| Modelo Steyr 1885
 Este modelo que entrou em produção durante 
                          o ano de 1886, é idêntico no seu mecanismo, 
                          ao modelo experimental fabricado em Steyr em 1884. Uma 
                          vez tomada a opção pelo calibre 8 mm, 
                          implementaram-se as alterações necessárias 
                          na câmara, comprimento do cano e passo das estrias 
                          relativas ao aumento da carga de 4,0 para 4,5 g de pólvora 
                          Rotweil. Assim, este modelo final possui um cano com 
                          775 mm de comprimento e 4 estrias levógiras, 
                          permitindo obter uma velocidade à boca de 457 
                          m/s.
 
 
 
                           
                            |  |   
                            | Fig. 16 - Espingarda 
                                sistema Guedes, modelo 1885, fabricado em Steyer 
                                em 1886, com a respectiva baioneta. |  
 
                           
                            |  a |  b |   
                            | Fig. 17 a) - Pormenor 
                                da espingarda Guedes Steyr 1885, com o bloco de 
                                obturação descido e o mecanismo 
                                armado. São visíveis o número 
                                de série e os punções de 
                                Aprovação (A e coroa), tanto no 
                                bloco como na caixa de mecanismos. b) - Vista 
                                da culatra com o bloco de obturação 
                                descido e as garras de extracção 
                                recuadas.  |  O mecanismo de funcionamento 
                          não sofreu alterações em relação 
                          ao modelo Steyr 1884. Apenas o mecanismo de abertura 
                          da culatra recebeu uma ligeira correcção 
                          no percurso descendente do bloco obturador, o que facilitou 
                          a sua abertura mas originou os problemas descritos, 
                          que levaram à sua exclusão como arma regulamentar. 
                          
 
                           
                            |  a |  b |   
                            |  c |   
                            | Fig. 18 - Bloco 
                                de obturação e alavanca guarda-mato 
                                da espingarda Guedes 1885.   |  Este modelo estabelecido 
                          em 1885 e cuja produção foi iniciada em 
                          1886 é, exteriormente, quase indistinguível 
                          do anterior, não fossem as inscrições. 
                          Na face direita da caixa de mecanismos, possui gravado 
                          um bonito e elaborado monograma de D. Luís I, 
                          decorado com arabescos e encimado pela coroa real portuguesa 
                          e, na face esquerda, também gravado a buril, 
                          a inscrição da fábrica (OE.W.G.) 
                          circundada pelo modelo (M/1885) e pelo local e data 
                          de fabrico (STEYR 1886). 
 
                           
                            |  |  |   
                            | Fig 19 a) Monograma 
                                de D. Luís I na face direita da caixa de 
                                mecanismos.b) Marca da OEWG na face esquerda da caixa de 
                                mecanismos, designando esta arma como modelo 1885 
                                (M%1885) e o local e data de fabrico (Steyr 1886).
 |  Nos principais componentes 
                          desta arma, como sejam o cano, a caixa de mecanismos 
                          e o bloco obturador, surge uma punção 
                          com a letra A (Aprovado), bem como uma punção 
                          com a letra P (Provado) [12]. Próximo destes 
                          punções, surge igualmente uma coroa real, 
                          de pequenas dimensões, aplicada por punção 
                          e que, pela sua forma e por semelhança com outras 
                          observadas em outras armas, é presumivelmente 
                          portuguesa, embora o seu significado não esteja 
                          descrito. Contudo, poderá ser hipoteticamente 
                          entendida como associada aos oficiais da comissão 
                          de recepção destas armas que as verificaram 
                          em nome do reino. Observa-se ainda, a presença 
                          de uma punção com a letra k cujo significado 
                          é desconhecido, podendo tratar-se de uma punção 
                          do fabricante, já que esta letra não faz 
                          parte do alfabeto português. Todas as peças 
                          são numeradas (Fig. 18-19). Estas armas, inicialmente destinadas 
                          ao Exército Português, nunca chegaram a 
                          ser distribuídas, nem tão pouco chegaram 
                          a Portugal senão em reduzido número. No 
                          âmbito da alteração de contrato 
                          de fornecimento com a OEWG as espingardas que se encontravam 
                          prontas ou em fase de acabamento, ficaram na posse desta 
                          fábrica tendo sido depois vendidas directamente 
                          para o Transval e para o Estado Livre do Orange e usadas 
                          na guerra anglo-boer. Embora não tivessem grandes 
                          alternativas de escolha pelos bloqueios impostos, a 
                          verdade é que estas espingardas conquistaram 
                          grande reputação entre os Boers, fundamentalmente 
                          pelas suas características balísticas. 
                          Nos confrontos, os Boers que privilegiavam o combate 
                          em ordem dispersa e à distância, onde a 
                          pontaria individual era fundamental, os primeiros disparos 
                          de flagelação sobre as forças inimigas 
                          eram efectuados pelos homens com armas Guedes.
 As armas que foram encaminhadas para a África 
                          do Sul, conservavam todas as inscrições 
                          e gravações acima descritas, (nomeadamente 
                          o monograma real de D. Luís I) tendo sido acrescentado, 
                          na superfície plana sobre a câmara de disparo, 
                          a inscrição Z. A. R. (Zuid Afrikaanse 
                          Republiek) aplicada por punções individuais.
 
