OS UNIFORME DAS FORÇAS ULTRAMARINAS
1900

54F003 - Campanha dos Cuamatos - 1907
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Pela Portaria
de 24 de Janeiro de 1899, o Ministério da
Marinha nomeou uma Comissão para elaborar
um projecto e propor um Plano de Uniformes para
as tropas Ultramarinas, sendo igualmente incumbida
de apresentar um parecer sobre o equipamento destinado
às mesmas tropas e que se adaptasse ao clima.
Esta Comissão foi composta por oficiais de
terra e mar e por um facultativo, todos conhecedores
das exigências do serviço Ultramarino.
Este Plano abrangia todos os serviços que
deviam existir, e tinha que atender a todas as prescrições
higiénicas indispensáveis nos climas
tropicais, aliando-se com a boa apresentação
das tropas e às condições económicas
necessárias.
A regulamentação dos uniformes das
Forças Ultramarinas tornava-se urgentíssima,
porque não era possível suportar naqueles
climas uniformes semelhantes aos que se utilizavam
na Europa, havendo grandes irregularidades o que,
até certo ponto, era considerado tolerável.
A falta de uniformes, para os
Governadores resultavam, igualmente, nos "uniformes
caprichosos", ou então a "inconveniência
dos Governadores Militares apresentarem nos seus
uniformes distintivos de categoria inferior aos
de alguns dos seus subordinados".
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Outro aspecto bastante importante era
o dos uniformes das tropas locais, que deveriam assemelhar-se
o mais possível aos costumes dos diversos povos
que as compunham, a fim de "esses soldados de diferentes
raças conservassem o garbo e a elegância
naturais, não sendo prejudicados na agilidade
e desembaraço dos seus movimentos".
Segundo o relatório da Comissão,
então formada, afirmava: (
) "As tropas
europeias ao serviço no Ultramar, cujos climas
em geral se assemelham, devem usar todos o mesmo género
de uniformes, diferenciando-se apenas pelos distintivos.
Esses uniformes nada terão de comum com os dos
naturais, não só nos uniformes mas no
equipamento e armamento" (
) "os tecidos
para a confecção dos fardamentos, sendo
provável a adopção do caqui para
os naturais, a belbutina e mescla ligeira clara para
os europeus"(
). Foi igualmente proposta a
" adopção da trunfa para os indianos,
do cofió para os africanos e timorenses e o salaco
para os orientais. Os europeus deveriam utilizar chapéu
de feltro claro"(
) "A igualdade nos
fardamentos de todas as forças europeias, nas
diferentes Províncias Ultramarinas, é
de grande interesse económico, porque dando-se
repetidas vezes a transferência de oficiais e
praças de pré de umas dessas Províncias
para as outras, torna-se incomportável a despesa
que lhes adviria da mudança frequente de uniformes"(
)
"para todas as tropas torna-se absolutamente necessário
um uniforme de campanha, simples, cómodo, resistente,
próprio para o clima, pouco vistoso e económico.
A adopção de belbutina para o uniforme
de campanha dos europeus, apresenta bastantes vantagens,
assim como o da manta capote impermeável"
(
) "O grande uniforme dos europeus deve porém
satisfazer, na sua higiénica simplicidade, as
condições de elegância e de correcção
imprescindíveis aos oficiais" (
).
UNIFORME DE CAMPANHA m/1900
OFICIAIS
CHAPÉU

Figura 01
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De feltro amarelo-torrado,
com fita, debrum e francalete de carneira amarela.
A ventilação é feita por dois
ventiladores colocados no alto e à direita
da copa, e por uma série de caneluras na
tira interior do chapéu.
A aba esquerda, quando levantada,
é presa à copa pelo Laço
Nacional, azul e branco, confeccionado em seda,
sendo preso por um botão pequeno de metal
dourado, tudo conforme a fig. 1
Os números ou monogramas
que distinguem as diversas unidades são
de metal prateado e colocados directamente sobre
a copa do chapéu, na sua frente e a 1,5cm
acima da orla superior da fita.
Nota:
Geralmente a colocação dos monogramas
e números, era posto conforme o
gosto de cada um, podendo-se ver uns colocados
no emblema de metal dourado
com as pontas da estrela exterior em metal prateado
(que era utilizado só no
grande uniforme), outros sem emblema nenhum, etc.
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PADRÕES PARA EMBLEMAS, MONOGRAMAS
E NÚMEROS DAS COBERTURAS DE CABEÇA
COMPANHIAS DE GUERRA DE ANGOLA, MOÇAMBIQUE
E COMPANHIAS DE INFANTARIA DA GUINÉ, DAMÃO,
MACAU E TIMOR
NÚMEROS
De metal branco, conforme a fig.2
Figura 2
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TIMOR
- Serviço do Estado-Maior, fig.3
- Oficiais combatentes não colocados
nas unidades, em comissão, fig. 4
- Companhias de Saúde, fig. 5
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Figura 3
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Figura 4
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Figura 5
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ANGOLA
- Bateria de Artilharia, fig. 6
- Companhia de Dragões do Planalto
de Mossâmedes, fig. 7
- Companhia de Policia de Luanda, fig.
8
- Batalhão Disciplinar, fig.
9
- Colónia Penal Militar, fig.
10
- Depósito Geral de Degredados,
fig. 11
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Figura 6
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Figura 7
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Figura 8
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Figura 9
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Figura 10
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Figura 11
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ÍNDIA
- Batalhão de Infantaria, fig. 12
- Bateria de Artilharia, fig. 13
- Companhia de polícia de Nova
Goa, fig. 14
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Figura 12
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Figura 13
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Figura 14
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MOÇAMBIQUE
- Corpo de Policia e Fiscalização
de Lourenço Marques, fig. 15
- Corpo de Policia de Gaza, fig. 16
- Pelotão de Dragões de
Mossuril, fig. 17
- Companhias de Depósito, fig.
18
- Batalhão Disciplinar, fig.
19
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Figura 15
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Figura 16
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Figura 17
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CABO VERDE
- Companhia de Artilharia de Cabo Verde,
fig. 20
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
- Companhia de Infantaria, fig. 21
TERCEIRO DÓLMAN

