COMISSÕES MILITARES
PERMANENTES
Qualquer Oficial-General ou Brigadeiro
podia estar destacadas nestas Comissões, neste
sentido, tinham ainda os seguintes distintivos:
CONSELHEIRO DE GUERRA
Alem dos bordados das respectivas patentes, a farda
em cada uma das folhas dianteiras das mangas tinha
seis casas bordadas a fio de ouro, duas a duas,
colocadas entre o canhão e o cotovelo, em
forma de ângulo, com o vértice virado
para baixo, em forma de "V" e um botão
do padrão da farda na união dos dois
bordados, isto é, no vértice, conforme
se vê na fig. 49.
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Tenente General - observe no braço o distintivo
de Conselheiro
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INSPECTOR
Utilizam como distintivo no ombro esquerdo uma dragona,
que no lugar de canutilhos ou da franja competente,
tinha três galões de fio de ouro entrançados
e que desciam, sensivelmente, até meia distância
do ombro ao cotovelo, terminando, cada galão
por uma borla achatada nas pontas, tudo como se vê
na fig. 50.
GOVERNADOR DE PRAÇA
Utilizavam os distintivos e bordados que lhes competia
sem outro qualquer sinal.
COMANDANTE DE CORPO
Utilizava as fardas iguais às dos respectivos
Corpos que comandava, tendo nos canhões das mangas
o bordado da respectiva patente.
Observação:
Ao comparar os bordados do Plano de Uniformes de 19
de Maio de 1806 e alguns bordados da época, nota-se
que existem algumas diferenças de pormenor, o
que é bastante natural em virtude de os bordados
serem executados por mestres artesão diferentes
e de locais distintos, daí ser muito normal o
desenho das ramagens serem semelhantes e não
totalmente iguais.
Ao observar-se os bordados das figuras
respeitante ao Marechal-General, nota-se que os bordados
do uniforme apresentado, são diferentes dos do
Plano de Uniformes, por exemplo: as distâncias
entre botões e entre carcelas são diferentes,
assim como essa distância tem menos ramagens e
a volta que o ramo dá, junto às carcelas,
não é igual, pois numa é dada por
baixo e a outra por cima, etc.
EQUIPAMENTO DOS CAVALOS
Os Generais e Brigadeiros utilizavam
nas suas montadas arreios com ferragem amarela ou dourada;
capeladas, xaireis ou mantas de pano azul ferrete guarnecidos
com os galões e dispostos conforme o que tinha
sido regulamentado pelo Decreto de 27 de Abril de 1761.
Este documento poderá tornar-se um pouco confuso,
porque nos indica os postos do Exército e da
Marinha, além de alguns que entretanto foram
extintos.
Contudo nota-se uma curiosa preocupação
em manter a tradição que era a seguinte:
como se sabe, no Plano de Uniformes de 19 de Maio de
1806 foram introduzidas alterações em
todos os distintivos, ou por outras palavras, foram
devidamente regulamentados, organizados e definidas
as diversas graduações desde Marechal-
-General até ao Anspeçada, contudo aos
Oficiais Generais, talvez por tradição,
mantiveram-se os antigos distintivos das suas patentes
nas mantas e xaireis dos cavalos. Infelizmente o Decreto
não nos indica em muitos casos as larguras e
não tem o desenho dos modelos. Estes galões
eram colocados em toda a volta das mantas ou xaireis.
MARECHAL-GENERAL E MARECHAL DO EXÉRCITO
Dois galões de ouro lavrados e abertos, um com
três dedos de largura e outro mais estreito (não
nos indica a largura).
GENERAL, TENENTE-GENERAL E MARECHAL-DE-CAMPO
Um galão lavrado e aberto (não indica
a largura).
BRIGADEIRO
Um galão liso e fechado com dois dedos e meio
de largura.
ESTADO-MAIOR
O primeiro Plano de
Uniformes, que faz referencia aos oficiais "pertencentes
aos Estados-Maiores", já tendo fardamento
e distintivo próprios, quando exerciam as
suas respectivas funções, é
o de 19 de Maio de 1806. Anteriormente a este Plano,
os oficiais do Estado-Maior não possuíam
nem distintivos, nem fardamento particular, com
excepção para os da "Extinta
Primeira Plana da Corte".
No século XVIII, era a
expressão "Estado-Maior" utilizada
para designar, num regimento, o conjunto de elementos
não integrados nas companhias que o constituíam.
No regulamento de 1763, vem expressa a composição
do "Estado-Maior" dos regimentos, que
era: Ajudante, Quartel-Mestre, Capelão,
Auditor, Cirurgião-Mor, Ajudante de Cirurgião,
Tambor-Mor, Espingardeiro, Coronheiro e o Preboste.
Mais tarde, em 1796, foi determinada a seguinte
composição para o Estado-Maior de