 
							
								| 
								 |  
								| 
								
								Fig. 20 Marcas Z.A.R. (Zuid Afrikaanse Republiek) aplicada nas armas 
								que foram vendidas, pela OEWG, para o Transvaal 
								e para o Estado Livre d’Orange, durante as 
								guerras anglo-boers. |  
						O número de espingardas 
						que foi vendido para a África do Sul é ainda objecto de 
						discussão, pois embora a documentação de alteração 
						contratual de Steyr refira 18 000 espingardas entre 
						prontas e em fase de acabamento, na verdade nunca me foi 
						dado observar nenhum exemplar com numeração superior a 8 
						000. 
						Este modelo possui 
						naturalmente um sabre baioneta, de lâmina direita, com 
						bainha em ferro, muito semelhante à baioneta da 
						Kropastchek. Nas costas da lâmina, possui gravada a 
						inscrição Steyr 1886. 
							
								|  a |  b |  
								| 
								
								
								Fig. 21.a)   
								Baioneta da espingarda Guedes, modelo 1885, com 
								bainha em ferro. b) Pormenor das costas 
								da lâmina, onde se pode observar a inscrição 
								Steyr 1886. |  
						Dos muito poucos 
						exemplares que terão ficado em Portugal, alguns 
						permaneceram na sua forma original, não tendo sido 
						distribuídos a nenhuma força militar ou militarizada, 
						metropolitana ou colonial, como frequentemente se 
						alvitra. Outros foram transformados, provavelmente na 
						Fábrica de Armas do Arsenal do Exército, em carabinas de 
						caça maior. O fuste foi recuado até meio do cano, 
						deixando assim de ter a braçadeira anterior com o 
						respectivo encaixe para a baioneta. A coronha permaneceu 
						idêntica porém, no local onde a alavanca guarda-mato 
						encosta à coronha, foi adicionado um sistema de 
						fecho-travão, que impedia a abertura do bloco obturador 
						no momento do tiro.Os diferentes modelos e 
						variantes desta arma podem ser sistematizados na 
						seguinte tabela: 
						Tabela I – Sistematização dos vários 
						modelos e principais características das espingardas 
						sistema Guedes 
							
								| Modelo | 
								Pricipais características | 
								Quantidade
								
								produzida | Principais marcas e punções |  
								| 
								FA 1884 | 
								Caixa 
								de mecanismos em latão. 
								Cano 
								Gras calibre 11 mm, 4 estrias levógiras | 
								50 | 
								  
								FA 1884 
								na face direita da caixa de mecanismos. 
								
								Numeração nas pricipais peças. 
								  |  
								| 
								  | 
								
								Variante 1: 
								Caixa 
								de mecanismos em aço 
								Calibre 
								11 mm, 4 estrias levógiras. | 
								19 | 
								  
								Sistema 
								Guedes gravado na face direita da caixa de 
								mecanismos. 
								
								Oesterreichische Waffenfabrik Ges. Steyr na face 
								esquerda da caixa de mecanismos. 
								  |  
								| 
								Steyr 
								1884 | 
								
								Variante 2: 
								Caixa 
								de mecanismos em aço. 
								Calibre 
								8 mm, 4 estrias levógiras. 
								Câmara 
								e passo de estrias ajustado  para 4,0 g de 
								pólvora. | 
								1 | 
								  
								
								“Sistema Guedes” gravado na face direita da 
								caixa de mecanismos. 
								
								“Oesterreichische Waffenfabrik Ges. Steyr” na 
								face esquerda da caixa de mecanismos. 
								  |  
								| 
								Steyr 
								1885 | 
								  
								Caixa 
								de mecanismos em aço. 
								Calibre 
								8 mm, 4 estrias levógiras. 
								Câmara 
								e passo de estrias adaptados para 4,5 g de 
								pólvora. | 
								No 
								máximo 18,000 
								Muito 
								provavelmente 8,000 | 
								Coroa e 
								monograma de D. Luis I na face direita da caixa 
								de mecanismos. 
								
								Gravação da OEWG, M/1885 e data de fabrico 1886, 
								na face esquerda da caixa de mecanismos e na 
								coronha. 
								
								Numeração com 4 dígitos nos principais 
								componentes da arma. 
								Punção 
								de prova “P”,  punção de aprovação “A” , pequena 
								coroa e punção “k” (desconhecido) nos principais 
								componentes da arma.  
								Nos 
								exemplares vendidos para o Estado Livre de 
								Orange e Transvaal, surge a gravação  Z.A.R.  
								sobre a câmara. 
								  |  
								| 
								Steyr 
								1885/ 
								Arsenal 
								do Exército | 
								Caixa 
								de mecanismos em aço. 
								Calibre 
								8 mm, 4 estrias levógiras. 
								Câmara 
								e passo de estrias adaptados para 4,5 g de 
								pólvora. 
								
								Adaptada para arma de caça maior: 
								    
								Cano mais curto 
								    
								Fuste recuado 
								    
								Sistema de travamento da alavanca do guarda-mato | 
								Numero 
								indeterminado | 
								Coroa e 
								monograma de D. Luis I na face direita da caixa 
								de mecanismos. 
								
								Gravação da OEWG, M/1885 e data de fabrico 1886, 
								na face esquerda da caixa de mecanismos e na 
								coronha. 
								
								Numeração com 4 dígitos nos principais 
								componentes da arma. 
								Punção 
								de prova “P”,  punção de aprovação “A” , pequena 
								coroa e punção “k” (desconhecido) nos principais 
								componentes da arma.  
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