Castro de Monte
Mozinho vai ser transformado em pólo
turístico
ALFREDO TEIXEIRA Os achados
arqueológicos de Monte Mozinho, em Penafiel,
são conhecidos há cerca de 30 anos mas só
agora a autarquia quer fazer deste local
histórico do concelho um ponto turístico.
Dos cerca de 22 hectares de área onde se
encontram vestígios de um castro povoado
entre os séculos I e IV, apenas quatro
hectares estão a descoberto. Em Novembro,
será inaugurado um conjunto de equipamentos
de apoio aos visitantes: um centro
interpretativo com algumas peças recolhidas
nas escavações e computadores, uma casa do
guarda, laboratórios e locais de estada para
arqueólogos.
Esta ideia da Câmara de Penafiel em
rentabilizar um achado arqueológico com
alguns anos surgiu há cerca de um mês,
depois da realização de um simpósio de
escultura. Foram convidados vários artistas
nacionais e disponibilizadas 32 toneladas de
granito. Feitas as esculturas pensou-se no
castro para albergar as criações resultantes
daquele evento. Quando se construiu a
plataforma para a colocação de uma das
esculturas foram descobertas cerca de 60
sepulturas e artefactos da era da
romanização.
A vontade agora é valorizar toda a
intervenção que desde há alguns anos vinha a
ser feita em Monte Mozinho e que ascende já
aos 300 mil euros. Estão a ser rasgados
caminhos de acesso aos castros, criadas
zonas de observação da natureza, de
requalificação vegetal e introduzida
sinalética. O local integra também uma rede
arqueológica de castros, contribuindo para a
formação de especialistas e guias, definindo
rotas turísticas em volta dos referidos
monumentos. Monte Mozinho faz parte do
projecto Rota dos Castros e verracos
na Fronteira Hispano-Lusa, um projecto
transfronteiriço que integra os municípios
de Penafiel, Miranda do Douro, Mogadouro,
Ávila e Salamanca.
O castro de Monte Mozinho situa-se nas
freguesias de Oldrões e Galegos e é um
povoado fortificado em altura que ocupa um
cabeço destacado da serra, com 408 metros de
altitude. Foi estabelecido pouco depois de
terminada a conquista romana da região, no
tempo do imperador Augusto. É constituído
por três circuitos de muralhas, no interior
das quais se distribuem inúmeras unidades
residenciais, casas-pátios, caracterizadas
pelas suas construções circulares, recantos
fechados, pátios centrais lajeados e muros
delimitadores fechados por portões e
cancelos. Vestígios de uma ocupação que vai
do século I ao século IV.
Os achados mais recentes - os sarcófagos
junto ao futuro centro interpretativo -
serão tapados com terra. De acordo com
Teresa Pires Carvalho, responsável pelas
escavações, os elementos recolhidos no local
são pouco relevantes. Os arqueólogos
preferem tapar o local, abrindo assim
hipótese a futuras prospecções. Para já, o
importante é dar a imagem de um todo,
nomeadamente colocando a descoberto a
muralha que delimitava o povoamento.
Descobriram um tesouro com 1500 moedas e a
fase seguinte é localizar o local do castro
que era reservado aos banhos (edifícios
geralmente mais elaborados). «Este é um
trabalho de gerações e tem de ser feito
devagar porque no fundo escavar também é
destruir», afirmou ao DN Teresa Pires
Carvalho que nas escavações conta com o
apoio da população local, quase na sua
totalidade agricultores.
Monte Mozinho começa a ser conhecido e,
todos os anos, multidões de alunos visitam o
local. Alunos de vários graus de ensino que
se deslocam a Penafiel para visitar um dos
castros mais bem preservado do País. A
partir de Novembro terá melhores condições
para receber os visitantes. No centro
interpretativo haverá um bar de apoio ao
visitante e, em breve, será rasgada uma
estrada e construído um parque de
estacionamento junto ao castro.