A GEOPOLTICA DE PORTUGAL E DEPOIS DO
BRASIL NO PRATA E SUAS PROJEES NO RIO GRANDE DO SUL
1680-1908
Cludio Moreira Bento
Generalidades
Recorrendo inicialmente a definio de
Geopoltica de Eduardo Backheuser, assunto de complexa
conceituao e definio e endossado pelo nosso mestre no
assunto, o Brigadeiro Lysias Rodrigues.
Disciplina que teve como pioneiro entre
ns o Marechal Mrio Travassos e da qual hoje a mais
renomada e reconhecida autoridade no assunto, o General
Carlos de Meira Mattos e, ambos, ex comandantes de nossa
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN )e membros
Academia de Histria Militar Terrestre do Brasil. O Marechal
Travassos como patrono de sua Delegacia em Capinas/SP, e 0
General Meira Mattos como seu acadmico emrito e o primeiro
a tomar posse na mesma , inaugurando cadeira que tem por
patrono o comandante e historiador de nossa Fora
Expedicionria Brasileira( FEB) Mal Joo Baptista
Mascarenhas de Morais. E escreveu Backheuser:
"A Geopoltica a poltica desenvolvida
em decorrncia das condies geogrficas de um pas
considerado".
E assim procurou explicar seu conceito:
"A poltica a arte de administrar os
povos, procurando tornar possvel o que necessrio. A
Geopoltica a parte da alta administrao de um Estado que
traa as diretrizes para investigar, valorizar e explorar o
solo de um pas no trplice aspecto: Territrio, Situao
Geogrfica e Domnio de suas riquezas reais e potenciais".
E a seguir ensaiaremos como Portugal e o
Brasil tem conduzido sua Geopoltica no Sul, na denominada
"rea Geopoltica da Ala Sul Paran Santa Catarina Rio
Grande do Sul" pelo coronel Golbery Couto e Silva, gacho de
Rio Grande, em seu livro Geopoltica do Brasil (Rio
de Janeiro: Ed. Jos Olympio, 1976).
E especial ateno daremos ao Rio Grande
do Sul, cujas fronteiras foram de mais difcil fixao por a
mais turbulenta, difcil , sangrenta e dispendiosa,
merecendo o apodo de Fronteira de Vai e Vem , em que pese
sua legitimao pelo Tratado de Madrid de 1750 que
reconheceu a sua conquista por bandeirantes, por
estancieiros e tropeiros lagunenses e , por Silva Paes. Este
,ao fundar o Rio Grande em 1737 e estabelecer os limites de
Portugal nos arroios Chu e So Miguel.
Neste ensaio a nossa homenagem, alm dos
j citados, a Alexandre de Gusmo, Jos Bonifcio, Alberto
Torres, Oliveira Vianna, Paulo Henrique da Rocha Correia,
Terezinha de Castro que tambm abordaram superiormente
assuntos de Geopoltica do Brasil, influenciando
positivamente em seu destino .
Brasil objetivo geopoltico prioritrio
de Portugal
O Brasil de cerca de 1580-1777 foi o eixo
dominante da Geopoltica de Portugal e onde ele aplicou
,concentrado e prioritariamente, todo o seu poder.
Aplicou-se na posse e ocupao efetiva do
nosso litoral e sua defesa da intromisso estrangeira e sua
diplomacia ,no perodo da Unio das Coroas Ibricas
1580-1640, aplicou-se na expanso do espao terrestre que
lhe coube pelo Tratado de Tordesilhas de 1494, na procura de
fronteiras geogrficas naturais com a Espanha aqui na
Amrica.
Na Bacia do Rio da Prata foi procurar
limites naturais no rio Uruguai e no esturio do Rio da
Prata, para o que teria que expandir seu territrio para o
Sul de Laguna, em Santa Catarina , at aqueles limites.
Fundao da Colnia do Sacramento em 1680
Para tal objetivo fundou em 1680,
defronte a Buenos Aires ,a Colnia do Sacramento, para
participar das grandes riquezas drenadas para Buenos Aires
da Bacia do Prata e da explorao das manadas de gado vacum
selvagem, monoplio do rei da Espanha, que povoavam as
atuais campanhas do Uruguai e do Rio Grande do Sul ,depois
de ali introduzidas pelos jesutas, por volta de 1622.
Em torno e em conseqncia da posse de
Colnia do Sacramento, espanhis e portugueses e
descendentes de ambos ,lutaram por cerca de 190 anos
transformando a regio do Rio da Prata num campo de batalha.
Depois de cicatrizadas aquelas lutas, aos
brasileiros , uruguaios argentinos, e paraguaios e
bolivianos em especial compete isolarem as preciosas lies
que colheram do livro da Histria Militar do Rio da Prata
.Lies capazes de construir uma Doutrina Militar Terrestre
Comum , a servio da defesa militar do Mercosul, contra
inferncia exterior no insondvel 3 Milnio. Creio que
seria este o maior objetivo Geopoltico comum a ser
conquistado pelas Foras Armadas das naes do Prata.
Expanso Portuguesa no Brasil no perodo
de Unio das Coroas Ibricas
No perodo de Unio das Coroas de
Portugal e Espanha, de 1580-1640, o rei comum, permitiu que
cada um de seus reinos conquistasse ,em seu nome, os
territrios que desejassem.
Grande parte deste perodo coincidiu com
as invases e dominao holandesa na Bahia e Pernambuco.
Na Amaznia, o Capito Pedro Teixeira a
conquistou para Portugal em nome do rei comum em 16 ago 1639
,conforme abordamos em A conquista da Amaznia
( Rio de Janeiro : DNER/Sev Grfico,1971)
No Sul e no Oeste ,os bandeirantes
partindo de So Paulo , expulsaram as redues jesuticas do
Rio Grande do Sul(Tape), do Oeste do Paran (Guara) e do
Sul de Mato Grosso(Itatins) que foravam o Meridiano das
Tordesilhas em direo ao Atlntico .
Este fato assinalou o incio da
penetrao, reconhecimento e explorao portuguesa do atual
Rio Grande do Sul, com a destruio das 18 redues que
constituram o Tape, conforme registramos em Histria da
3a Regio Militar 1808-1889 e Antecedentes
(Porto Alegre: 3a RM,1994)
Fundao de Laguna 1688
Em 1680 Portugal fundou Colnia do
Sacramento e 8 anos depois foi fundada Laguna, por santistas
.Local que foi centro irradiador e base de apoio para a
explorao, conquista e povoamento portugus do Rio Grande
do Sul.
Por esta poca os jesutas retornaram ao
Rio Grande e fundaram os Sete Povos das Misses e
estabeleceram 11 estncias no Rio Grande para abastecer os 7
povos da margem esquerda do rio Uruguai e 4 povos da margem
direita
Em 1705 os portugueses estabeleceram
contato terrestre Laguna-Colnia. De 1705-15 a Colnia
passou para mos da Espanha. Nesta fase teve incio , por
portugueses de Laguna a preia( captura) de gado alado nas
campanhas do Uruguai e Rio Grande, o qual era transportado
por terra para Laguna. E dali para outros destinos por mar .
Com a recuperao de Colnia por Portugal
,em 1715 ,intensificou-se a preia de gado alado( selvagem)
no Rio Grande e Uruguai, atraindo muitos paulistas que
haviam sido expulsos de Minas na guerra dos Emboabas 1710.
O gado se destinava a suprir com fora
animal( muares) e alimentao(vacuns)a atividade de
explorao do Ouro em Minas, Gois e Mato Grosso.
Foi necessrio a abertura de caminho pela
Serra Geral at Sorocaba/SP passado por Vacaria ,Lages
,Curitiba atuais etc, para escoar a riqueza representada
pelas tropas preiadas (apresadas)no Sul. Este caminho
integrou o litoral do Rio Grande ,por terra ,ao restante do
Brasil.
