A Batalha de Diu – 3 de
Fevereiro de 1509
José Virgílio Pissarra
3 de Fevereiro, sábado, dia de São Brás. Na boca do esteiro que
cerca a cidade guzerate de Diu, o grosso da armada portuguesa da
Índia, sob o mando de D. Francisco de Almeida, prepara-se para cair
sobre as forças navais da coligação muçulmana. São 11H00 e o dia é
de Verão claro e quente, a fazer pesar a armadura e a dorir os
braços, mas sem chuva. A artilharia e as espingardas poderão ser
usadas sem limitação. O inimigo parece dormir, os navios grossos
estão fundeados, lado a lado, com a popa voltada para praia. Das
armadas de remo de Diu e Calecut nem sinal. Os aliados dão a
iniciativa aos portugueses.
A esquadra
portuguesa entra no canal numa linha irregular, com a galé São
Miguel na vanguarda, sondando a profundidade, seguida pela velha
nau Santo Espírito, para atrair o primeiro fogo inimigo. Cada
comandante soube na véspera, da boca do próprio vice-rei, a sua
ordem de batalha. Os homens, que não dormiram, estão confessados e
muitos mandaram redigir o testamento. Um gole de vinho foi
distribuído para animar os espíritos. Estão tensos e silenciosos. Já
se avistam, em alguns dos navios inimigos, os estandartes do sultão
do Cairo. Ouve-se uma algazarra; no campo contrário grita-se o
alarme. Começou a grande batalha naval de Diu.

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