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A fundação de Lamego perde-se na noite dos
tempos. Presume-se que tenha sido fundada pelo povo de Lacão cerca
de 500a.C. e, posteriormente, destruída pelos romanos. O imperador
Trajano teria depois ordenado a sua reedificação, dando-lhe o nome
de Lameca. De romanizada "vila", Lamego subiu à categoria de
"civilas" (cidade) em fins do séc.IV; altura em que o cristianismo
já tinha sido profundamente absorvido por toda a população. A invasão dos povos bárbaros no século V cuja integração social e religiosa permitiu um desenvolvimento assinalável, seguiu-se a dos arábes que, após derrotarem os visigodos na batalha de Guadelete,que se apoderaram de grande parte da Península Ibérica . Em 910, pelas armas de Ordonho II, Lamego passa a pertencer ao seu reino da Galiza, mas por pouco tempo.Almansor, rei de Córdova, volta a torná-la mourisca, assim se conservando até 1037, data em que o rei de Leão a tomou, dando-a a sua folha Dona Teresa como prenda do seu casamento com o conde D. Henrique. Lamego nunca mais deixou de ser cristã, apesar de insistentes tentativas de assalto pelos mouros, muitos dos quais acabaram por se converter ao cristianismo. No pequeno burgo desenvolveu-se a ideia de independência, tendo desempenhado um importante papel na formação do novo reino, que verificou com a proclamação do rei dos Portugueses, D. Henrique. Pelo que Lamego representou durante a era afonsina, foi chamada Cidade-Coração de Portugal. Nos séculos XIV e XV, Lamego é já uma cidade florescente pelas suas fábricas de tecidos variados e por uma feira anual muito concorrida . Um certo definhamento comercial e o industrial no século XVI foi compensado com grandes empreendimentos, edificações, reconstrução de templos, obras de assistência, fontes, etc... A partir do século XVII o comércio da vinha progrediu bastante, condicionado à economia de Lamego daí para o futuro.A fisionomia da cidade sofreu várias alterações, mas a transformação do antigo burgo em ciade airosa e encantadora verificou-se já no início do século XX, graças ao Dr. Alfredo de Sousa que foi várias vezes presidente da câmara de Lamego e um incansável servidor da sua cidade. Embora tenha abrigado ao longo de séculos povos de costumes e religiões diversas, Lamego manteve sempre uma certa inflexibilidade religiosa jamais renegando o seu profundo espírito cristão. A testemunhá-lo, o grande número de igrejas, capelas e ermidas que se erguem na região . Entre outras, destaca-se a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, erigida no século XVII e que constitui um dos mais belos exemplares da arte sacra nacional. A Igreja de Santa Maria de Almacave, em estilo românico do século XII, foi alterada em várias reconstruções, mas conserva, de início, o pórtico e as entradas laterais. A Basílica de São Pedro de Balsemão foi construida entre os séculos VI e VII, em estilo visigótico, sendo restaurada em 1643, ano a que remonta a talha que a reveste interiormente. A Sé Catedral de Lamego foi levantada no século XII por iniciativa de D. Afonso Henriques, em estilo românico. Do primitivo templo, após as obras promovidas nos séculos XV, XVI e XVIII, ficou apenas a torre quadrangular, já que a fachada foi reformada nos séculos XV e XVI em estilo gótico com ressaibos ao renascença. O claustro foi construido em 1557, com arcos de volta inteira, divididos em quatro grupos, onde ficam as preciosas capelas de Santo António e São Nicolau, ambas de raro valor artístico. Com a reconstrução da parte interna, em estilo barroco, no século XVIII, a Sé chegou à actualidade com várias alterações também no aspecto exterior. O Castelo de Lamego, com a respectiva torre de homenagem, é edificação, em estilo românico, do século XII. De todo o monumental conjunto, há a destacar a muralha, desprovida de ameias, executada pelos árabes no século XI, e ainda a cisterna, admirável e única no país, que se admite ter sido também obra dos mouros. Foi no Bairro do castelo que se levantou a primeira Igreja cristã de Lamego, dedicada a São Salvador. Com a sua altaneira torre de menagem, o Castelo serviu sempre de "ex-libris" da cidade. Em Lamego sobressaem os brasões e consequentemente, os seus solares foram construidos em grande número nos séculos XVII e XVIII. Por toda a parte se vêm as mais diferentes pedras-de-armas, sejam propriedades de famílias de nobre estirpe.Entre os mais famosos solares está a graciosa Casa das Brolhas, com adornos talhados em granito, que constitui um monumento de arquitectura rococó.Muitos outros palacetes se encontram esparsos pela cidade, como o Mores, o Espírito Santo, a Casa do Poço, o Pinheiros de Aragão ou a Casa de almacave. Um dos locais mais belos da cidade é, no entanto, o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, com o seu imponente escadório, envolvido por árvores, lagos e fontes de água cristalina . A actual Igreja começou a ser construida em 1750 e foi conluída em 1761, em estilo barroco e corpo de uma só nave.A Capela-Mor é abobada de granito, pedra em que todo o templo foi erigido. O Museu de Lamego, cujo edifício foi Paço Episcopal até 1917, apresenta um recheio inestimável, donde se salientam cinco pinturas do mestre Grão-Vasco, além de obras de Batoni, Abel Salazar, Francisco Resende e Ayres Ferreira .Podem-se também ver tapeçarias flamengas do século XVI, esculturas arte sacra, mobiliário, cerâmica e achados arqueológicos. Lamego é uma cidade impregnada de história, onde ainda se sente a presença de épocas remotas: vestígios da ocupação romana e do domínio visigótico, construções erguidas por árabes ou cristãos, edifícios Afonsinos de expressão Românica ou templos quinhentistas, monumentos filiados no gótico, no renascença ou no barroco.Além de uma enorme variedade de estilos arqitectónicos a cidade guarda também um sem número de preciosidade artistíscas. Mas Lamego é também uma cidade de cor e magia, rodeada de colinas graciosas e paisagens de contrastes. Por altura das vindimas, a região de Lamego enche-se de cantigas e sorrisos, numa manifestação de alegria ímpar ao longo do ano.Bandas de música tocam pelas ruas, organizam-se corridas de jericos, fazem-se festividades em honra de Nª Sª dos Meninos, procissões de lanternas, romarias dedicadas a Nª Sª dos Remédios, no cumprimento de um aparatoso ritual de tradições. E rica a gastronomia lamecense, sendo famosas as suas bolas de carne, o seu presunto e a doçaria variada. É também aqui que se encontra a vinha, disseminada pelas encostas do Douro, que dá um dos melhores vinhos do mundo:o Porto. Lamego é um manacial artístico e trono de fantasia, um recanto de beleza plena que faz ao título de cidade-coração de Portugal. http://www.alunos.utad.pt/~al10080/index3.htm
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