Em 1722 se estabeleceu em So Jos do
Norte atual por cerca de 2 anos a Frota de Joo de Magalhes
para proteger o canal da Lagoa dos Patos, melhorar os meios
de travessia das tropas, proteg-lo dos espanhis e ndios
Tapes(que habitavam Canguu atual, na Serra dos Tapes) e
fazer aliana com os ndios Minuanos e cobrar impostos de
passagem.
Objetivos geopolticos em conflito no
Prata
Em 1723 Portugal fundou Montevidu de
onde foi desalojado por crioulos espanhis(espanhis
nascidos na Amrica). Fato que segundo o consenso de
intrpretes da Histria do Prata definiu o destino do
Uruguai, como nao independente e que encontraria em
Artigas o grande intrprete e apstolo deste sonho que
entrou em choque com a Geopoltica de Portugal no Prata, de
igual forma que a Argentina com seu sonho de reconstituir o
Vice Reinado do Prata e o do Paraguai de reconstituir o
Imprio Teocrtico Guarani e todos estes sonhos conflitantes
incluindo partes do atual Rio Grande do Sul.
Foram esses objetivos geopolticos em
conflito, que fariam a fronteira do Brasil no Sul oscilar
,gerando a figura citada ,Rio Grande Fronteira do Vai Vem!
Em 1733 o governo de So Paulo estimulou
o estabelecimento de estncias em torno da regio
genericamente denominada de Viamo. Estncia com o sentido
de permanncia, ou seja, era exigido para concretizar a
posse da terra ,"um tempo mnimo de estncia no local
."
J nesta poca rendiam impostos para
Portugal as minas de Guiab e Gois , obrigadas a passarem
por um registro no rio Grande ,no atual Tringulo Mineiro e
outro no sangradouro da Lagoa dos Patos conhecido por Rio
Grande. E os dois locais de registros passaram a serem
chamados em Portugal de Rio Grande e Rio Grande o do
Sul .Da a origem, segundo Hlio Moro Mariante (patrono de
cadeira da Brigada Militar na AHIMTB) de Rio Grande do Sul .
A Fundao do Rio Grande do Sul
Em 1736, Colnia do Sacramento foi
cercada pela Espanha. Do Rio de Janeiro foi enviado uma
expedio ao comando do Brigadeiro de Infantaria Jos da
Silva Pais com trs objetivos sucessivos: Expulsar os
espanhis de Montevidu, livrar Colnia do cerco espanhol e
fundar o presdio Jesus, Maria Jos, na atual cidade de Rio
Grande.
Com o insucesso dos objetivos
relacionados a Montevidu e Colnia, Silva Paes desembarcou
,ao entardecer, de 19 fev 1737, em Rio Grande atual,
fundando assim o Rio Grande do Sul atual. Era esperado em
terra por estancieiros e tropeiros liderados pelo Cel de
Ordenanas Cristvo Pereira de Abreu e escudados num forte
que construram com 4 pequenos canhes.
A base militar ento fundada foi nucleada
pelo forte Jesus Maria Jos erigido em terreno arenoso e
protegido a retaguarda pelo Forte N. S. da Conceio e ,a
distncia, pelos postos militares avanados que estabeleceu
no Chu e arroio So Miguel, respectivamente guarnecidos por
12 Drages de Minas e um Peloto de Infantaria de 32 homens,
aos quais mandou pagar soldo dobrado.
Silva Paes criou a primeira unidade de
Linha uma Companhia de Drages, cujo comando entregou ao
2 estancieiro a fixar-se em Viamo, Francisco Pinto
Bandeira, pai do legendrio gacho Rafael Pinto Bandeira. Em
1759 terminou a organizao do Regimento de Drages do Rio
Grande, valioso instrumento da Geopoltica do Brasil no Sul,
cuja histria por quase um sculo se confundiu com a do Rio
Grande do Sul.
Gacho Primitivo - histria, romance,
evoluo
Nesta poca surgiu a figura do gacho
primitivo, brancos ou um misto de ndio branco, um tipo de
corsrio dos pampas, sem lei e sem rei ,vivendo da matana
do gado alado, monoplio do Rei da Espanha, para tirar o
couro e vend-lo de contrabando a portugueses na Colnia do
Sacramento e mais tarde, a partir de 1754, em Rio Pardo.
Foram assim grandes instrumentos a
servio da geopoltica de Portugal que os tinha como aliados
e eram combatidos pelos espanhis. Eles facilitaram a
expanso por terra de Portugal no territrio entre Laguna e
Colnia.
Com as guerras no Rio da Prata entre
espanhis e portugueses e dos platinos contra a Espanha e
depois brasileiros e descendentes e descendentes platinos
dos espanhis, o gacho primitivo transformou-se no gacho
histrico como grande soldado de Cavalaria ,apto para
grandes movimentos com apoio no cavalo e no boi,. O primeiro
como transporte e o segundo como alimento auto transportvel
que o supria com o couro para sua improvisada barraca e como
barco para a travessia de rios da regio ( as pelotas ) etc.
Circunstncia interpretada pelo Cel BM Hlio Moro Mariante
como a Idade do Couro no Continente de DEl Rey (
Porto Alegre: IGTG,1974)
Gacho que depois de curadas e
cicatrizadas as feridas daquelas lutas e das revolues no
Prata ,deu origem ao gacho romance, o gacho
tradicionalista que cultua as tradies criadas pelo gacho
histrico ,hoje numa impressionante rede de Centros de
Tradies Gachas espalhados pelo Rio Grande, pelo Brasil e
at no exterior, a partir do GTG 35 ,onde exerceu seu
apostolado Luiz Carlos Barbosa Lessa ,de justia consagrado
um dos gachos do sculo passado, para a glria de Piratini,
seu bero acidental e para Canguu, terra natal de seus pais
e onde tomou contato com o Almanaque Literrio e
Estatstico do Rio Grande do Sul 1889-1917 que
havia sido colecionado e curtidos pelos seu colaboradores em
Canguu, os irmos Francklin Mximo Moreira e Carlos
Norberto Moreira ( nosso av e bisav de Lessa) .E tanto a
obra impressionou Lessa que a nora Francklin e filha de
Carlos Norberto , Alice Moreira terminou por do-la ao
gacho do sculo citado ,dado o seu grande interesse .
Mas penso que este movimento perdeu o
sentido predominante da participao blica do gacho como
Sentinela do Sul e assim instrumento da geopoltica na
definio das fronteiras do Rio Grande e na defesa das
mesmas.
Depois de havermos fundado em 10 set
1986, 150 anos da vitria do Seival, em Pelotas ,o Instituto
de Histria e Tradies do Rio Grande do Sul para dar apoio
histrico ao culto das Tradies que tendiam descambar para
fantasias e desconhecer o processo histrico do Rio Grande
do Sul, com identidade fundamentalmente castrense at cerca
de 20 set 1932, com o combate do Cerro Alegre, em Piratini,
ltimo confronto armado no Rio Grande.
O Tratado de Madrid de 1750
Em 1750 em clima de mtuo entendimento e
amizade, Portugal e Espanha celebraram o Tratado de Madrid
O Tratado previa a entrega a Portugal dos
Sete Povos das Misses e este por sua vez a entregar a
Espanha a Colnia do Sacramento. Os limites entre Portugal e
Espanha no Rio Grande do Sul seriam naturais, o rios Uruguai
Ibicui - Santa Maria, mas em linha seca no atual Uruguai ,
na bacia da Lagoa Mirim .
