Vende-se: Gruta Pré-histórica, Um Milhão de
Euros
Por MARCO CARVALHO
Segunda-feira, 09 de Fevereiro de 2004
Há quem venda a casa de campo ou o apartamento, há
quem venda a vivenda ou o bungalow e há mesmo quem venda
a gruta pré-histórica. O exemplo vem de França, onde
Ernest Paluzzano, um agricultor francês de 76 anos
decidiu colocar à venda, por um milhão de euros, um
santuário pré-histórico ornamentado com meia dúzia de
gravuras rupestres.
Paluzzano, que é desde 1952 o proprietário da gruta
pré-histórica de Saint-Cirq-du-Bugue, localidade da
região francesa da Dordonha, afirma sentir um aperto no
coração desde que, há meia dúzia de dias, se decidiu a
abrir mão da "gruta do feiticeiro", assim chamada porque
entre os vestígios ali descobertos se encontra uma
figura de aspecto antropomórfico designada como "o
feiticeiro de Saint Cirq".
Para além da gravura do humanóide, estão ainda
representados nas paredes da gruta cavalos, bisontes e
outras figuras datadas do fim do Magdaleniano, há cerca
de 17 mil anos.
Paluzzano, que colocou o santuário pré-histórico à
venda por reconhecer que a idade já pesa, foi também
durante as últimas cinco décadas o guia dos milhares de
turistas que, sobretudo no Verão, visitam a gruta de
Saint Cirq: "Num ano recebi aqui mais de 15 mil
visitantes", afirmou o antigo agricultor à AFP.
Depois da visita, que por quatro euros dura uma
vintena de minutos, o agricultor - agora reformado -
conduz os interessados a um pequeno museu onde, para
além de estarem expostas reproduções das gravuras,
existem dezenas de silex e de fósseis encontrados na
gruta, assim como uma inesperada colecção de moedas e
notas vindas um pouco de todo o mundo.
O milhão de dólares que Palluzano pede pela "gruta do
feiticeiro" - uma soma qualificada por alguns
arqueólogos como exorbitante e sem fundamento - inclui a
gruta, o museu e uma vivenda: "Não é um preço exagerado
porque locais como este não se encontras em lado
nenhum", defende o agricultor. Ainda assim, o principal
argumento de venda é um só: a figuração humana é rara no
contexto da arte parietal característica do período
magdaleniano.
Paluzzano diz já ter recebido numerosas propostas de
potenciais compradores, mas reconhece que a única com
alguma seriedade foi a realizada por um cidadão
britânico proprietário de uma residência na região.
A Dordonha, região do sul de França localizada entre
Bordéus e Toulouse, é das mais ricas regiões da Europa
em manifestações de arte rupestre: para além de
Sain-Cirq-du-Bugue e da mundialmente famosa gruta de
Lascaux, é possível ainda visitar na região o sítio
arqueológico de Les Eyzies, considerado por muitos como
a capital pré-histórica da França.
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