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Uniformes
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Os uniformes do Conde Lippe 1764 - 1806



Reg. de Infantaria de Valença - 1764

Pintura de Carlos Alberto Santos

O texto acima publicado é um resumo de onde se retirou o essencial sobre os uniformes em questão. Ao analisarmos os uniformes de 1764 e que foram utilizados até 1806, facilmente se poderá depreender que no espaço de 42 anos houve certamente modificações e tal facto é simples de se poder comprovar, desde que se tenha em atenção o facto de a moda civil ter uma grande influencia na evolução do traje militar; por isso é necessário ter sempre em conta esse domínio. Quando se examina um traje militar de um determinado período ou ano, pode-se constatar que a diferença entre um e outro é mais semelhante do que se pode pensar à primeira vista.

Se tivermos em atenção este facto e a época que estamos a tratar, 1764/1806, temos que verificar quais as alterações mais significativas que houve no trajo civil; para se poder compreender determinado uniforme militar não o basta estudar, tem que se conhecer paralelamente a evolução do traje civil e por vezes o regional. Já Silva Lopes, no seu trabalho Contribuição para o Estudo dos Uniformes Militares Portugueses desde 1664 até 1806, afirmava: "Alterações diversas sofreram os uniformes de 1764 (…) essas alterações teriam resultado mais da moda que de determinações oficiais (…) os chapéus foram mudando de feitio, o corte das casacas foi sofrendo pouco a pouco modificações, os calções transformaram-se em calças."(…) "Quero crer que desde 1801 em diante, tais alterações se acentuaram, mas pouco posso dizer sobre o assunto."(…) e termina afirmando que: "as mais importantes dessas alterações consistiram na união das bandas da casaca e na elevação das golas (…) até 1806 subsistiram as fardas assim modificadas."(…)

Concordo, plenamente, no que Silva Lopes afirma, e basta verificar no período, entre as datas em questão, se passou por várias influências: francesa (antigo regímen), inglesa, novamente francesa (revolução) e novamente inglesa. Os nossos uniformes tinham, como base essencial, influência prussiana (devido, certamente, à acção do Conde Lippe) apesar de ele ter vindo da Grã-bretanha, onde militava.

Se tivermos em consideração que no Alvará vem expresso que: "repartindo-se pelos artífices das terras onde os regimentos tiverem os seus quartéis as ditas fardas ( a sua confecção), de modo que o lucro feitio delas se estenda ao maior número dos ditos obreiros, que for possível"(…), para tal deveriam igualmente servir-se "dos alfaiates que forem mais vizinhos (das respectivas unidades) e hábeis."(…). Estas considerações levam-me a deduzir que, certamente, os uniformes seriam iguais no mesmo regimento e "semelhantes" de uma unidade para as outras, em virtude de que, haveria diferenças, possivelmente de pormenor, de artífice para artificie e de terra para terra onde os respectivos regimentos estavam instalados. Os alfaiates não eram militares, trabalhavam para os seus clientes civis (pobres ou abastados) e pontualmente teriam a "sorte" de confeccionar os fardamentos da unidade da sua terra, conselho ou distrito. Como seria absolutamente natural, embora seguissem os modelos dos livros iluminados (que iremos reproduzir algumas folhas) a influência civil estava muito presente nos fardamentos e conforme esta ia evoluindo, de ano para ano, os uniformes seguiam, de um modo ou de outro, essa "tendência".

No respeitante às coberturas de cabeça passou-se precisamente o mesmo; em 1764 o tricórnio era a cobertura de cabeça por excelência para civis e militares, acairelado, com puxadores, laço, presilha e botão; em 1770 o bico frontal começou a recolher um pouco, durante toda a década de 80 continua a encolher, de tal modo, que em 1790 o tricórnio já quase não se confeccionava, o "bico" anterior não passava praticamente uma pequena "ondulação", ( como exemplo, mais conhecido, podemo-nos reportar à célebre cobertura de cabeça de Napoleão, que curiosamente nunca a abandonou, desde os seus tempos de Alferes de artilharia, embora, esse chapéu, tenha sido um símbolo, estava totalmente "fora de moda" durante o auge da sua vida); em 1800 os bicórneos, ou chapéu de dois bicos, já se tinham imposto, vêem-se de tamanhos diversos, sendo alguns enormes e com as pontas exageradamente grandes, descaídas até aos ombros... É assim moda!

Os nossos uniformes, ou melhor dizendo, os seus utilizadores, principalmente os oficiais seguiram-na bem de perto! Isto já sem nos alongarmos nos chamados "uniformes de capricho" tão em moda, entre a nossa oficialidade da época e tão combatida pelos seus chefes (Lippe, mais tarde Beresford e outros).

Infelizmente, não chegaram até nós muitos livros iluminados ou gravuras da época, para se poder fazer uma análise pormenorizada das diferentes modificações, e os poucos livros existentes são datados de 1777, 1783 e 1791. Daí os tricórnios já não terem o bico tão saliente, como na década de 60 e as anteriores.

Os uniformes apresentados esquematicamente e feitos pelo autor, reportam-se a 1764, mas as alterações até 1806 são mínimas, podendo-se ter verificado mais significativamente nas coberturas de cabeça, como acima foi afirmado.


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