Casais de aorianos deveria ocupar os
Sete Povos das Misses .Mas com o insucesso da demarcao os
casais trazidos dos Aores se espalharam ao longo de rio
Jacu e pelas imediaes de Rio Grande e Porto Alegre. Esta
presena aoriana foi estudada pelos patronos da AHIMTB
,General Joo Brges Fortes em Casais.(Porto
Alegre,1932) e pelo Tem Cel Henrique Oscar Wiedersphan em
A colonizao aoriana do RGS .(Porto
Alegre:LCP/EST,1979) e pela correspondente da AHIMTB , em
Pelotas , Heloisa Assumpo Nascimenmto em A saga dos
aorianos .( Pelotas ,1999) ,romance histrico em que
homenageia seu falecido esposo Cel Exrcito Plnio do
Nascimento com esta trova aoriana ."Para Plnio com saudade
:
Ausente do bem que adoro , no tenho
gosto de nada , na solido em que vivo, somente o choro me
agrada ."
Para demarcar os limites do Tratado no
atual Rio Grande do Sul, Portugal enviou para o Sul o
Exrcito Demarcador forte de 1633(Infantaria, Artilharia e
Aventureiros) ao comando do governador do Rio de Janeiro,
Minas Gerais e So Paulo General Gomes Freire de Andrada que
permaneceu no Rio Grande do Sul(atual) at 1759 por cerca de
7 anos. Trouxe quase toda a Guarnio do Rio .
Em 1753, depois de ser colocado o 1
marco divisrio em Castilhos, no Uruguai, ao prosseguirem a
demarcao, na altura de Bag Santa Tecla atuais, ndios
missioneiros, liderados por Sep Tiaraju impediram o
prosseguimento da demarcao pelos exrcitos de Portugal e
Espanha.
A seguir a teve lugar a tentativa feita
para a demarcao do Tratado a partir do estratgico Passo
So Loureno , no rio Jacu, acima de Cachoeira do Sul
Tentativa impedida pelos ndios,
resultando somente a Fundao do Forte Jesus Maria Jos do
Rio Pardo "A tranqueira invicta" a primeira base
militar portuguesa no interior do Rio Grande do Sul e
estmulo ao povoamento do rio Jacu at Rio Pardo .
Na derradeira tentativa demarcatria de
1755/56, O Exrcito de Portugal partiu do forte So Gonalo
que erigira na margem norte do rio Piratini, prximo ao
Canal So Gonalo que une as lagoas dos patos e Mirim e que
recebeu seu nome em razo do forte ali construdo . Em 16
ago 1756 operou juno com o Exrcito da Espanha no Campo
das Mercs ( nas cabeceiras do rio Negro prximo a Bag )e,
assim chamado pelas condecoraes e graas que ambos os
exrcitos conferiram a seus integrantes.
E a partir da regio atual Bag Santa
Tecla ,os ndios missioneiros liderados por Sep Tiaraj
levaram a efeito uma guerra de guerrilhas contra os
exrcitos demarcadores, dando incio a uma guerra tpica da
regio chamada A Guerra a gacha que abordamos na
Antologia do CIPEL 1996em Regionalismo
Sul-Rio-Grandense.
Os ndios queimavam as pastagens no eixo
de progresso dos exrcitos, matavam os cavalos cansados
para no serem reaproveitados, tiravam os vacuns do eixo de
progresso e trucidavam patrulhas e soldados isolados que
ousassem se afastar do grosso dos exrcitos.
Os ndios foram massacrados no combate de
Caiboat e morto Sep Tiaraj, pelo Governador de Buenos
Aires .Eventos ocorridos no municpio de So Gabriel e
abordados por Osrio Santana Figueiredo no citado
Histria de So Gabriel , os quais abordamos com
detalhes na citada Histria da 3a RM
,v.1.Autor tambm de Carreteadas hericas.(Santa
Maria : Pallotti,1986 ) que aborda o uso militar da carreta
no Rio Grande , importante e nico meio de trasnsporte
terrestre de cargas no Rio Grande e importante ferramenta a
servio da geopolitica por dilatado perodo
A impossibilidade de demarcao do
Tratado e da devoluo por troca de Sete Povos por Colnia,
traria a guerra ao territrio gacho e alterou o destino dos
casais de aorianos que vieram para povoar e defender os
Sete Povos ,com uma espingarda a ser distribuda por casal .
A 1 invaso espanhola do Rio Grande do
Sul
Em 1762 Portugal foi invadido por Espanha
e Frana. No Brasil o governador de Buenos Aires D. Pedro
Ceballos conquistou Colnia do Sacramento e invadiu o Rio
Grande do Sul pelo litoral. Depois de conquistar a Fortaleza
de Santa Tereza, ento construda por Portugal, conquistou a
Vila de Rio Grande e So Jos do Norte.
A 2 invaso do Rio Grande do Sul 1773/77
Em 1773/74 o mexicano governador de
Buenos Aires o D. Vertiz y Salcedo invadiu o Rio Grande do
Sul para combater as guerrilhas portuguesas estabelecidas
nas Serras dos Tapes e do Herval(atuais Canguu e
Encruzilhada do Sul) que cumpriam a seguinte estratgia
emanada do Rio de Janeiro depois da invaso de 1763 pelo
litoral.
"A guerra contra o invasor espanhol ser
feita com pequenas patrulhas, localizadas nas matas e passos
dos rios e arroios. Destes locais sairo ao encontro dos
invasores para surpreend-los, cursar-lhes baixas,
arruinar-lhes cavalhadas e suprimentos e ainda trazer-lhes
constante e contnua inquietao".
Marchando em duas colunas .D Vertiz
sofreu fragorosa derrota em 10 jan 1774, em Tabatingai e
teve destroada, em Santa Brbara ,coluna vinda dos Sete
Povos trazendo cavalhadas e bovinos(transporte e
alimentao).
Foi uma modelar Ao Retardadora liderada
pelo comandante e governador do Rio Grande do Sul atual, o
Cel Cav Marcelino de Figueiredo.
Ao chegar frente ao Rio Pardo, com sua
mobilidade e alimentao seriamente comprometidas, Vertiz y
Salcedo retornou para Rio Grande atravs dos atuais
Encruzilhada do Sul e Canguu , bases das guerrilhas
portuguesas, deixando plantada no Rio Grande do Sul a
Fortaleza de Santa Tecla ,para impedir as incurses das
guerrilhas no atual Uruguai para preiar vacuns, cavalares e
destruir estabelecimentos espanhis e colher informaes
militares .
Vertiz y Salcedo sofreu grande presso
guerrilheira ao atravessar o Passo da Armada, no Camaqu ,
desde ento assim chamado pelas dificuldades ali passadas
pela Armada( nome de Exrcito em espanhol) .
Assim, com as fortalezas de Santa Tereza
e Santa Tecla os espanhis comearam a barrar as incurses
guerrilheiras no atual Uruguai e com o forte So Martinho,
incurses nos Sete Povos das Misses .
Os limites de Portugal com Espanha
recuaram por 13 anos ,perodo em que os espanhis chegaram a
controlar 2/3 do Rio Grande do Sul .Os portugueses ficaram
confinados a faixa litornea entre So Jos do Norte e
Viamo e ao norte do rio Jacu at Rio Pardo e com suas
bases de guerrilhas nas serras dos Tapes(Canguu atual ) e
na serra do Herval (Encruzilhada do Sul ,atual ).
A Guerra da Restaurao do Rio Grande
1774-76
Como mencionado ,com as invases de 1763
e 1774, os espanhis passaram a controlar cerca de 2/3 ao
atual Rio Grande do Sul, com apoio em suas foras baseadas
nos fortes de So Martinho, ao norte de Santa Maria, de
Santa Tecla(prximo a Bag atual) e na Vila do Rio Grande e
corte do canal So Gonalo.
Foi ento que o Marqus de Pombal decidiu
expulsar os espanhis do Rio Grande, assunto que resgatamos
em detalhes em nosso livro: A Guerra de Restaurao.(
Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1994) .
Portugal concentrou poderosa fora no Rio
Grande do Sul assim articulada: .
