O Conselho de
Antiguidades do Egipto não lhes deu
autorização para verificar a sua teoria, mas
dois egiptólogos amadores franceses afirmam
que o túmulo do faraó Quéops, cuja múmia
nunca foi descoberta, deve estar numa câmara
secreta da maior pirâmide de Gizé. A
«descoberta», baseada em 17 anos de trabalho
de campo e no estudo estrutural, será
revelada ao pormenor no livro La Chambre
de Chéops, Analyse Architecturale (ed.
Fayard), com lançamento em França na próxima
quarta-feira.
De acordo com o jornal Libération,
Gilles Dormion (técnico num atelier
de arquitectura) e Jean-Yves Verd'hurt
(agente imobiliário e financiador das
expedições) - os mesmos que, em 2000,
revelaram a existência de duas câmaras
desconhecidas na pirâmide de Meidoum -
detectaram anomalias de construção na grande
pirâmide de Quéops, que tem 147 metros de
altura e um volume de 2,3 milhões de metros
cúbicos, túmulo do segundo faraó da IV
Dinastia. Uma teoria que tem suscitado
críticas (se a múmia não foi encontrada é
porque está num local secreto, dizem), mas
que conta com o apoio de Jean-Pierre
Cortegianni, Nicolas Grimal e Michel
Vallogia, egiptólogos de renome.
Questionando-se por que razão havia três
câmaras - a primeira, inacabada; a «da
Rainha», aberta e com acesso por um corredor
horizontal; e a «do Rei», mais alta e vedada
com grades -, os dois investigadores
descobriram que, na câmara real, os blocos
de 50 toneladas apresentam fissuras. Ou
seja, durante a construção a estrutura
vacilou, revelando-se inadequada.
Em 1986, Gilles Dormion fez testes de
microgravimetria na «câmara da Rainha» e
concluiu que numa parte do corredor a
densidade era anormal (mais tarde, uma
equipa japonesa confirmou-o com um radar). A
existência de um nicho em forma de varanda e
vestígios de um antigo pavimento de lajes
levantaram suspeitas. Em 2000, Dormion
verificou, com georadares, que no nível
inferior há uma cavidade que pode ser a
câmara do faraó.
«Seria a maior descoberta desde Champollion.
Tutankamon era um pequeno rei comparado [com
Quéops]», defende Nicolas Grimal.