Existem controvérsias entre os pesquisadores acerca da data
precisa de início de sua construção, assim como do autor do seu
projeto. Alguns remontam-no à gestão do governador da Capitania,
Tenente-coronel João Alberto de Miranda Ribeiro (1793-1800) (SOUZA,
1885:125, seguido por BOITEUX (1920). apud CABRAL, 1972:___).
Outros atribuem-no ao Engenheiro Militar, Tenente-coronel José
Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, que, em
1760, efetuou um levantamento das defesas da ilha de Santa
Catarina erguidas pelo brigadeiro José da Silva Pais.
Plantas e mapas da época, indicam que a estrutura já existia em
1774, e integra o levantamento do Alferes José Correia Rangel
para a Coroa portuguesa ("Plano para servir de demonstração dos
lugares fortificados da Ilha de Santa Catarina", 1786. in:
RANGEL, José Correia. Defesa da Ilha de Santa Catarina e do Rio
Grande de São Pedro. Ministério da Guerra, Lisboa).
Durante a primeira metade do século XIX, serviu como enfermaria
militar (SOUZA, 1885:126), transferida para o Quartel do Campo
do Manejo em 1861, quando o prédio (Próprio Nacional) passou a
servir à Capitania dos Portos das Províncias de São Pedro do Rio
Grande e de Santa Catarina, do Ministério da Marinha. Os
projetos do Governo Provincial para a adaptação do imóvel ao
menor custo, se sucederam até 1871, quando foi demolido o
Quartel de Tropa e acrescido um galpão de dois pavimentos,
destinado à recepção de colonos. Posteriormente foram fechadas
as canhoneiras, construído um parapeito sobre a muralha,
instaladas floreiras, e pavimentado o terrapleno. Novas obras de
reforma foram iniciadas em 11 de janeiro de 1875, sob a direção
do Capitão do Porto, colocando-se a cumeeira da Capitania do
Porto a 10 de abril de 1875. Em junho do ano seguinte
concluía-se a casa para o Comandante do Porto, contígua ao
edifício da Capitania (VEIGA, 1993). Durante a Revolução
Federalista (1893-1895), foi utilizada como sede do Governo do
Estado, tendo salvado na ocasião da posse do Capitão de
Mar-e-Guerra Frederico Guilherme de Lorena como chefe do Governo
Provisório revolucionário em Santa Catarina (14 de outubro de
1893), para ser retomada pelas tropas legalistas sob o comando
do Coronel Antônio Moreira César (17 de março de 1894) (GARRIDO,
1940:144).
Mapa da Ilha de Santa Catarina em 1776.
Forte de Santa Bárbara: aspecto da antiga praça de armas.Durante
a primeira metade do século XX, novas intervenções foram sendo
introduzidas no conjunto, descaracterizando-o completamente, e
dando-lhe as linhas arquitetônicas características da década de
1930 (que conserva até hoje), tendo o mesmo acabado ligado à
ilha, fruto dos aterros de marinha existente entre o centro da
cidade e a antiga praia do Canto. Na década de 1950 ainda eram
perceptíveis os arcos da ponte de alvenaria de pedra que ligava
o forte a terra. Na década de 1960, com o fechamento do Porto de
Florianópolis à navegação, e a desativação da Capitania dos
Portos, o forte esteve ameaçada de demolição, para que seu
espaço integrasse a área de lazer da capital e escoasse o
tráfego viário da ponte Colombo Sales, que liga a ilha ao
continente, no âmbito do novo aterro da baía Sul (1973). A
imprensa local promoveu uma série de debates sobre a pertinência
ou não da preservação do antigo forte, o qual, apesar do
acentuado grau de descaracterização, tanto de sua arquitetura
quanto de seu entorno originais, teve a sua preservação
garantida.
Em 1984, fruto desta polêmica e do reconhecimento de seu
inquestionável valor histórico, o forte e a sua área envolvente,
no total de 5.086 m², foram tombados pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ainda abrigando a
Agência da Capitania dos Portos de Santa Catarina em
Florianópolis, a Prefeitura e o IBPC estudavam projetos
objetivando a recuperação, restauro e revitalização da estrutura
para atividades culturais (teatro, museu, escola de arte, área
de exposições, com restaurante, bar, parque infantil),
prevendo-se ainda o rebaixamento do entorno ao nível do mar,
adaptando-se ao espaço assim recuperado um espelho d'água,
restabelecendo a situação original da praça, cercada de água.
A partir de 1999, transferida a agência da Capitania dos Portos
para um novo imóvel, no continente, o conjunto foi cedido pelo
5º Distrito Naval da Marinha do Brasil, tendo abrigado as sedes
da Sociedade Amigos da Marinha (Soamar) e do Grupo de Escoteiros
do Mar Ijurerê-Mirim. Desde janeiro de 2001, passou a abrigar a
sede da Fundação Franklin Cascaes.
O imóvel pode ser visto à Rua Antônio Luz, 260 junto ao Terminal
Urbano de Ônibus da Cidade de Florianópolis, no aterro da Baía
Sul, no centro histórico da cidade.
|
[FrontPage Include Component] |