- So Jos do Norte (82%) 3365 homens
- Rio Pardo - 710
- Porto Alegre - 27
E o Exrcito do Sul conduziu seu esforo
ofensivo sobre 3 pontos fortes:
Forte So Martinho: por barrar o
acesso portugus aos Sete Povos e ameaar o flanco do Rio
Pardo, defendido pelo forte Jesus Maria Jos(2). Este local
foi conquistado em 31 out 1775 por Rafael Pinto Bandeira com
suas guerrilhas e drages
Forte Santa Tecla: Por barrar o
acesso das guerrilhas portuguesas s campanhas de Maldonado,
Montevidu e Colnia, ameaar Rio Pardo e, possibilitar
,atravs do passo do Rosrio, o intercmbio e de reforos
com os Sete Povos. Foi reconquistado em 25 jan 1776 , depois
de prolongado stio e demolido depois de levantada a sua
planta.
Vila de Rio Grande: Por barrar o
acesso portugus pelo litoral para o Sul , e base de partida
espanhola para ataques sobre Porto Alegre e Laguna. Data
desta poca a fortificao de Porto Alegre por uma linha
pelo alto onde se ergue a Santa casa e apoiada nas margens
do Guaba e que seria bem desenvolvida por ocasio da
Revoluo Farroupilha, quando Porto Alegre foi objeto de 3
stios farrapos .Linha de fortificao cuja histria
resgatamos em mapa em Porto Alegre memria dos stios
farrapos e da administrao de Caxias. Braslia: EGGCF,
1989.
A vila de Rio Grande foi reconquistada na
madrugada de 1 de abr 1776, dia de So Francisco de Paula
que daria origem ao primitivo nome da atual cidade de
Pelotas , como Povo de So Francisco de Paula , desde ento
padroeiro desta cidade.
Guerrilheiros de Rafael Pinto Bandeira,
baseados em Canguu atual passaram a usar o seguinte caminho
, em linha seca, ao longo do itinerrio hoje balizado por
Canguu Piratini Pedras Altas Herval passo do
Centurion no rio Jaguaro Mello, no Uruguai.
Este caminho de invaso seria barrado em
1801 pelos espanhis com o forte de Cerro Largo(atual Mello
) no Uruguai.
O Tratado de Santo Ildefonso 1775
Foi celebrado em 1777 o Tratados de Santo
Ildefonso e imposto a Portugal ,pelo qual ele perdeu em
definitivo a Colnia do Sacramento e temporariamente os Sete
Povos, mantendo suas bases militares em Rio Grande, no
litoral e, em Rio Pardo no interior com jurisdio , sobre a
vasta campanha. Bases articuladas , por terra ,atravs do
Vao dos Prestes( atual) no rio Camaqu entre Encruzilhada e
Canguu.
O novo traado dividia So Gabriel atual
ao meio ,bem como Bag e abrangia quase todo D. Pedrito. Seu
limite de fato na Bacia da Lagoa dos Patos foi o rio
Piratini. Foi estabelecida nos limites uma faixa denominada
Campos Neutrais que no litoral abrangia todo o atual
municpio de Santa Vitria do Palmar.
Foi demarcado entre Bag e Santa Maria
atuais ,com uma faixa chamada Campos Neutros que
teoricamente isolaria espanhis e portugueses Mas no evitou
o contrabando franco do gado pertencente ao rei da Espanha
pelo gacho ,personagem sem lei e sem rei que surgiu nas
campanhas do Uruguai e Rio Grande do Sul e que de abatedor
de manadas de vacuns selvagens para tirar o couro e vender
de contrabando , passou a contrabandear gado em p para as
charqueadas portuguesas estabelecidas por volta de 1780 ,em
Pelotas atual e na margem esquerda do rio Piratini junto a
sua foz.
Contrabando focalizado por Guilhermino
Cesar em O contrabando no sul do Brasil
(Caxias do Sul :UCS-EST,1978) e que se constituiu em
poderoso instrumento geopoltico a servio de Portugal .
De igual forma as charqueadas gachas que
se expandiram a partir de de 1780 viriam a se tornar
instrumentos de geopolitica a servio da fixao de nossa
fronteira Sul ,cuja histria foi abordada Alvarino Foutoura
Marques em Episdios do ciclo do charque .(Porto
Alegre:EDIGAL,1987). E continuada em Evoluo das
charqueadas rio-grandenses.( Porto Alegre : Martim
Livreiro,1990)
No poderiamos deixar de mencionar o mate
como instrumento da geopoltica de Portugal no Sul e
abordada em tese de Maria Emlia Barcellos da Silva em O
Chimarro uma vivncia gaucha .( Rio de Janeiro
:Fac.Letras UFRJ,1987).E mais o tropeirismo de mulas
,conforme estudamos em Caminhos histricos estratgicos
de penetrao e povoamento do Vale do Alto e Mdio rio
Paraba 1565-1822.(Resende: AHIMTB ,1998) ,como contribuio
ao XIV Simpsio de Histria do Vale do Paraiba promovido
pelo IEV ,em Campos do Jordo e publicado na RIHGB
.Tropeirismo estudado por Aluisio Almeida em Vida e morte do
tropeiro. (So Paulo : ED. Martins ,1971 ) e por Pedro Ari
Verssimo da Fonseca em Tropeiros de Mula .( Passo
Fundo: Diario da Manh,1985). Evento providencial que
segundo Ari Verissimo foi responsvel por haver dado o Rio
Grande do Sul ao Brasil. Afirmao assim justificada :
Para transportar a prata das minas de
Potosi para a Amrica Central para dali seguirem para a
Espanha foi necessrio criar-se mulas em Entre Rios na
atual Argentina para transportar a prata at o Caribe .Com o
esgotamento da prata em Potosi que coincidiu com a
descoberta das Minas Gerais , os tropeiros espanhis
inicialmente com suas mulas do eixo Potosi- Caribe se
transferiram para o eixo Rio Grande do Sul atual Sorocaba
, centro dispersor dos tropeiros de mulas para atingirem
Minas Gerais ,Mato Grosso e Gois abastecendo os mineradores
de vrios gneros e fornecendo-lhes mulas para movimentar a
atividade mineira .
"Sem a abertura do caminho por tropeiros
ligando o Rio Grande So Paulo Minas no teria ocorrido
os ciclos do ouro e do caf e se completado a Unidade
Nacional , unindo o Rio Grande ao restante do Brasil.."
A marcha das estncias gachas se
constituiu igualmente em poderoso instrumento geopoltico em
favor da consolidao do Rio Grande do Sul brasileiro o que
pode ser avaliado da obra de patrono de cadeira na AHIMTB ,o
General Joo Borges Fortes em Rio Grande de So Pedro
.(Rio de janeiro:BIBLIEX,1941).
A demarcao do Tratado de Santo
Ildefonso ficou indefinida entre os rios Piratini e Jaguaro
.Esgotadas as manadas selvagens elas passaram a ser criadas
extensivamente por fazendeiros e estancieiros
O Tratado de Santo Ildefonso significou
uma grande perda territorial com a qual os gachos no se
conformaram e se prepararam para o troco .
A Guerra de 1801
O Rio Grande de 1777-1801 por 20 anos
trabalhou com afinco e acumulou riquezas, mas inconformado
com o Tratado de So Ildefonso de 1777 um retrocesso.
A guerra se aproximava. Como preparativos
para um futuro conflito Portugal fundou , no incio de
janeiro de 1800 ,as povoaes de Caapava e Encruzilhada
para barrarem ,em caso de guerra, o histrico caminho de
invaso: Acegu Santa Tecla Lavras Caapava
Encruzilhada Pntano Grande Rio Pardo.
E fundou Canguu aprofundando a defesa
feita em Piratini ,desde 1789 para barrar o caminho de
invaso usado pelos guerrilheiros de Rafael Pinto Bandeira
na guerra 1777-76: Canguu Piratini Pinheiro Machado
Pedras Altas Herval do Sul passo Centurion no rio
Jaguaro e Forte de Cerro Largo.
Estourando a guerra na Europa, Espanha
invadiu Portugal e conquistou Olivena. No Rio Grande a
guerra seria sustentada com recursos humanos e materiais
fornecidos pela iniciativa privada.