um regimento de infantaria, a um batalhão:
Coronel, Tenente-Coronel, Sargento-Mor, Ajudantes,
Quartel-Mestre, Secretário, Capelão,
Cirurgião-Mor, Ajudante de Cirurgião,
Coronheiro, Espingardeiro, Tambor-Mor e Preboste.
Note-se que estes militares envergavam os uniformes
dos regimentos a que pertenciam e sem indicativos
das suas funções específicas.
Nos exércitos de D. João
IV, chamava-se "Plana Maior" ou "Primeira-Plana"
ao que hoje chamamos "Estado-Maior";
era o nome castelhano ainda hoje em uso em Espanha,
que havíamos herdado dos sessenta anos
da perda da independência. O Mestre-de-Campo-General
tinha atribuições semelhantes às
dos actuais Chefes do Estado-Maior. Antigamente,
os oficiais que não estavam arregimentados
diziam-se do "Estado-Maior" da sua Arma;
hoje dizem-se do Quadro da Arma.
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Oficial do Estado Maior
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No tempo de Beresford, período em
estudo, chamava-se "Estado-Maior" do Batalhão
ao pessoal que não pertencia às companhias;
mais tarde distinguiam-se o Estado--Maior, oficiais e
o Estado-Maior, praças, englobando-se uns e outros
sob a rubrica de Estado-Maior e Menor, e similarmente
nas outras Armas.
O recrutamento de oficiais para os Estados-Maiores,
ou organizações semelhantes, fazia-se
por livre escolha dos Generais comandantes entre os
oficiais das diversas Armas; a organização
de 1816, publicada a seguir à Guerra Peninsular,
determinava que "os oficiais do Corpo do Estado-Maior
fossem escolhidos de todas as Armas em atenção
ao merecimento tão-somente, porque neste Corpo
necessita-se de oficiais que não tenham somente
simples rotina".
Designava-se pelo nome de Estado-Maior
o pessoal devidamente organizado de que dispõem,
em campanha, o Comandante-em-Chefe das forças
em operações e os comandantes das grandes
unidades para preparar, pelos seus trabalhos, as decisões
desses comandantes relativas a operações,
efectivos e material, transporte, reabastecimentos e
evacuações, elaborar e transmitir directivas
e ordens baseadas nessas decisões, destinadas
a accionar as tropas e os serviços e dar ainda,
por sua iniciativa, as instruções necessárias
para assegurar a boa interpretação e o
exacto cumprimento daquelas ordens. O Estado-Maior é
um órgão auxiliar do Comando, por intermédio
do qual este exerce a sua acção.
Este Corpo foi criado, na realidade,
por força do Decreto de 18 de Julho de 1834 e
compunha-se de 2 Coronéis, 6 oficiais superiores,
16 Capitães e 16 Tenentes; estes oficiais destinavam-se
aos Estados-Maiores das Províncias, das Divisões
e Brigadas e ainda para Ajudantes-de-Ordens dos Generais.
Nesta organização os Generais formavam
o Estado-Maior-General, designação hoje
atribuída ao Estado-Maior do Comandante-Chefe,
em campanha. Para recrutar os oficiais do Estado-Maior
incluía--se na organização da Escola
do Exército, decretada em 12 de Janeiro de 1837,
o Curso do Estado-Maior, a principio frequentado por
oficiais das Armas e, a partir de 1844, também
por Alferes-alunos, como os outros cursos da Escola
do Exército.
Os oficiais em serviço no Estado-Maior,
durante a Guerra Peninsular, compreendiam somente;
- Ajudantes-de-Ordens
- Ajudantes-de-Campo
- Oficiais permanentes no expediente dos Quartéis-Generais
- Inspecções e demais repartições
militares
UNIFORME
BICÓRNEO
De feltro preto, guarnecido por um galão dourado,
laço Nacional azule ferrete e escarlate, tendo
por cima uma presilha de fio de ouro com um botão
do respectivo padrão. Em cada ponta do bicórneo,
uma borla de retrós mesclada de azul ferrete,
branco e dourado, fig. 51, pluma vermelha na base e
branca no tope, tudo como a fig. 52.
CASACA
Comprida de pano azul ferrete, sem bandas, fechando
na parte da frente por uma fila de oito botões
dourados do respectivo padrão, fig. 53. Gola
e canhões das mangas azul ferrete, vivos e forro
branco, fig. 54. As abas têm duas aplicações
brancas que partem, na vertical, sensivelmente desde
a altura dos rins, até atingir o virado das abas;
cada aplicação tem dois botões
do respectivo padrão; os bolsos, são desenhado
por um vivo branco, no sentido do comprimento, tendo
cada algibeira três botões do padrão;
os virados das abas são da cor do forro, sendo
fixos por alamares do distintivo do E. M. fig. 55.

