Atrair
mais visitantes à Citânia de Briteiros através da
Internet O projecto já remonta a 1999, mas
só agora foi possível concretizá-lo. Através de uma
parceria, constituída pela unidade cultural Casa de
Sarmento e que envolve a Universidade do Minho, a
Sociedade Martins Sarmento e a Câmara Municipal de
Guimarães, desencadeou-se uma campanha de valorização da
cultura castreja, que assim ganha nova projecção no
ciberespaço.
A par da abertura, em 2003, do Museu da Cultura Castreja
(no Solar da Ponte, em Briteiros, Guimarães), foi
desenvolvido um programa que permite visitar, com um
simples click, um dos mais célebres arqueossítios
portugueses.
O objectivo passa por atrair mais visitantes à Citânia
de Briteiros. O percurso virtual entrou em funcionamento
este fim-de-semana e está disponível através do site
da Casa de Sarmento (em www.csarmento.uminho.pt).
Basicamente, o percurso, constituído por 18 pontos
estratégicos, mantém o trajecto real e segue a estrutura
organizada do povoado castrejo. É feito com base em
fotografias reais que permitem ao utilizador uma
perspectiva angular da paisagem, para além de
disponibilizar uma espécie de guia com vários níveis de
informação de acordo com os interesses do visitante. São
ainda possíveis observações apoiadas com fotografia
aérea e que possibilitam uma perspectiva panorâmica de
todo o castro.
A visita virtual é, como referem os responsáveis pelo
projecto, «um processo em construção» e vai ser alvo de
melhoramentos sucessivos, nomeadamente com a inserção de
mais textos e imagens.
Todos anos, cerca de vinte mil pessoas, na sua maioria
estudantes portugueses e espanhóis, com menos de 15
anos, visitam a Citânia de Briteiros. Com esta «porta
aberta» na Internet, é bem provável que este número
dispare. É, pelo menos, essa a convicção do presidente
da Sociedade Martins Sarmento, João Amaro das Neves.
«Aquilo que o visitante encontra no site é a
possibilidade de, tal como se estivesse na Citânia de
Briteiros, fazer o percurso, mas com muito mais
informação», sublinha aquele responsável.
Esta iniciativa ocorre em simultâneo com a inauguração
de uma nova casa-abrigo para acolhimento dos visitantes
da Citânia. Esta valência, um projecto que envolveu um
investimento de meio milhão de euros, comparticipado
pelo Pronorte, ao abrigo de fundos comunitários, vai
redimensionar a projecção do castro.
A sua proximidade ao recentemente inaugurado Museu da
Cultura Castreja está, também equacionada. «A nossa
ideia é juntar estas duas valências, mais o museu em
Guimarães e aquilo que já está na Internet e vender um
pacote que permita divulgar, de um modo orgânico, estas
estruturas», disse ao DN João Amaro das Neves.
A casa-abrigo, em modelo arquitectónico moderno e
minimalista, dispõe de recepção, cafetaria e loja, para
além de proporcionar o desfrute duma paisagem invejável.
A Citânia de Briteiros, descoberta há 130 anos pelo
arqueólogo Martins Sarmento, foi, no século XIX, um
achado revolucionário que atraiu a atenção dos
arqueólogos germânicos e nórdicos. A sua integração num
projecto de candidatura à lista de Património da
Humanidade da UNESCO está a ser ponderada, uma
possibilidade que envolveria, para além deste sítio,
vários outros locais do circuito castrejo do Noroeste
Peninsular.
Em declarações ao DN, o delegado regional do Norte do
Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)
considerou que esta não é uma prioridade para um espaço
como a Citânia. Segundo Lino Tavares Dias, «estas peças
patrimoniais têm o seu peso e o seu valor e, se forem
bem dimensionadas e dinamizadas, elas, por si só, valem
no conjunto do Noroeste».
Em termos de imagem, uma eventual classificação do
castro de Briteiros viria a reforçar a importância de
Guimarães para o Património Mundial, uma vez que o
centro histórico da cidade-berço já faz parte da lista
da UNESCO desde o ano 2000. |