Na Fronteira do Rio Grande , sob a
liderana do Cel Manoel Marques de Souza 1, atual patrono
da 8 Brigada Motorizada de Pelotas e no comando da Legio
de Cavalaria da Fronteira de Rio Grande, criada em 1776 ,ao
comando de ento Coronel Rafael Pinto bandeira invadiu o
contestado territrio ao Sul do rio Piratini e levou nossa
fronteira at o rio Jaguaro ,depois de neutralizar r as
guardas espanholas de So Jos, Santa Rosa, Quilombo e da
Lagoa.
Data da a fundao de Jaguaro com o
estabelecimento ali de uma Guarda Militar ao comando do
Major Vasco Pinto Bandeira.
Na Fronteira do Rio Pardo, ao comando do
Cel Patrcio Correia da Cmara, (atual denominao histrica
da 3 Brigada de Cavalaria Mecanizada em Bag) , a frente de
seus Drages do Rio Grande, baseados no Rio Pardoexpulsou os
espanhis de Batovi (a primitiva So Gabriel) e de Santa
Tecla para onde haviam retornado e da Guarda So Sebastio,
na Coxilha So Sebastio. Esta oeste Patrcio colou a
fronteira no rio Santa Maria, como previra o Tratado de
Madrid.
A partir de Santa Maria atual, 40 drages
e aventureiros, sob a orientao do Cel Patrcio em Rio
Pardo, conquistaram sucessivamente a guarda espanhola de So
Martinho e os Sete Povos que foram incorporados pela fora
das armas.
A vitria portuguesa foi decidida no
passo N.S. da Conceio do Jaguaro (atual Passo Centurion),
com a retirada ,em 13 dez , da tropa de Espanha para o forte
de Cerro Largo.
Em 17 dez 1801 foi conhecida a paz na
Europa, onde a Espanha no devolveu Olivena e aqui no
Brasil Portugal no devolveu o que conquistara.
Assim com esta vitoriosa guerra
sustentada com recursos materiais das fazendas e charqueadas
, o Rio Grande do Sul foi bastante ampliado.
Conquistou os territrios com ricas
pastagens dos Sete Povos, entre os rios Piratini e Jaguaro
e o territrio entre o rio Santa Maria e o divisor de guas
das bacias da Lagoa dos Patos e do rio Uruguai ,acrescendo
aos atuais municpios de So Gabriel (mais da metade), a
Bag cerca de mais 1/3 e a D. Pedrito quase a metade. E sem
esquecermos todo o municpio de Santo Vitria.
Enfim a Fronteira do Brasil no Rio Grande
do Sul se apoiava agora em acidentes naturais na linha
balizada pelos rios Uruguai Ibicu Santa Maria
Jaguaro Lagoa Mirim e, em linha seca em Acegu. Do que
hoje o Rio Grande s faltava o quadriltero chamado
distrito de Entre Rios, formado pelos atuais municpios de
Santana, Rosrio, Alegrete, Uruguaiana e Quara.
A Campanha do Exrcito Pacificador da
Banda Oriental 1811-12
Com a independncia das provncias que
constituram o Vice Reinado do Prata, o governador de lio
de Montevidu se manteve fiel Espanha. Montevidu foi
cercada por argentinos e por orientais liderados por
Artigas.
Portugal organizou um Exrcito ao comando
de D. Diogo de Souza, primeiro governador e capito general
do Rio Grande do Sul , ento capitania instalada em 1808.
Seu objetivo era o de prevenir no Rio
Grande do Sul os reflexos das lutas que incendiavam o Prata.
Artigas em seu sonho de Independncia do Uruguai inclua
nele partes do Rio Grande do Sul, bem como a Argentina em
refazer sob sua gide o antigo vice Reinado do Prata.
A concentrao do Exrcito foi em Bag
atual ,que ento surgiu como Guarda e Distrito Militar ,cujo
dirigente de fato foi o ex Drago do Rio Pardo, Capito
Ricardo de Mello( bisav do escritor Erico Verssimo)que
respondeu pelo distrito de 1811 25, por 14 anos.
lio, sitiado em Montevidu por Artigas e
pelo argentino Rondeau, pediu socorro a D. Joo VI , cunhado
do rei Fernando de Espanha preso por Napoleo e que era
irmo da rainha D. Carlota Joaquina.
E ficou decidida a invaso do Uruguai que
teve incio em 25 jul 1811, com a travessia do passo
Centurion ,no rio Jaguaro, seguida da conquista do Forte
Cerro Largo. E prosseguiu conquistando o Forte de Santa
Tereza, se apossou de Castilhos e atingiu Maldonado onde se
incorporou ao Exrcito , como coronel auditor, o futuro
Visconde de So Leopoldo, deixando precioso testemunho em
sua obra Anais da Provncia de So Pedro(Rio de
Janeiro: INL, 1942). Foi o presidente fundador em 1838 do
Instituto Histrico e geogrfico Brasileiro e considerado
Pai das histrias de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul .
Em 14 out o governador lio de Montevidu
pediu para D. Diogo que retornasse a Bag com seu Exrcito ,
em razo de armistcio que celebrou com argentinos e Artigas
por imposio britnica. Por temor de ameaas de Artigas, D.
Diogo destacou para o acampamento prximo a Santana atual
,em dez 1812 ,os regimentos de Drages e de Milcias do Rio
Pardo. Acampamento dentro do distrito espanhol de Entre
Rios.
Em 1812,depois de convocar no Rio Grande
todos os homens entre 16 e 46 anos, D. Diogo deixou
Maldonado com o seu Exrcito e atravessou Uruguai e foi at
Paissand em 48 dias de marcha, de 16 mar 2 mai 1812,
percorrendo 96 lguas e entrincheirando-se em Paissand.
Esta marcha ,no pacfica ,foi desenvolvida no itinerrio
Maldonado Po de Acar Passo de Cuelo Cerro Pelado
Passo do Durazno Rio Yi Rio Negro Arroio Malo, sob o
argumento de uma ameaa de Artigas , em posio entre os
rios Quara e Ibicu , no distrito de Entre Rios. E tiveram
lugar vrios combates com artiguenhos.
A partir do Distrito Militar dos Sete
Povos das Misses, criado em 1801, portugueses atacaram os
povos de Japej (local de nascimento de San Martin) e So
Tom). A vanguarda de Artigas foi batida junto ao arroio
Laureles e em todas estas aes foram apreendidos muitos
bovinos e cavalos.
Depois de cerca de 40 dias em Paissandu,
por ordem de D. Joo, D. Diogo comeou a retomar ao Rio
Grande, permanecendo 3 meses nas cabeceiras do Cunha Per
fronteiro a Santana do Livramento atual .
Em 12 set 1812 ,o Exrcito Pacificador
retornou a Bag pelo Passo N. S. da Conceio no Jaguaro ,
em Herval do Sul atual.
A conseqncia deste evento foi a
incorporao de fato ,pela fora das armas, por aes
combinadas do Exrcito Pacificador em Paissand e depois em
Cunha Peru com as foras no acampamento So Diogo e da que
guarnecia So Borja, contra seguidores de Artigas que
ocupavam o distrito de Entre-Rios . Distrito , onde hoje se
situam os municpios de Santana, Quara, Uruguaiana,
Alegrete e parte dos de Rosrio do Sul e D. Pedrito e com
fronteiras naturais nos rios Uruguai e Quara e linha seca
em Santana.
Mesmo antes e principalmente depois da
guerra de 1774 /76, como da de 1801 e Campanha do Exrcito
Pacificador 1811/12, militares que delas participaram
receberam terras para a criao de gado e tambm para
defend-las, tornando-se cada estncia ou fazenda uma clula
militar a ser mobilizada ao primeiro sinal de perigo.
Sobre isto escreveu Oliveira Vianna em
Populaes Meridionais do Brasil (Rio de Janeiro, 1952).
