O Forte de Nossa
Senhora de Monte Serrat localiza-se em
posição dominante na ponta da Giquitaia,
atual Monte Serrat, então limite norte da
cidade de Salvador na Praia da Boa Viagem,
no litoral do Estado da Bahia. Sucede ao
Fortim de São Felipe, reedificado no Governo
Geral de João de Lencastre (1694-1702), com
planta do Engenheiro florentino Bacchio de
Felisgaia (Baccio di Philicaia) (GARRIDO,
1940:94), e concluído em 1742, no governo do
Vice-rei D. André de Melo e Castro
(1735-49).
De acordo com iconografia de José Antônio
Caldas (Planta e prospeto do forte de N. Srª
de Monserrate. in: Cartas topográficas
contem as plantas e prospectos das
fortalezas que defendem a cidade da Bahia de
Todos os Santos e seu reconcavo por mar e
terra, c. 1764. Arquivo Histórico
Ultramarino, Lisboa), a sua estrutura
apresentava planta no formato de um polígono
hexagonal irregular, com parapeitos à
barbeta e, nos vértices, guaritas circulares
recobertas por cúpulas. No terrapleno, pelo
lado do portão de acesso, edificação de dois
pavimentos abrigando as dependências de
serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa,
Casa de Palamenta, e outras), e Cisterna.
Originalmente o seu acesso se dava por uma
ponte levadiça entre a rampa e o terrapleno,
e o corpo da guarda tinha, no térreo, dois
quartéis flanqueando a entrada. SOUZA
(1885), reporta que em 1809 estava artilhada
com nove peças (Op. cit., p. 95).
Acreditamos que o autor tenha se baseado no
"Parecer sobre a fortificação da Capital",
do Brigadeiro José Gonçalves Leão,
presidente da Junta encarregada pelo
Governador da Bahia, em 1809, de propor as
obras necessárias para a defesa da península
e do recôncavo (in: ACCIOLI. Memórias
Históricas da Bahia. Vol. VI. p. 179 e segs.).
BARRETTO (1958) discrimina essa artilharia
como sendo oito peças de calibre 18 libras e
uma de 12 (Op. cit., p. 177).
Ocupada pelos revoltosos durante a Sabinada
(1837-38), bombardeou quatro lanchas da
Marinha Imperial que desembarcavam uma tropa
de 60 fuzileiros na praia de Boa Viagem
(13/m
ar/1838).
Em resposta, no dia seguinte, uma fragata,
uma corveta, cinco lanchas e um destacamento
por terra, cercam a praça, que sob o fogo
cruzado governista, se entrega.
No contexto da Questão Christie (1862-65), o
"Relatório do Estado das Fortalezas da Bahia"
ao Presidente da Província (03/ago/1863),
dá-o como reparado (ROHAN, 1896:51),
citando:
"(...) Sua configuração é a dum hexágono com
o desenvolvimento de 485 palmos, à barbeta e
montando atualmente seis peças de calibre
18.
Está bem conservada, limpa e tem as
acomodações precisas para o material e
pessoal.
Deve-se pois considerar este Forte em estado
de prestar os serviços que lhe são próprios;
sendo somente de notar que não esteja armado
com artilharia de maior calibre, como convém
à sua posição e distância relativa aos
outros fortes." (Op. cit., p. 60-61)
SOUZA (1885) computa-lhe três peças,
desmontadas, com os parapeitos das muralhas
em bom estado (Op. cit., p. 95). Sofre
reparos em 1883 e em 1915, bem como
restauração pelo Ministério da Guerra, em
1926, por solicitação do governador do
Estado da Bahia, Francisco Marques de Góis
Calmon (1924-28), que lhe preservou as
características originais (GARRIDO,
1940:94). O sítio histórico de Monte Serrat
/ Boa Viagem (igreja e forte) foi tombado
pelo Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional desde 1957. De acordo com BARRETTO
(1958), as instalações do forte eram
ocupadas, à época, pelo SRMB da 6ª Região
Militar (Op. cit., p. 177).
Administrado pelo Exército brasileiro e
restaurado, desde 1993 abriga o Museu da
Armaria, expondo ao público diversas armas
de fogo, incusive canhões. A sua guarnição
apresenta-se trajada com o uniforme
histórico do 1º Regimento de Infantaria da
Bahia, dentro do projeto de revitalização
das Fortalezas Históricas de Salvador, da
Secretaria de Cultura e Turismo em parceria
com o Exército. Para os aficcionados da
telecartofilia, sua fachada e acesso
ilustram um cartão telefônico da série
Fortes de Salvador, emitida pela Telebahia (jun/1998).