INDEX
APENDICE:
ALDEIAS
FOTOS
MAPAS
TEMPLÁRIOS
MONUMENTOS NACIONAIS
GLOSSÁRIO
FORTES E FORTALEZAS:
S. João Baptista
S.Neutel
Forte de Crismina
S.Francisco
Forte de Santa Catarina
Fortaleza Ponta da Bandeira
Torre da Medronheira
Fortaleza de Nossa Senhora da Luz
Portugal no mundo:
FORTES E FORTALEZAS
Fortalezas de Portugal
CASTELOS DO MUNDO
BRASIL
Discover the castles of the Algarve
THE LIBRARY OF IBERIAN
RESOURCES ONLINE
A SOCIETY ORGANIZED FOR WAR
MY CASTLE WEB RING
|
|
Porto do Capim guarda
tesouro arqueológico
O lugar onde tudo começou
passa despercebido para a
maioria dos pessoenses que
transitam diariamente pelo
bairro do Varadouro, em João
Pessoa. Hoje, boa parte do
manguezal que beira o Rio
Paraíba é encoberto por casas,
barracos, oficinas e lojas
comerciais na região da Cidade
Baixa. Com isso, pouca gente
pode imaginar que o início da
história da capital aconteceu
ali, bem perto e praticamente
esquecido entre outros pontos
turísticos mais famosos e
visitados da cidade.
Provavelmente, poucos pessoenses
sabem também que o que é hoje o
chamado Porto do Capim foi um
dos primeiros e mais importantes
pontos de defesa dos portugueses
quando aqui chegaram. Um dos
fortes mais importantes na
história da colonização da
cidade foi erguido no local para
defender as terras dos ataques
dos índios e também de outros
invasores, como os franceses.
|
|
|
Terras conquistadas depois de muito
esforço e de várias expedições dos
portugueses que vieram de
Pernambuco, explica o pesquisador
Guilherme d’Avila Lins, que estuda o
período colonial brasileiro há mais
de 40 anos e também é membro do
Instituto Histórico e Geográfico da
Paraíba (IHGP). Ele lembra que havia
os índios tabajaras, que se
instalaram na margem direita do Rio
Paraíba; os potiguaras, mais
valentes e numerosos na margem
esquerda; os portugueses, ansiosos
por se instalarem nas terras
próximas ao Paraíba; e ainda os
franceses, que andavam por aqui
levando pau-brasil. “O dia 5 de
agosto, por exemplo, foi o dia em
que uma expedição vinda de
Pernambuco conseguiu firmar uma
aliança com os tabajaras. O dia 5,
na verdade, foi o dia das pazes. Só
no dia 29 de outubro é que chegou
uma outra expedição liderada pelo
ouvidor-geral Martim Leitão”,
explica o pesquisador.
Só assim, diz ele, é que no dia
4 de novembro de 1585, os
portugueses começaram a construir um
dos fortes que seria um dos
principais pontos de defesa interna
do início da colonização da futura
cidade, o fortim que seria chamado o
Forte do Varadouro. Ou seja, onde
tudo começou e onde hoje está o
Porto do Capim. Assim, a data de
fundação da cidade, completa,
deveria ser, na verdade, 4 de
novembro e não 5 de agosto.
O
pesquisador Guilherme d’Ávila Lins
explica que no local onde foi
construído o Forte do Varadouro já
existia praticamente um cais natural
desenhado pela natureza. “O lugar
fica mais ou menos em frente à
antiga capela onde hoje existe a
Igreja São Pedro Gonçalves. Na
época, o cais podia receber
caravelas de até 60 toneladas, ou
tonéis como eram chamados. Hoje,
essa possibilidade não existe mais”,
ressalta o pesquisador. “O dia 4 de
novembro, por exemplo, foi o dia em
que o mato começou a ser roçado e
foi traçado o forte”, completa.
O Forte do Varadouro foi
construído com estrutura de madeira.
Os cunhais eram de pedra e cal e
ostras batidas foram utilizadas para
fazer a argamassa, conta o
pesquisador. Em forma de quadrado, o
fortim tinha as costas para o rio e
parte da frente para a colina. “Essa
posição era exatamente para defender
a cidade do inimigo que poderia vir
de frente. O forte também tinha duas
guaritas e uma torre instalada em
cima, onde era a casa de comando,
que tinha duas varandas”, diz
Guilherme d´Ávila Lins. Antes mesmo
do final daquele ano de 1585,
completa, o forte já estava
praticamente pronto, restando apenas
a torre para o capitão e o
almoxarifado “que, na época, tinha a
função não só de guardar a munição
de boca, como a de guerra”.