"Na verdade a maior parte da gente que
povoou a campanha rio-grandense era composta de militares
profissionais que de soldados que fizeram estancieiros
atrados pelo encanto e liberdade da vida pastoril..."
No foi s! Dessa aristocracia pastoril
os elementos que no tinham como os militares acima
nomeados, uma origem militar, possuam em regra, uma
educao militar. Porque se havia soldados que se faziam
estancieiros, havia estancieiros que se faziam soldados: E
eram quase todos!
Todos os estancieiros da fronteira, por
ocasio das guerras e das invases platinas eram
naturalmente levados a se tornarem poderosos caudilhos,
valentes capitaneadores dos bandos da peonagem das estncias
recrutada de improviso, formando centro de agrupao da
populao da campanha, tornados em falanges particulares de
civis ,ou guerrilheiros.
Incorporados aos Exrcitos em marcha,
eles eram verdadeiros soldados, sujeitos aos rigores da
disciplina e da hierarquia militar.
Terminada a guerra, esses caudilhos civis
tornavam a seus pagos armados em companhia de seus
guerrilheiros. Estes ensarilhavam as suas lanas ...
Camarada e amigo dos seus soldados, estes agora tornados a
sua faina de pees e capatazes, continuavam a manter a mesma
obedincia militar. Como lhe prestaram na guerra,
continuavam agora a prest-la j ,em pleno regime de paz e
de trabalho!
Esta combinao , estncias nas
fronteiras distribudas a militares ,se constituiu poderoso
e econmico instrumento de concretizao da geopoltica de
Portugal e depois do Brasil no Rio Grande do Sul.
Foi com muita justificacia e
sensibilidade tradicionalista gacha que em 1954 o deputado
Ruy Ramos, ao prefaciar Galpo de Estncia .( So
Luiz Gonzaga: Graf.Porto Seguro ,1954 1 ed) do
inspirado poeta gacho Jaime Caetano Braun escreveu:
" O culto das tradies gachas
represento no Rio Grande do Sul um impulso espontneo e
irresistvel da alma da raa ... Falar das lutas e das dores
do gacho para definir e fixar os limites do Brasil no Rio
Grande do Sul e manter a posse da terra e domin-la, e tocar
na corda sensvel das geraes gachas ".
Observamos com pesar que o
tradicionalista gacho em geral desconhece esta realidade
mencionada por Ruy Ramos, da qual tem uma noo romanceada e
fantasiosa da luta dos rio-grandenses como Sentinelas do
Brasil, conhecendo s que lutamos com os castelhanos, mas
sem saber as circunstncias histricas dessas lutas, no
tempo e no espao.
Ao contrrio se concentra no culto da
Revoluo Farroupilha em bases histricas manipuladas,
olvidando que ela s foi possvel com adeso e conduo da
mesma, pela participao efetiva de oficiais do Exrcito e
Unidades do Exrcito que guarneciam a ento maior guarnio
do Brasil: 4 Regimentos de Cavalaria Ligeira , um Batalho
de Infantaria e um Batalho de Artilharia, afora a Guarda
Nacional , cujo comandante era o Coronel de Estado Maior do
Exrcito Bento Gonalves da Silva
Circunstncias que reproduzi com
fidelidade em nosso livro de cunho profissional militar.
O Exrcito Farrapo e os seus chefes (Rio de Janeiro:
BIBLIEX, 1992. 2v).
Bento Gonalves e Bento Manoel eram
coronis de Estado-Maior do Exrcito. Os majores Jos
Mariano de Mattos e Joo Manoel Lima e Silva comandavam
respectivamente a Infantaria e a Artilharia da guarnio do
Exrcito no Rio Grande do Sul. Jos Mariano considerado o
1 o comandante do 22o GAC Grupo Uruguaiana .
Cultua-se os lenos branco e vermelho dos
tempos da sanguinria, feroz e cruel Revoluo Federalista
de 1893-95, marcada pelos massacres fratricidas, por degolas
, de irmos gachos inermes em Rio Negro Bag e do Boi
Preto em Palmeira das Misses. Conjuntura perversa em que
foram degoladas as virtudes de Firmeza e Doura
simbolizadas por dois amores perfeitos nos ngulos do
losango do brazo farrapo, adotado com o do Rio Grande do
Sul em 1891 .
Firmeza simbolizando em combate lutar
com toda a garra, coragem e valor.
Doura representada pelo respeito
,como religio, depois da vitria, vida, honra,
famlia e ao patrimnio do vencido inerme.
Doura de qual deu exemplo Flores de
Cunha ao receber a rendio de Honrio Lemes, o Tropeiro da
Liberdade , ao se recusar a receber a sua espada e o seu
revlver ,para em seguida se abraarem comovidos.
Sobre este assunto produzimos o livro:
Smbolos do Rio Grande do Sul - subsdios para sua reviso
histrica, tradicionalista e legal.( Recife: UERPE,
1971) . Obra em que resgato a figura do simbolista farrapo
Bernardo Pires.
Penso, salvo melhor juzo que o MTG que
tem por patrono o Ten Cel Cav Joo Cezimbra Jacques, criador
em 1903 do Grmio Gacho em Porto Alegre que devia exaltar e
divulgar as tradies guerreiras do Rio Grande do Sul e dos
que a construram ,para se buscar coerncia com o filsofo
Shesterton: "A Tradio a democracia dos mortos",
Ou seja, a maneira como os mortos se sentem votando quando
as tradies que eles construram ou o Trado(legado) so
respeitadas e cultuadas no caso pelos tradicionalistas.
Cezimbra Jaques a quem se deve o exelente
Assuntos do Rio Grande do Sul .( Porto Alegre:
ERUS,1979) , cuja figura foi resgatada pelo Cel Hlio Moro
Mariante que obteve vitria em sua tese de tornar Cezimbra
Jaques patrono do MTG , por seu pioneirismo no
Tradicionalismo Gacho no Prata .Pois na Argentina o
tradicionalismo surgiu forte em 1914 por italo-argentinos
,que segundo Maddaline W. Nicholes em seu O Gacho .(
Rio de Janeiro: Zelio Valverde ,1946 ) traduzido por
Castilhos Goycocha, "havia na Argentina mais de 200 clubes,
sendo mais de 50, em Buenos Aires ,cuja finalidade ostensiva
era perpetuar a tradio gacha .. "
E sobre as tradies militares com apoio
na Histria existe um silncio sepulcral de parte da Mdia.
Seria bom que os lderes tradicionalistas parassem um pouco
para pensar. Isto para que no se d motivo esta piada que
circulou de boca em boca em 1961 no episdio da Legalidade.
Que um CTG imitando um Regimento de
Cavalaria ,fez solene alto defronte ao Mata Borro, na
Avenida Borges de Medeiros.
E boleou a perna um gacho e se dirigiu
solene aos alistadores para seguir para o norte do Brasil
para defender a Legalidade.
E perguntou-lhe o alistador: - E os
demais vo bolear a perna e se alistarem? . E obteve como
resposta: - No! Pois de briga s sou eu! Os outros so s
de dana!
As guerras contra Artigas de 1816-1820
Em 20 jun 1814 Montevidu sitiada
capitulou a Argentina. E o futuro do Uruguai oscilou entre
quatro objetivos geopolticos conflitantes:
Ser provncia Argentina? Ser
independente com Artigas? Ser protetorado da Inglaterra
?Ser provncia portuguesa ,sonhada pela rainha Carlota
Joaquina, irm do rei Fernando de Espanha prisioneiro de
Napoleo ?
E Portugal optou pela invaso, que no
mnimo traria a vantagem geopoltica de definir os limites
entre os atuais Uruguai e Brasil, no Rio Grande do Sul.
Em 1815 o Brasil foi elevado a condio
de Reino Unido com sede no Brasil. D. Joo VI decidiu
invadir e ocupar o Uruguai com a Diviso de Voluntrios
Reais que mandou vir de Portugal.
