No século XIX, de acordo com SOUZA (1885), tanto desta Vila como
da de Angra dos Reis, se acessava o interior da Província do Rio
de Janeiro (pela Estrada de São João do Príncipe), e o interior
da Província de São Paulo (pela Estrada do Cunha). Este autor
relaciona as seguintes estruturas:
Forte da Ilha da Bexiga - erguido a partir de 1818 na ilha desse
nome, fronteira a Paraty no interior da enseada, foi melhorado e
reforçado no contexto da Independência do Brasil, a partir de
1822 (op. cit., p. 115);
Forte Defensor Perpétuo - sucedeu um forte erguido a partir de
1703, em posição dominante sobre o morro da Vila Velha, também
denominado como morro de São Roque, morro do Pontal e depois
como morro do Forte. Este primitivo forte estava artilhado com
seis peças. Em ruínas, foi reerguido em 1822, conservando a
artilharia (op. cit., p. 115). O seu nome é uma homenagem ao
Imperador D. Pedro I (1822-1831). Por não possuir muralhas
fechando o seu perímetro, técnicamente é considerado apenas uma
bateria. Em seu terrapleno erguem-se duas edificações: a
principal, com dependências para Casa de Comando, Quartel de
Tropa, e duas Celas; e, destacada, a Casa da Pólvora, em
estrutura à prova de bombas. Na segunda metade do século XX, foi
tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1957), e
restaurado na década de 1960 com os trabalhos a cargo do
arquiteto Edgar Jacintho da Silva. Desapropriado por Utilidade
Pública pelo Decreto Presidencial nº 68.481, de 6 de abril de
1971 assinado pelo então Presidente da República, General Emílio
Garrastazu Médici (1969-1974), passou a pertencer à União.
Novamente restaurado em 1985, conserva seis canhões ingleses nas
suas muralhas à barbeta, sobre calçadas descobertas na ocasião.
Administrado pela Prefeitura Municipal de Paraty, abriga o
Centro de Artes e Tradições Populares de Paraty, com a exposição
"O modo de fazer", apresentando aspectos da vida cotidiana da
região;
Bateria do Quartel - erguida a partir de 1822 (op. cit., p.
115), destinava-se à defesa do Quartel da Patitiba (ou Petitiba),
no centro da Vila (atual Largo de Santa Rita). Embora os
vestígios dessa bateria não tenham chegado até ao século XX, o
edíficio do Quartel foi utilizado entre o início desse século e
o ano de 1980, como Cadeia Pública municipal. A partir de 1981
foi restaurado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em
parceria com a FLUMITUR - Companhia de Turismo do Estado do Rio
de Janeiro (atual TURISRIO), passando a abrigar a Secretaria
Municipal de Cultura e Turismo até meados de 1997. O edifício,
de linhas sóbrias com um pavimento, apresenta planta retangular,
a sua fachada principal voltada para o Largo de Santa Rita, com
porta central e janelas distribuídas simétricamente. Existem
gradis de ferro em todos os vãos, exceto nos dois frontais. Na
parede traseira, abrem-se dois óculos equidistantes e uma janela
centralizada. Internamente, um corredor central divide as
dependências onde se dispõe quatro celas, duas de cada lado.
Desde 1998, o antigo Quartel e Cadeia abriga a Biblioteca
Municipal Fábio Villaboim, com mais de 5.000 títulos. Três
canhões ingleses que a artilhavam, descobertos durante os
trabalhos de 1981, ornamentam atualmente a praça da Bandeira, ao
lado do Mercado do Peixe.
Forte da Estrada do Cunha - projetado à época da Independência
(1822) para a subida da serra, na estada para a Vila do Cunha,
foi artilhado com duas peças (op. cit., p. 115). A travessia do
rio Paraíba do Sul era feita na altura da atual Guaratinguetá;
Forte de Iticopé - existente na atual praia de Icupê, no
interior oriental da enseada de Paraty, foi reparado e melhorado
no contexto da Independência (1822), artilhado com duas peças (op.
cit., p. 115);
Forte da Ponta Grossa - existente na ponta Grossa de Paraty, foi
reparado e melhorado no contexto da Independência (1822) (op.
cit., p. 115). Certamente cruzava fogos com o Fortim da ilha dos
Mantimentos, que lhe era fronteiro.
De acordo com o autor, todas essas fortificações foram
desarmadas em 1828 e em 1831, e o mesmo acreditava que, à época
(1885), todas estivessem desaparecidas (op. cit., p. 115). Na
realidade, encontravam-se relacionadas sete estruturas: o Forte
da Bexiga, o Fortim de Itacope, o Fortim da Ponta Grossa, o
Fortim Defensor [Perpétuo], a Bateria da Vila, o Fortim da Ilha
dos Mantimentos e o Fortim da Ilha dos Meros, entre as defesas
do setor Sul ("Fortalezas de Paraty") no "Mapa das Fortificações
e Fortins do Município Neutro e Província do Rio de Janeiro" de
1863, no Arquivo Nacional (CASADEI, 1994/1995:70-71). A lista de
fortificações de Paraty, desse modo, integra ainda:
Fortim da ilha dos Mantimentos - localizado na Ilha dos
Mantimentos, defendendo a barra oriental mais externa da enseada
de Paraty, fronteira à ponta Grossa, com quem deveria cruzar
fogos;
Fortim da Ilha dos Meros - localizado na Ilha dos Meros, a mais
oriental no Oceano Atlântico no curso de quem navega de/para o
sul, buscando Paraty/São Paulo.
GARRIDO (1940) acrescenta que, em 1838, as fortificações de
Paraty estavam sob o comando único do Capitão José Gomes da
Silva Lousada
|
[FrontPage Include Component] |