Figura 55
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COLETE
Branco de tecido fino.
GRAVATA
De gorgorão de seda ou lã preta.
PANTALONAS
Azul ferrete ou brancas
CALÇÕES
No caso de fazer serviço montado, podiam ser
brancas ou azul ferrete
BANDA
De retrós encarnado, terminando em duas borla
de fios de seda azuis e brancos, utilizava-se atado
por cima da farda e com as borlas curtas e do lado direito.
BOTAS
Pretas com esporas de ferro.
DISTINTIVOS
Alamar bordado a fio de ouro conforme
o modelo da fig. 56. A sua aplicação é
feita do modo seguinte:
- três, na vertical, em cada canhão
das mangas
- um, na horizontal, de cada lado da gola
- um, ao alto, em cada virado das abas, isto é
dois em cada aba.

Figura 56
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DISTINTIVOS ESPECIAIS
Além dos distintivos acima indicados,
ainda havia os seguintes:
OFICIAIS DA SECRETARIA DO SUPREMO CONSELHO DE GUERRA
ESECRETÁRIOS DOS GOVERNOS DAS PROVÍNCIAS
E INSPECÇÕES
Utilizavam o uniforme do Estado-Maior
e os respectivos distintivos (alamares, botões
do padrão e penacho encarnado e branco), tendo
na folha dianteira, da manga esquerda, entre o canhão
e o cotovelo duas casas bordadas a ouro, formando um
ângulo em forma de "V", tendo no vértice
um botão do respectivo padrão, fig. 57.

Figura 57
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SECRETÁRIO DO SUPREMO CONSELHO
DE GUERRA
Este oficial envergava o uniforme que
lhe competia e utilizava as dragonas da sua patente,
isto é, não utilizava os distintivos nem
a farda do E.M., tendo nas folhas dianteiras das duas
mangas as mesmas casa bordadas acima indicadas, sendo
o botão do padrão da farda que envergava.
ARMAMENTO
SABRE
Liso com bainha toda de metal amarelo, punho conforme
a fig. 58 e 59.
Nota:
A arma apresentada na figura 59 não é
igual à do P. U. (fig. 58) porque tem o guarda
mão diferente, o quartão curvo, o escudete
redondo e a bainha de metal branco.
FIADOR
De cordão de tecido de lã escarlate e
ouro, borla de retrós azul ferrete e prata, fig.
60.

Figura 60
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BOLDRIÉ
De couro branco, assim como os francaletes para suspensão
do sabre, chapa do fecho de metal amarelo com as armas
em alto-relevo de prata, fig. 61, ferragens do mesmo
metal e cor, tudo como se vê na fig. 62.
NOTA DO AUTOR:
É muito natural que o leitor atento, note a existência
de algumas alterações e diferenças,
em relação aos artigos que o signatário
publicou no Jornal do Exército e neste espaço,
contudo tal facto deve-se que passados estes anos a
pesquisa continuou e foi-se
aprofundando, acrescentando e esclarecendo imensas dúvidas,
que a todo o momento surgem, isto quer por cruzamento
e comparação com as velhas e as novas
fontes que se foram encontrando, quer por trocas de
impressões com outras pessoas interessadas nestes
temas, etc.

Colecção de Cromos de 1940
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Tenente General Freire de Andrade
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Marechal de Campo
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Marechal de Campo em Pequeno Uniforme
José Dias Azedo
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Marechal de Campo - Antigo Manequim do Museu Militar
c. 1910
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