Concentrou na Fronteira do Rio Pardo
poderoso Exrcito e estimulou a mobilizao de foras de
guerrilhas e de voluntrios.
A 1 Guerra contra Artigas
Artigas ao que parece pretendia barrar o
avano pelo litoral da Diviso de Voluntrios Reais rumo a
Montevidu e conquistar os Sete Povos das Misses. Reforado
nos Sete Povos, bater as foras do Rio Grande do Sul ,na
Fronteira do Rio Pardo e, a seguir, cair pela retaguarda
sobre a Diviso de Voluntrios Reais.
O Plano de Portugal visava invadir o
Uruguai pelo litoral com a Diviso de Voluntrios Reais e
conquistar Montevidu. Defender com as tropas da Fronteira
do Rio Pardo as linhas dos rios Uruguai e Quara ,contra
invases de Artigas. Caso invadido o Rio Grande ,expulsar
Artigas e suas tropas.
O Rio Grande foi invadido por Artigas por
Santana e So Borja.
Ao final Artigas foi derrotado em Catalo
em 4 jan 1817 e a partir de So Borja foi destacada fora
contra povoaes indgenas na margem direita do Uruguai,
bases da partida de ataques de Artigas contra o Rio Grande.
A Diviso de Voluntrios Reais entrou em
Montevidu em 20 jan 1817, decorrido 16 dias da Batalha de
Catalan e , Portugal ,mais uma vez ,decorridos 40 anos ,
colocava os limites do Brasil no rio da Prata, seu antigo e
perseguido sonho geopoltico.
A 2 campanha contra Artigas 1819-20
Artigas reuniu um Exrcito frente a
Santana atual . As tropas do Rio Grande foram concentradas
em Bag, em condies de apoiar a Diviso de Voluntrios
Reais de Montevidu.
Artigas invadiu os Sete Povos pelo passo
Santo Isidoro, em 25 abr 1815 e se apossou dos povos de So
Luiz Gonzaga e So Nicolau. Foi destacado para enfrent-lo
em So Nicolau no comando de um Regimento de Cavalaria de
Milcias o Cel Diogo de Morais Arouche Lara que foi repelido
e morto em ao. Foi o primeiro historiador militar do
Brasil como Reino Unido por haver escrito sobre a campanha
anterior contra Artigas. patrono de cadeira na Academia de
Histria Militar Terrestre do Brasil ,ocupada pelo
historiador paulista Hernani Donato e nosso patrono no
Instituto Histrico e Geogrfico de So Paulo .
O Conde de Figueira, governador do Rio
Grande ,socorreu os Sete Povos das Misses e junto com
tropas deste distrito militar encontrou So Nicolau
abandonado e terminou por livrar os Sete Povos da ameaa de
Artigas.
O Conde de Figueira deixou o Cel Jos de
Abreu na cobertura do rio Arape (no Uruguai hoje) e
deslocou uma fora de Bag para Las Canas no Uruguai, face
ao forte do Cerro Largo e guarneceu Jaguaro, Guarda Militar
criada em 1801 .
Em jan 1820, Artigas em seu acampamento
de Taquaremb ,prximo a Santana, invadiu o Rio Grande,
obrigando o Cel Jos de Abreu a retirar-se para o passo do
Rosrio (atual Rosrio do Sul).
O Conde da Figueira, governador do Rio
Grande, em manobra fulminante deslocou-se de Porto Alegre e
assumiu o comando das tropas de Rio Grande em Operaes E
atacou Artigas acampado nas nascentes de Taquaremb ,em 20
jan 1820 e derrotou seu Exrcito ,obrigando-o a deslocar-se
para Corrientes . Em 29 set 1820 Artigas foi obrigado a
exilar-se no Paraguai de onde no mais retornou.
Uruguai Provncia Cisplatina do Brasil
1821 e Guerra Cisplatina 1825-28
O Uruguai em 31 jul 1821 foi incorporado
ao Imprio do Brasil como Provncia Cisplatina. Portugal
conquistara dois objetivos geopolticos . Ou sejam: definir
os limites do Rio Grande do Sul com o Uruguai que permanecem
at hoje , exceto alterao ocorrida em 1809 e ,pela segunda
vez ,ter o seu limite extremo no Rio da Prata. Este duraria
cerca de 7 anos.
Em 7 set 1822 o Brasil proclamou a sua
Independncia e teve de voltar suas atenes para
consolid-la na Cisplatina, no Maranho, Par e Bahia e
ainda enfrentar a Confederao do Equador no Nordeste, em
1824.
Foi nesta conjuntura adversa que o
nascente Exrcito Brasileiro, desfalcado das lideranas
militares e da tropa representada pelas 3 divises
portuguesas que em maioria retornaram a Portugal , teve de
enfrentar duas invases argentinas e orientais no Rio Grande
do Sul.
Assim ,em 19 abr 1825, 33 orientais
vindos da Argentina iniciaram o processo de Independncia do
Brasil do atual Uruguai. Esta proclamada em 25 out 1825 e o
Uruguai declarado confederado s Provncias Unidas do Rio da
Prata(Argentina). O Congresso argentino aprovou a
Independncia e o Imprio do Brasil declarou guerra
Argentina. E sofreu o Brasil derrotas no Uruguai como a de
Sarandi , ao comando do agora Marechal Jos de Abreu e ento
destituido.
O Brasil concentrou seu Exrcito no
acampamento Imperial do Carolina(Santana). Carolina era o
ltimo nome da Imperatriz D. Leopoldina.
Massena Rosado incompetente comandante
elevado de comandante de batalho a comandante de Exrcito,
foi o mentor dessa infeliz estratgia, que deixou a
descoberto toda a fronteira e o Exrcito e o Rio Grande
presas fceis . O Exrcito de ser envolvido e batido em de
Santana seguido de conquista do Rio Grande .Ao Marqus de
Barbacena assumir o comando do Exrcito em Santana declarou:
"Encontrei um exrcito descalo, sem
munio de boca(alimentos) e de guerra, sem remdios, sem
cavalos e reduzido depois de um ano a mais humilhante
defensiva!!! "
O Exrcito Argentino que invadiria o Rio
Grande era regular e veterano das lutas da Independncia do
Chile, Bolvia e Peru.
Para evitar ser envolvido, o Marqus de
Barbacena determinou que o Exrcito deixasse Santana e se
concentrasse em Bag para enfrentar ali a invaso e
interpor-se entre o inimigo e os principais centros urbanos
gachos.
O Exrcito Argentino se apossou de Bag
onde ficou ilhado por cerca de 116 horas de 26 a 30 jan
1827, em razo de violento temporal. Este atraso foi
providencial para o xito da bem sucedida manobra
estratgica de Barbacena de conseguir interpor-se entre os
centros do poder da Provncia e o invasor, nas serras de
Caapava, favorveis a Infantaria, o forte o Exrcito
Brasileiro que ali foi reforado com elementos enviados do
Rio de Janeiro por D. Pedro I .
Isto obrigou o Exrcito invasor a tomar o
rumo de So Gabriel. E o Exrcito Brasileiro saiu em seu
encalo . E no dia 20 fev 1827, tem lugar defronte a cidade
de Rosrio atual, a indecisa Batalha do Passo do Rosrio, a
maior batalha campal travada no Brasil e em realidade um
grande combate encontro aps o qual os argentinos retornaram
ao Uruguai e o Exrcito Brasileiro manobrando em retirada
para no ser destrudo pelos generais, Vento e
Fogo procurou o Passo So Loureno no rio Jacu.
Abordamos este assunto em detalhes nos nmeros os 672 e 680
da Revista A Defesa Nacional .
Mais tarde os Exrcitos do Brasil e da
Argentina deslocaram-se para o corte do rio Jaguaro onde
ficaram frente a frente ,at ser celebrada a Conveno
Preliminar de Paz que reconheceu a Independncia do Uruguai
que fora incorporada artificialmente ao Brasil por 7 anos e
cujo destino fora selado em 1723 com a conquista de
Montevidu por crioulos argentinos.