Forte construído, os
colonizadores chegavam à Paraíba com
três objetivos definidos, lembra o
pesquisador. A idéia era expulsar os
franceses da região, reduzir os
índios e fazer a colonização. Não
foi tão fácil assim. Martim Leitão
voltou para Pernambuco deixando aqui
o capitão do forte, João Tavares,
com mais 35 homens e provimentos
para quatro meses. Depois, o forte
foi abandonado por um outro capitão,
dessa vez espanhol, que teria
assumido o comando do forte e não
estaria suportando a ameaça de
possíveis ataques indígenas.
Martim Leitão voltou à Paraíba
em 23 de dezembro de 1586 para
realmente consolidar a colonização.
Antes disso, pegou seus homens e foi
combater os potiguaras. Trouxe
pessoas para colonizar a cidade. Uma
das primeiras construções foi a de
um engenho de açúcar, o Engenho Del
Rey. O pesquisador Guilherme d´Ávila
Lins explica que isso não
significava, necessariamente, que a
Coroa Real tinha interesses em
investir na cultura do açúcar, mas,
sim, que a construção do engenho era
uma maneira de atrair novos
investidores.
Foi assim que João Pessoa,
enfim, começou a ser idealizada. O
Forte do Varadouro foi, por exemplo,
espaço de defesa contra invasores e
residência dos próprios governadores
durante algum tempo, conta o
pesquisador, como João Tavares,
Frutuoso Barbosa, André de
Albuquerque , Feliciano Coelho de
Carvalho e Francisco de Sousa
Pereira. Outras primeiras
construções subiram a colina. A Casa
da Câmara, por exemplo, foi
instalada, mais ou menos, na altura
da chamada Rua Nova (hoje Getúlio
Vargas), e a Igreja Matriz erguida
onde está a Catedral Nossa Senhora
das Neves.
A partir de
1599, o Forte do Varadouro foi
perdendo sua importância para a
colonização da cidade. “Nesse ano,
os potiguaras já estavam vencidos e
ele deixou de ter seu maior objetivo,
que era o de defesa”, reforça
Guilherme d’ Ávila Lins. Além disso,
conta ele, outros pequenos fortes de
defesa foram construídos próximos
aos engenhos que foram instalados
nas margens direita e esquerda do
Rio Paraíba, como o Engenho Del Rey,
o Tibiri de Cima e Engenho Santo
André.
Em 1605 já não há mais registros
que relatem a existência do forte.
Em 1609, documento escrito por Diogo
de Campos Moreno já relata que fora
construído no lugar a morada dos
governadores da Capitania.
Conta o pesquisador que
existiram outras idéias de
reconstruir um forte no local, até
mesmo para defesa dos holandeses,
que tinham entrado em Pernambuco.
“No século XVIII, por exemplo, o
então governador Pedro Monteiro de
Macedo tentou criar uma cidadela no
local para defender a cidade, mas
não obteve êxito”, conclui o
pesquisador.
PROJETO
Com tantos anos de pesquisa
sobre a colonização da Paraíba e
sobre os fortes que foram instalados
às margens dos rios da cidade, o
pesquisador Guilherme d’Ávila Lins
pretende apresentar um projeto para
que a cidade possa aproveitar melhor
a região do Porto do Capim e o
bairro do Varadouro no roteiro
turístico da capital. “A nossa idéia
é um projeto de revitalização que
aproveite melhor o Centro Histórico
e se estenda à Ilha da Restinga e
Forte de Cabedelo”, diz ele, que faz
questão de lembrar toda a
bibliografia utilizada como base
para seus estudos e para a
entrevista concedida ao JORNAL DA
PARAÍBA. Na lista: O Sumário das
Armadas – 1594; A Narrativa de
Custódia de Santo Antônio, de Frei
Manoel - 1621; A Correspondência do
Governador Geral Diogo Botelho -
1608; A Relação das Praças e Fortes
- 1609; Livro da Razão do Estado do
Brasil – 1612; Relação Ambrósio de
Siqueira; Diálogo de Grandeza do
Brasil; e ainda, Livro do Tombo do
Mosteiro de São Bento da Paraíba.
O pesquisador Guilherme d’Avila
Lins também é médico, professor
emérito da Universidade Federal da
Paraíba e sócio-correspondente das
seguintes instituições: Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande
do Norte; Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico de
Pernambuco; Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas; e ainda, do
Instituto Histórico e Geográfico de
São Paulo.
http://jornaldaparaiba.globo.com
|
|