Arqueólogo afirma ter encontrado uma gruta de S. João
Baptista Shimon Gibson, arqueólogo bri-
tânico, afirma que descobriu uma gruta em que João
Baptista baptizava os seus discípulos. A gruta em
questão fica situada nas montanhas a nordeste de
Jerusalém. Para Gibson, esta descoberta constitui «a
primeira prova arqueológica da realidade histórica do
que vem contado nos Evangelhos».
O arqueólogo passou três anos, entre 2000 e 2003, a
fazer escavações no local, com o apoio de universidade
americana de Charlotte (Carolina do Norte), tendo
entretanto publicado um livro intitulado A Gruta de
João Baptista.
Em conversa com Jacques Pinto, jornalista da AFP, Gibson
salientou que a gruta está situada perto do kibutz
Tzouba, «a uma hora de caminho, de burro, de Ein Kerem,
a aldeia onde, segundo a tradição cristã, nasceu João
Baptista». A gruta foi escavada no flanco da montanha,
numa região coberta por pinheiros, junto de um vale onde
o kibutz tem um olival. Foram precisamente os
membros dessa comunidade que, em 1999, alertaram o
arqueólogo para a existência da gruta, oculta desde há
séculos por espessa vegetação. E Shimon Gibson, que
percorre Israel desde 1975, conseguiu entrar na gruta,
atrvés de um orifício. Descobriu então, gravados nas
paredes de rocha calcária, uma imagem de João Baptista
com uma veste de pelo de camelo (tal como parece
descrito no Evangelho de Mateus), cruzes e o desenho
rudimentar de uma cabeça decapitada, ilustrando o fim
trágico dessa personagem contemporânea de Jesus. Sob a
imagem que representa João Baptista consegue-se
distinguir um pequeno nicho que devia conter uma
relíquia.
«Estes desenhos foram feitos por monges bizantinos que
se reuniam na gruta para lembrar a história de João
Baptista. Mais tarde, os iconoclastas tentaram apagá-
-los, raspando-os, nomeadamente os olhos de João
Baptista», salientou Shimon Gibson.
Dentro da gruta, que tem 24 metros de comprimento,
quatro de largura e 4,5 de altura, vêem-se oito degraus
imponentes, talhados na rocha, que conduzem a uma grande
piscina rectangular.
«A sua utilização para rituais de imersão remonta à
Idade do Ferro, à época dos reis da Judeia», afirma o
arqueólogo. «Encontrámos lá dentro dezenas de milhares
de fragmentos de argila, cuja datação mostrou que eram
da época de João Baptista. Contrariamente aos rituais de
imersão praticados na religião judaica, que são
individuais e têm a ver com a purificação do corpo, os
que praticavam os discípulos de João Baptista eram
colectivos e procuravam a purificação dos corações»,
refere.
Esta gruta , depois de restaurada, deverá abrir ao
público em 2005. |