A posio do Uruguai independente entre
os imaturos Brasil e Argentina ,representou "um algodo
entre dois cristais" por prevenir choques armados potenciais
entre ambos no Rio da Prata.
Os limites do Brasil continuaram os
mesmos com o Uruguai e com o territrio equivalente do
previsto pelo Tratado de Madrid, pois o que se perdeu ao sul
do Jaguaro, fronteira seca ,foi compensado com o territrio
conquistado no quadriltero(rios Quara, Uruguai, Ibicu,
Santa Maria) tendo fronteiras naturais bem definidas com a
Argentina e com o Uruguai.
O Exrcito foi desmobilizado em Piratini
que serviria de foco de insatisfaes que levariam o Rio
Grande a Revoluo Farroupilha
Revoluo Farroupilha 1835-45
Uma srie de desgostos acumulados contra
o Governo Central e seus representantes no Rio Grande do
Sul, levaram os rio-grandenses inicialmente a uma revoluo
para depor o Presidente da Provncia e o seu Comandante das
Armas e depois a proclamao da Repblica Rio-grandense que
durara cerca de 9 anos e cuja atrao exercida pelo bloco
das repblicas platinas era fortssima e ameaadora. Face a
este grande perigo o Imperador D. Pedro II encarregou o
Baro de Caxias de pacific-la.
E depois de grande esforo neste sentido
conseguiu pacificar a Revoluo Farroupilha em 1 mar 1845,
conformo abordo nas seguintes obras:
Contribuio Histria de D. Pedrito. D. Pedrito:
Prefeitura, 2001
O Exrcito farrapo e os seus chefes. Rio de Janeiro:
BIBLIEX, 1992- 94 2v.
Caxias foi escolhido Presidente da
Provncia e eleito por ela seu senador vitalcio, cargo que
exerceu com grande orgulho por cerca de 30 anos.
Seu trabalho pacificador foi assim
reconhecido pelo lder farrapo Bento Gonalves em carta a um
amigo.
"Por fim temos uma paz que s conseguimos
algumas vantagens pela generosidade do Baro de Caxias,
desse homem verdadeiramente amigo dos rio-grandenses, que
no podendo fazer-nos publicamente a Paz nos fez o Baro o
que j no podamos esperar, salvando assim em grande parte,
nossa dignidade .
Ao Manoel Rosas, ditador argentino
proporo atravessar a fronteira com tropas argentinas e
ajudar os farrapos ,recebeu esta resposta do General Davi
Canabarro , ltimo comandante do Exrcito Farrapo :
"Com o sangue do primeiro soldado
argentino que atravessar a fronteira assinaremos a Paz com o
Imprio ...."
O sentimento de brasilidade era mais
forte naquele momento do que o de Repblica. Vale lembrar
que a Revoluo Farroupilha foi um laboratrio de tcnicas,
tticas e estratgias militares no Rio Grande do Sul. E mais
do que isto, foi uma escola de formao de lderes de
combate, que depois de combaterem por quase 9 anos como
republicanos farrapos e imperiais, se irmanaram na defesa do
Brasil nas guerras externas que se seguiriam contra Oribe e
Rosas 1851-52, contra Aguirre 1864 e do Paraguai 1865-70.
Na vitria contra Oribe e Rosas ficaram
definidos os limites do Brasil com o Uruguai ,atravs de
acidentes naturais. Ajudou-se a confirmar as independncias
do Uruguai e do Paraguai de influncia de Rosas e foi
assegurado o direito do Brasil a sua livre navegao no rio
da Prata, essencial para comunicar-se com a sua provncia
Mato Grosso. Enfim equilbrio poltico no Rio da Prata um
objetivo geopoltico conquistado temporiamente .
Na Guerra contra Aguirre do Uruguai o
Brasil nela se envolveu para defender estancieiros
brasileiros da fronteira que tinham suas propriedades
invadidas e os cerca de 40.000 brasileiros residentes no
Uruguai que tinham propriedades confiscadas e interesses
desrespeitados.
Mais uma guerra em defesa do objetivo
geopoltico do Brasil de assegurar o equilbrio poltico no
Rio da Prata .
A Guerra do Paraguai
A invaso do Uruguai em 1864 provocou a
interveno no conflito do Marechal Solano Lopes do Paraguai
que invadiu o Rio Grande do Sul por So Borja e conquistou
Uruguaiana e tambm invadiu o Mato Grosso pela Colnia
Militar de Dourados
Estes fatos provocaram a guerra da
Trplice Aliana Argentina Brasil Uruguai contra o
Paraguai 1865-70.
Com a presena de D. Pedro II e dos
presidentes da Argentina e Uruguai renderam-se em Uruguaiana
em 18 set 1865 , 550 oficiais e 5.131 soldados paraguaios
que haviam invadido o Rio Grande e ocupado Uruguaiana por
largo perodo .
Nesta guerra o Brasil defendeu a sua
Integridade e sua Soberania .A ltima ameaada pelo Paraguai
em seu direito de livre navegao no rio Paraguai essencial
para as comunicaes do Governo central no Rio com a
Provncia de Mato Grosso e impedida com a construo pelo
Paraguai da Fortaleza de Humait a Sebastopol da Amrica
do Sul .
Os aliados derrotaram a Marinha do
Paraguai em Riachuelo em 11 jun 1865, e o seu Exrcito em 24
mar 1866 na batalha de Tuiti ,onde destruram a capacidade
ofensiva ttica e a seguir a Dezembrada onde destruiram a
capacidade defensiva ttica de Solano Lopes depois de
haverem destruido a sua capacidade defensiva estratgica com
a conquista da Fortaleza de Humait que abriu o rio Paraguai
a livre navegao pelo Brasil .E finalmente a atuao do
Brasil no sentido da manuteno da Integridade e
independncia do Uruguai ,com vistas a manuteno do
equilbrio poltico no Prata.
No perodo 1680 1870 ,o Brasil ,no Rio
Grande do Sul ,conseguiu definir e proteger suas fronteiras
em obstculos naturais. Fato que exigiu da diplomacia
portuguesa e depois brasileira imperial e republicana
atuao e negociao permanentes e com muita freqncia luta
armada, conforme abordado.
No conseguiu a diplomacia colonial e
depois a imperial brasileira superar o gigantesco
antagonismo geopoltico do Prata representado por uma
convergncia para Buenos Aires de sua influncia sobre as
bacias dos formadores do rios da Prata os rios Uruguai,
Paran e Paraguai que penetram fundo no territrio
brasileiro.
Antagonismo geopoltico superado por
perodos intermitentes de 1680-1777, durante quase 100 anos
em que Colnia do Sacramento pertenceu a Portugal e de
1821-20, por cerca de 7 anos mquando o Uruguai integrou o
Brasil como sua provncia Cisplatina.
Hoje esta influncia de Buenos Aires
sobre reas brasileiras banhadas pelos afluentes citados,
vem sendo compensadas com a malha ferroviria e corredores
de exportao terminando nos portos de Porto Alegre e Rio
Grande, no caso do Rio Grande do Sul. Solues estas
sugeridas pelo Marechal Mrio Travassos como capito e
pioneiro em estudos geopolticos entre ns, ao qual se
atribui a localizao da Academia Militar das Agulhas Negras
em Resende, atendendo a critrios de Geopoltica.
Estabelecimento militar do qual viria a ser o seu primeiro
comandante em 1944 e o nico no posto de coronel . Hoje ele
patrono da Delegacia da Academia de Histria Militar
Terrestre do Brasil em Campinas SP
BIBLIOGRAFIA
A seguir apresentamos ao leitor e
pesquisador interessado, algumas fontes de interesse da
Histria da Geopoltica do Brasil no Prata e de sua projeo
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