O Instituto Português do Património
Arquitectónico (Ippar) está a preparar uma
intervenção na península de Tróia, visando
recuperar as salgas romanas, onde se faziam
conservas de peixe, uma basílica
paleocristã, uma capela, uma necrópole e um
mausoléu do século IV. A notícia é avançada
ao DN pela própria autarquia.
Este património arqueológico, que os
especialista classificam como sendo do mais
importante do género que existe em Portugal
- teria sido o maior local de conserva de
produtos do mar da Península Ibérica - ,tem
estado ao abandono, o que explica o cenário
de vandalismo que caracteriza hoje as
designadas «ruínas de Tróia». Durante anos a
fio, eram os próprios guardas, que habitavam
próximo do local, que zelavam pela sua
salvaguarda, mas há algum tempo que os
vestígios, todos à vista, foram votados ao
completo abandono.
«Aquilo é uma relíquia, uma das nossas
maiores riquezas, com uns frescos
fantásticos. Nem se preserva, nem há
manutenção, nem se promove o turismo na
arqueologia. É inconcebível», lamenta o
presidente da Câmara de Grândola, Carlos
Beato, admitindo que a recente informação
que dá conta da intervenção do Ippar no
local «se saúda, embora seja tardia». Os
terrenos onde as ruínas estão localizadas
pertencem à Imoreia/Torralta, uma sociedade
do grupo Sonae, que celebrou um protocolo
com o Ippar, visando a preservação do
complexo histórico e cultural.
O autarca Carlos Beato dá ainda especial
ênfase à localização dos vestígios,
justamente entre o rio Sado e a Caldeira, em
pleno centro da península de Tróia,
adjectivando de «enorme pena, para não dizer
uma grande maldade, que não se olhe para
aquilo com os olhos que aquele património
merece».
Num requerimento enviado há meses pela
deputada Maria Santos ao Ministério da
Cultura, então tutelado por Pedro Roseta, a
parlamentar questionava quais as acções já
tomadas pela sociedade do grupo Sonae e
quando estarão abertas ao público as ruínas
de Tróia. Fonte da Ippar confirma que a
resposta não deverá tardar muito mais tempo.
pw.em qualquer país que se prese era uma
mina turistica