O "CSI da História" está em Évora
Laboratório HERCULES é único no panorama académico português

“É um bocadinho como o CSI [a série de televisão Crime Scene Investigation]. O CSI quer saber quem morreu e como morreu. Aqui, é saber quem fez e como fez a peça ou artefacto”, explicou à Agência Lusa Cristina Dias, uma das responsáveis pela estrutura laboratorial.
A unidade reúne técnicos e especialistas em conservação e património, assim como cientistas de diversas áreas (químicos, geólogos, bioquímicos, geoquímicos, conservadores restauradores, historiadores e arqueólogos), trabalhando também em rede com o Laboratório de Conservação e Restauro José de Figueiredo, do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), e com unidades de investigação de referência, nacionais de estrangeiras.
Com
excepção do Laboratório José de Figueiredo, o
HERCULES, realçou Cristina Dias, é o que faz
estudos mais abrangentes e completos na área do
património. “Há departamentos dentro das
universidades que têm estudos de conservação e
restauro, em Lisboa e no Porto, mas não têm esta
abrangência. Têm laboratórios que servem para
aulas e investigação, mas esta é única no país
enquanto unidade diferenciada”,
sublinhou.
A missão é desvendar o segredo de obras de arte
e de bens patrimoniais, procurando saber como e
quando foram feitos, por quê e por quem e ainda
como se podem preservar, com recurso “à
investigação multidisciplinar e a meios
analíticos sofisticados”.

Uma “mais-valia”, não apenas para a Universidade de Évora, ao nível da investigação e do conhecimento teórico que possibilita, mas também em termos práticos, em estreita ligação com as empresas de conservação e restauro, que solicitam as realização de análises, frisou a professora universitária.
“É importante saber quais os materiais de uma peça, para se poder utilizar uma coisa compatível na conservação e restauro”, afirmou, explicando que, muitas vezes, quando não existem “estes cuidados”, os materiais que se “põem no artefacto vão reagir com o que já lá estava”, o que acaba por causar “mais problemas” do que antes.
O HERCULES resulta de um investimento superior a dois milhões de euros, tendo as suas bases sido criadas graças a um mecanismo de financiamento (EEAGrants) proveniente da Noruega, Islândia e Liechtenstein.