Figura 22
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De caqui amarelo-torrado, sem forros
e abotoado ao meio do peito por seis botões
de unha brancos, cobertos por uma pestana. Gola
arredondada, do mesmo tecido, aperta por intermédio
de um colchete. Possui quatro algibeiras sobrepostas
de um e outro lado do peito, sendo as suas aberturas
cobertas por pestanas. Os canhões das mangas,
são do mesmo tecido e cor do dólman,
de forma angular , sendo o vértice voltado
para o ombro, tendo 6 cm., de altura, devendo o
vértice afastar-se da orla inferior cerca
de 15cm. Os botões grandes, de metal dourado,
colocados nas costas são do respectivo padrão,
tudo como se vê na fig. 22 e 23. As platinas
são de caqui, fig. 24, e fixas.
As presilhas são de cores
variadas para distinguir as Armas e Serviços,
prendem a botões de carreto. A presilha
do lado direito fecha a gola, quando levantada,
fig. 25 e 26.
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PADRÕES DE BOTÕES
Estado-Maior, fig. 27
Engenharia, fig. 28
Artilharia, fig. 29
Cavalaria, fazendo uso de lança, fig. 30
Cavalaria, fig. 31
Infantaria, fig. 32
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Figura 27
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Figura 28
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Figura 29
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Figura 30
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Figura 31
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Figura 32
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PADRÕES DAS PRESILHAS
Estado-Maior, fig. 33
Engenharia, fig. 34
Artilharia, fig. 35
Cavalaria, fig. 36
Infantaria, fig. 37
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Figura 33
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Figura 34
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Figura 35
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TERCEIRA CALÇA
Para serviço apeado, de caqui amarelo-torrado,
fig. 38
SEGUNDO CALÇÃO
Para serviço montado, de caqui amarelo-torrado,
fig. 39
MANTA-CAPOTE
De pano de lã de mescla azul-escuro tornado impermeável,
constando de manta propriamente dita e do cabeção.
A manta sem forro e do feitio da fig.
40, tem uma abertura que excede um pouco o centro, a
qual fecha por intermédio de cinco botões
do respectivo padrão pregados numa tira ou pestana
em toda a extensão da abertura, a qual fica debaixo
do lado esquerdo quando a manta está abotoada.
Completamente abotoada a manta serve de cobertor. Para
servir de capote, coloca-se sobre os ombros, com a linha
de botões para a frente, encostando a extremidade
da abertura à nuca, e abotoando sempre o botão
mais próximo do pescoço.
O cabeção com capuz, que
é forrado de preto, utiliza-se sobre a manta,
tem o feitio da fig. 41 e a largura suficiente para
descer até meia altura dos antebraços.
A gola, de voltar, tem os cantos ligeiramente arredondados
e fecha por intermédio de presilhas, da cor azul
ferrete, onde se colocam os galões conforme as
fig. 42 e 43.
LUVAS
De pele de castor brancas, sendo autorizado o uso de
luvas de pelica, de algodão ou seda, da mesma
cor.
BUTES
De vitela branca e solas tacheadas, fig. 44
POLAINAS
Serviço montado, de vitela branca e fivelas de
metal amarelo, fig. 45
Serviço apeado, de lona castanho-escuro,
guarnecidas de vitela branca, com fivelas de metal amarelo,
fig. 46
ESPORAS
De salto de prateleira de ferro polido ou metal branco,
apertadas por uma só correia de vitela branca
e fivela do mesmo metal, fig. 47
GRAUS HIERÁRQUICOS
Os postos dos oficiais, desde Alferes
até Coronel, são designados por galões
de ouro com a largura de 9mm (estreito) e 20mm (largo),
assentes em passadeiras azul-ferrete, enfiadas nas respectivas
platinas, o intervalo entre os galões é
de 4mm.
- ALFERES: um galão
estreito, fig. 48 |

Figura 48
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- TENENTE: dois
galões estreitos, fig. 49 |

Figura 49
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- CAPITÃO:
um galão largo, fig. 50 |

Figura 50
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- MAJOR: um
galão estreito e outro largo, fig. 51 |

Figura 51
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- TENENTE-CORONEL:
dois galões largos, fig. 52 |

Figura 52
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- CORONEL: três
galões largos, fig. 53 |

Figura 53
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Nota:
Nesta época os galões estreitos eram colocados
antes dos grossos.
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