Fortaleza de São José da Ponta Grossa Projetada e
construída pelo brigadeiro José da Silva Pais, primeiro
governador da Capitania de Santa Catarina (1739-1745), é um dos
vértices do triângulo defensivo da barra da baía Norte da ilha
na primeira metade do século XVIII, integrado pela Fortaleza de
Santa Cruz de Anhatomirim e pela Fortaleza de Santo Antônio de
Ratones. O sistema defensivo foi completado pela Fortaleza de
Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, na barra da baía Sul.
Juntas, deveriam proteger a ilha de Santa Catarina, consolidando
a ocupação do sul da Colônia, e atuando como base estratégica de
apoio para a manutenção do domínio português sobre a Colônia do
Sacramento.
Sucedeu a um entrincheiramento no local, que remontava a 1653
(ver Entrincheiramento da Ponta Grossa)[1].
Sob a invocação de São José, a construção desta fortaleza teve
início em agosto de 1740, tendo sido concluída cerca de quatro
anos após[2].
Em 1760, por determinação do ministro Marquês de Pombal
(1750-1777), o governador da capitania do Rio de Janeiro,
capitão-general Gomes Freire de Andrade (1733-1763), enviou o
Engenheiro Militar tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria,
do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das
defesas erguidas pelo brigadeiro Silva Pais na ilha de Santa
Catarina. Como nas demais fortificações procedeu-lhe a pequenos
reparos.
Para completar a defesa do seu flanco leste foi levantada, a
partir de 1765, a Bateria de São Caetano da Ponta Grossa. Quando
da invasão espanhola de 1777, ante o desembarque dos atacantes
na praia de Canasvieiras, esta bateria foi abandonada por seus
defensores, que se recolheram à Fortaleza de São José, por sua
vez também abandonada após ter disparado dois tiros (24 de
fevereiro). Foi ocupada por forças espanholas sob o comando do
D. Ventura Caro[3].
Tanto esta fortaleza, quanto a Bateria que se lhe subordinava,
se encontravam sob o comando do Capitão Simão Rodrigues de
Proença, do Regimento de Linha de Infantaria da Ilha de Santa
Catarina, oficial experimentado nas Campanhas do Sul, com
impecável fé de ofício. Seguindo ordens do Governador da
Capitania, Pedro Antônio da Gama Freitas (1776-1777), retirou-se
da Praça-forte ao terceiro dia de cerco, sem combate. Julgado e
condenado por esse ato pela Coroa portuguesa, durante o processo
da Devassa aberta para esse fim, morreu na prisão. A ilha de
Santa Catarina permaneceu sob o domínio espanhol até ao ano
seguinte (1778), quando foi devolvida aos portugueses pelo
Tratado de Santo Ildefonso (1777).
De acordo com o levantamento do Alferes José Correia Rangel para
a Coroa portuguesa (1786), o armamento de Ponta Grossa
compunha-se de trinta e uma peças de artilharia, assim
distribuídas: cinco de bronze, sendo quatro de calibre 12 e uma
de 8, e vinte e seis peças de ferro, sendo nove de calibre 24,
duas de 18, seis de 12, seis de 8, uma de 4 e duas de 2. Estes
armamentos vieram, na sua maioria, das fortificações da Bahia,
sendo alguns ingleses e outros anteriores ao século XVII.
Segundo CABRAL (1972), no século XVIII, o seu armamento
compunha-se de trinta e uma peças de artilharia, assim
distribuídas: cinco de bronze, sendo quatro de calibre 12 libras
e uma de 8, e vinte e seis peças de ferro, sendo nove de calibre
24, duas de 18, seis de 12, seis de 8, uma de 4 e duas de 2.
No contexto da Questão Christie (1862-1865), o Relatório de
Inspeção de 1863 relaciona-lhe vinte e nove peças de artilharia,
declarando-a em ruínas[4].
No contexto da Revolução Federalista (1893), a esquadra rebelde
aí fez montar dois canhões raiados, nela instalando uma Atalaia.
Abandonada, ao final do século XIX os jornais regionais já
denunciavam a apropriação indevida de pedras, tijolos e outros
materiais da fortaleza para a construção de moradias pela
população local, gerando um pedido de providências formal do
Governo do Estado ao Ministério da Guerra (1898).
Tombada pelo antigo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (1938), a fortaleza encontrava-se em ruínas. A partir
de 1976, por iniciativa do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN), a Fortaleza de São José da Ponta
Grossa começou a sofrer intervenções de limpeza da vegetação e
consolidação das ruínas com vistas a trabalhos de restauro. Em
1977, foram realizadas obras de consolidação de emergência em
alguns trechos de muralhas, na Casa do Comandante, na Portada,
bem como a restauração parcial da Capela.
Em 1987, ao ser cadastrada como sítio arqueológico protegido por
lei federal, foram realizados os primeiros trabalhos de
prospeção arqueológica por técnicos do IPHAN/Fundação
Pró-Memória, e que tiveram sequência em 1989-1990 dentro do "Projeto
Fortalezas da Ilha de Santa Catarina, 250 anos na História
Brasileira" com a equipe do Museu Universitário da Universidade
Federal de Santa Catarina. Finalmente em 1991-1992 graças a um
convênio da UFSC com o Ministério do Exército, no âmbito do "Projeto
Fortalezas da Ilha de Santa Catarina - 250 anos na História
Brasileira", a primeira assumiu as tarefas de administração e
conservação, e com recursos da Fundação Banco do Brasil, a
Fortaleza de São José teve o restante de seus edifícios
restaurados, podendo ser apreciados as muralhas, o Pórtico, a
Capela, e o Quartel da Tropa. A iniciativa foi promovida pelo
IPHAN e pela UFSC, que desde 1992 gerencia a fortificação.
A fortaleza encontra-se aberta diariamente à visitação pública.
Chega-se ao local, por terra, através da Rodovia SC-401, ou por
mar, desembarcando-se no trapiche da praia de Jurerê.
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