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Este
corpo de tropas voluntárias tem dado azo
a diversos equívocos entre os nossos historiadores,
que o confundem amiudadamente com a "Legião
Portuguesa ao Serviço de Napoleão",
com a "Legião de Alorna" ou "Legião
das Tropas Ligeiras", apesar de estas Legiões
terem existido, nada têm em comum.
No ano de 1808, encontravam-se
em Inglaterra cerca de 800 portugueses, entre
civis, oficiais e praças do nosso Exército,
que tinham sido conduzidos pelo Almirante Cotton,
com a promessa do governo britânico os transportar
para o Brasil, segundo a proclamação
que ele espalhou quando bloqueava as costas de
Portugal, após a entrada de Junot no nosso
País.
Decorria o mês de Julho
de 1808, os portugueses encontravam-se em Plymouth
a aguardar transporte para o Brasil quando ali
chegou a notícia da insurreição
de Portugal contra o domínio francês
e da instalação da Junta Governativa
do Porto e, tendo-lhe constado que o governo britânico
ia enviar socorro e tropas para Portugal, os Coronéis
José Maria da Maura e Carlos Frederico
Lecor tomaram a iniciativa de formarem um corpo
de voluntários para os quais solicitaram
armas e recursos pecuniários ao governo
britânico, que prontamente acedeu.
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A este corpo de voluntários deram
o nome de "LEAL LEGIÃO LUSITANA", para
a distinguirem da Legião Portuguesa que partira
para França ao serviço de Napoleão.
Esta força de voluntários foi composta
primitivamente por três batalhões de infantaria
ligeira, (embora só se tenham organizado dois)
e um de artilharia.
Para a cor do uniforme foi escolhido
o verde e para as respectivas guarnições
e forros o branco, por serem estas as cores da Casa
de Bragança e de Portugal, embora as cores do
nosso País tenham mudado em 1796 para escarlate
e azul ferrete, tendo as cores primitivas (verde e branco)
passado para os Príncipes do Brasil.
Em Setembro de 1808 , a Legião
desembarcou no Porto, vindo o primeiro Batalhão
devidamente organizado, seguindo-se naquela cidade a
organização do segundo e terceiro, para
o que esperavam que chegasse do Reino Unido o armamento,
equipamento e os respectivos uniformes. Contudo, o segundo
Batalhão só se organizou muito mais tarde
e o terceiro nunca se levantou.
O Coronel Norbert Wilson foi escolhido,
pelo governo britânico, para comandante da força,
tendo chegado à cidade do Porto muito antes da
Legião, acompanhado por cinco oficiais ingleses
e pelo Barão de Eben, fidalgo prussiano.
ORGANIZAÇÃO
INFANTARIA
Por Portaria dos Governadores do Reino,
de 24 de Julho de 1809, foi a L.L.L., organizada com
um Estado-Maior e dois Batalhões a dez Companhias
cada:
A Leal Legião Lusitana, considerada
como um Regimento de Infantaria Ligeira, composto de
um Estado-Maior e dois Batalhões a dez Companhias
cada.
ESTADO-MAIOR: 1 Coronel; 2 Tenentes-coronéis;
2 Majores; 2 Ajudantes; 2 Quartéis Mestres; 2
Porta-bandeira, 2 Capelães; 2 Cirurgiões
Mores, 4 Ajudantes de Cirurgião; 2 Coronheiros;
2 Espingardeiros; 2 Mestres de Música; 16 Músicos;
2 Tambores Mores e 4 Pífanos.
UMA COMPANHIA: 1 Capitão; 1 Tenente;
2 Alferes; 1 Primeiro-sargento; 3 Segundos-sargentos;
1 Furriel; 6 Cabos de Esquadra; 6 Anspeçadas;
2 Tambores e 88 Soldados, perfazendo uma Companhia no
seu estado completo 111 militares.
TOTAL DOS DOIS BATALHÕES:
ESTADO-MAIOR: 47 militares
BATALHÕES: 20 Capitães;
20 Tenentes; 40 Alferes; 100 Sargentos e Furriéis;
40 Tambores e 2000 Cabos de Esquadra, Anspeçadas
e Soldados.
Os dois Batalhões da Leal Legião
Lusitana no seu estado completo perfaziam um total de
2 267 militares.
Por força da Portaria de 20 de Abril de 1811,
foi a L. L. L. dissolvida, lendo-se no parágrafo
II o seguinte: Que da Leal Legião Lusitana, que
se não pode organizar conforme a sua primitiva
instituição, se formem três Batalhões
de Caçadores, que de novo se deverão criar,
neste sentido foi a Legião transformada em três
Batalhões de Caçadores, a saber: do 1º
Batalhão formou-se o Batalhão de Caçadores
nº 7, do 2º Batalhão constituiu-se
o Batalhão de Caçadores nº 8 e, do
pessoal que sobrou formou--se o Batalhão de Caçadores
nº 9.
ARTILHARIA
O "Corpo de Artilharia"da
Leal Legião Lusitana que apesar do seu nome "grandioso"
não passava de uma bateria, composta por 86 elementos,
a saber: 1 Capitão; 1 Primeiro-tenente; 2 Segundos-tenentes;
3 Sargentos; 6 Cabos; 1 Tambor e 72 Soldados.
A estes militares ainda se somava "um corpo de
cocheiros pagos como soldados" organizados do seguinte
modo: 1 Quartel-mestre; 1 Sargento; 1 Cabo e 36 Cocheiros
ou Boleeiros na medida em que ainda não existiam
Artilheiros Condutores.
Esta bateria era composta por 6 bocas de fogo, que tomaram
parte em diversas acções durante a Guerra
Peninsular, comandadas pelo Sargento-mor graduado de
Artilharia Diocleciano Severo Drago Valente de Brito
Cabreira, irmão do Capitão de Artilharia
Sebastião Cabreira e do artilheiro Belchior Cabreira,
todos eles se distinguiram heroicamente na restauração
do Algarve contra os franceses em 1808.
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