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5. Munições
A munição 7,65 Browning foi introduzida
no mercado em 1899 pela FN (Bélgica), para a
pistola concebida por John Moses Browning. Esta munição
popularizou-se de tal modo, que a maioria dos fabricantes
europeus e americanos produziram armas neste calibre.
Embora nos Estados Unidos se destinasse exclusivamente
para defesa pessoal, na Europa foi igualmente aceite
como calibre militar e para forças policiais.
O cartucho 7,65 Browning tomou em Portugal a designação
oficial de "Cartucho 7,65 mm m/908" não
sendo claro a que armas se destinava. Posteriormente,
com a aquisição das 1200 pistolas Savage,
foram adquiridos uma quantidade ainda indeterminada
de cartuchos das marcas Savage e Colt, que tomaram a
designação "Cartucho 7,65 m/915"
.
Efectuados os primeiros ensaios, as da Colt foram destinadas
à instrução e as da Savage, ao
uso em serviço e como padrão para as munições
a produzir pelo Arsenal do Exército [B.A.E. Nº1
Março de 1915 Artº 5º].
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| Fig. 16 Caixa de munições
7,65 mm para a pistola Savage, fabricadas pela Savage
Arms Co, para o exército português,
como se pode ver pelo rótulo traduzido em
português. |
Fig. 17 Munições
7,65 mm m/908 destinadas à pistola Savage. |
Tab. 1 - Dados relativos aos cartuchos adquiridos com
a pistola 7,65 m/915 SAVAGE
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Carga de Pólvora
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Velocidade a
25 metros
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Penetração
em madeira de casquinha a 25 m
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Penetração
em madeira de casquinha a 50 m
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Savage
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Colt
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Savage
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Colt
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Savage
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Colt
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Savage
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Colt
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0,15g *
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0,15g
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283 m/s
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260 m/s
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76 mm
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76 mm
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33 mm
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33 mm
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* Pólvora SAVAGE sem fumo
O cartucho 7,65 mm m/915
é constituído por um invólucro
em latão onde se aloja a cápsula fulminante,
que emprega fulminato de mercúrio. O projéctil
é cilindro-ogival, constituído por um
núcleo de chumbo revestido a cobre ou niquelado.
O projéctil possui um pequeno rebaixo, onde o
rebordo do invólucro se apoia de modo a efectuar-se
uma melhor fixação do projéctil
ao invólucro, assim como elevar a pressão
dos gases resultantes da explosão da pólvora,
imprimindo maior velocidade ao projéctil.
A extracção
é assegurada por uma situação mista:
um sulco de extracção na base do invólucro
e, simultaneamente, por um pequeno rebordo (bocel) na
base do invólucro (com diâmetro ligeiramente
maior que o do corpo do invólucro - half-rimmed).
Este pequeno rebordo serve para limitar a entrada da
munição na câmara e, simultaneamente,
para que o extractor agarre o invólucro mais
facilmente.
6. Acessórios
Fazem parte do completo desta arma três carregadores
m/915, um coldre para pistola m/915, um fiador m/86
(o mesmo que o empregue no revólver Abadie) e
um escovilhão m/915 [B.A.E. Nº1 Março
de 1915 Artº 7º].
Posteriormente, foi definido o uso de dois tipos diferentes
de coldre. Um em cabedal castanho destinado a ser usado
com equipamento de cabedal; outro, em tela, destinado
a ser usado com o equipamento de tela tipo "Mills",
que tomaram a designação "Bolsa para
pistola m/915 nº1" e "Bolsa para pistola
m/915 nº2" respectivamente [B.A.E. Nº
4 Dezembro 1915 Artº 20º]. Os primeiros destinavam-se
aos oficiais e os segundos às praças de
pret, que fizessem uso de correame de tela [B.A.E. Nº
3 Dezembro 1916 Artº 3º].
Os coldres m/915, em cabedal de cor castanha, foram
manufacturados nas fábricas de correame do Arsenal
do Exército. Possuem dois porta-carregadores
para os carregadores suplementares e, no seu interior,
um alojamento para o escovilhão. Na face interior,
possui a punção do arsenal do Exército
- A.E..
Dado que estas armas foram
distribuídas por diferentes forças ao
longo do tempo, é natural o aparecimento de algumas
variantes destes coldres, nomeadamente em cabedal de
cor preta, embora mantenham sempre a mesma configuração
geral.
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| Fig. 19 Coldre m/915
nº1 e coldre para pistola Savage, em cabedal
de cor preta, destinado a outras forças que
não exército. |
Um exemplar de porta-carregadores
em cabedal, com capacidade para dois carregadores, inegavelmente
da Savage, que possui uma confecção aparentemente
militar mas não puncionado pelo Arsenal do Exército,
é igualmente atribuível a uma das várias
entidades que utilizaram esta arma.
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| Fig. 20 Porta carregadores para
a pistola Savage. Apesar do seu aspecto militar
não possui quaisquer marcas que possam identificar
a sua utilização. |
Bibliografia
de Alte, M.; Feridas por Armas de Fogo; - sob o ponto
de vista médico-legal; Porto, 1917.
Barnes, F.; Cartridges of the world; 10th edition, Stan
Skinner, WI, 2003.
Carr, J. (n.d.) The 1907 Automatic Pistol; private edition.
Falcão, C.; Imagens da I Guerra Mundial, Estado
Maior do Exército, Lisboa 1998.
Meadows, E. (1991) Colt vs. Savage; The Gun Report,
26-28
Moreton, D.; (1973) The Savage Story, Guns & Ammo
Annual, 44-49.
Paige, A.; (1996) Savage Automatic Pistols: a guide
to external variations; Man at Arms, 2, 23-27.
Neto, F.; Almada, S.; Glossário dos Termos de
Armamento, Edições Culturais da Marinha,
Lisboa, 1997
Simmons, D. (1981) The Savage Pocket Automatic Pistol
Model 1907; The Gun Digest, 35th edition, 68-85.
Soares Branco, P.; Portugal Militar 1850-1918, Edições
Inapa, Lisboa, 2003.
Stern, D. ( n.d.) The Savage 45 Auto; Gun Collectors
Digest, 87-90.
Referências
s.a. Instruções relativas ao uso da Pistola
7,65 mm m/915; Arsenal do Exército, Lisboa, 1915.
Boletim do Arsenal do Exército Nº1 Março
de 1915 Artº 5º.
Boletim do Arsenal do Exército Nº1 Março
de 1915 Artº 7º.
Boletim do Arsenal do Exército Nº 3 Dezembro
1916 Artº 3º.
Boletim do Arsenal do Exército Nº 4 Dezembro
1915 Artº 20º.
Agradecimentos
Na elaboração deste trabalho pude contar
com a ajuda de algumas pessoas que, não só
pela disponibilização de peças
e outros elementos de trabalho, mas também pelo
apoio e amizade com que sempre conto nestas lides: José
António Victorino, Barreto Costa e Pedro Soares
Branco.
À Sofia pelo apoio e cuidada revisão dos
textos.
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