entanto, algumas certezas históricas,
remetem-nos ao ano de 1257 quando D.
Afonso III, rei de Portugal desde 1248,
pretendendo agradecer os favores
prestados por D. João Peres de Aboim,
ordena ao Concelho de Évora e
posteriormente aos de Beja e Monsaraz, a
doação de várias terras que,
constituídas em herdamento, viriam a
integrar o novo termo de Portel.
D. João Peres de Aboim, conhecido
posteriormente por D. João de Portel, era
um nobre fidalgo oriundo do norte do País
(terras da Nóbrega) cuja amizade e
fidelidade ao rei promoveram a sua
ascensão social com o estatuto de
Rico-Homem e com a detenção de cargos
ilustres na estrutura militar e
administrativa do reino de entre os quais
se destacam os de Mordomo-mor e Tenente do
Alentejo e Évora. Vem a instalar-se
definitivamente nesta área após ter
obtido, em Outubro de 1261, autorização do
rei para construir castelo e fortaleza,
lançando assim os fundamentos da actual
Vila de Portel.
Por estes tempos faltavam ainda ao termo
Portel algumas terras junto a Amieira e
especialmente os "ricos barros" de
Monte-do-Trigo que D. João de Aboim se
apressou a adquirir quer por compra quer
por doação dos proprietários em troca de
protecção e segurança. Importa ainda
salientar que o espaço em estudo não
englobava também os lugares de Oriola de
Baixo (Nossa Senhora do Bomalbergue) e
Oriola de Cima (S. Bartolomeu do Outeiro)
por serem um Concelho à parte e que já
haviam sido doados por D. Afonso III, ao
seu Tesoureiro João Moniz.
Em 1 de Dezembro de 1262, D. João de Aboim
e sua mulher D. Marinha Afonso concederam
aos moradores da nova Vila de Portel Carta
de Foral com os foros e costumes da cidade
de Évora.
Falecido D. João de Aboim coube o termo de
Portel, em herança, a seu filho D. Pedro
Eanes que o veio a entregar a sua irmã D.
Maria Eanes. Esta e seu marido
trocaram-no, por outras terras, com o rei
D. Dinis que possuiu o senhorio da Vila de
Portel e castelo até 1318, doando-o,
posteriormente, a sua mulher Isabel de
Aragão. Na posse da coroa continuou
durante os reinados de D. Afonso IV, D.
Pedro e D. Fernando. Ainda no reinado do
Formoso recebeu-o, por doação, Gonçalo
Rodrigues de Sousa que se tornou senhor e
alcaide de Portel.
Durante a crise político-social que surgiu
em Portugal nos anos de 1383-1385 e
posteriormente às lutas que se travaram
pela ocupação do trono por D. João I, foi
o termo de Portel doado ao Contestável D.
Nuno Álvares Pereira. É, por intermédio de
seu neto, D. Fernando, 2º Duque de
Bragança, que o termo de Portel passou a
fazer parte do senhorio da Casa de
Bragança onde se manteve até ao advento do
Liberalismo.
Em 1 de Junho de 1510, D. Manuel reformou
os foros e costumes da Carta de Foral de
1262 concedendo a Portel Foral de Leitura
Nova, tratando-se também nele do reguengo
de Monte-do-Trigo e de Odivelas.
Os Duques de Bragança fundaram dentro do
castelo um palacete que servia de
residência sazonal especialmente quando
vinham caçar à sua coutada que abrangia
grande parte da serra de Portel