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Conversões regulamentares Portuguesas de Pederneira em Percussão

CONVERSÔES REGULAMENTARES PORTUGUESAS

 DE PEDERNEIRA EM PERCUSSÂO

Jaime Regalado

Da pederneira à percussão

Desde o século XVIII que se conhecem compostos químicos que, por pressão ou por acção de uma pancada, dão origem uma pequena explosão. Contudo, o revolucionário sistema de ignição para armas de fogo, em que a faísca da pederneira é substituída pela explosão de um destes compostos (sal de mercúrio), surgiu apenas no início do século XIX, pela mão do pastor escocês Alexander John Forsyth

Fig. 1 Alexander John Forsyth, pastor da igreja presbiteriana em Belhelvie, Aberdeenshire, amante da caça aos patos e apaixonado pela química, conjugação de paixões que levaram à invenção do “fecho químico” e abriram uma nova era das armas de fogo.

 

O seu “fecho químico”, patenteado em 1807, foi um passo fundamental na evolução das armas de fogo e o passo primordial na evolução do conceito de munição, tal como hoje a conhecemos.

Fig. 2 Fecho sistema “rolling primer”, concebido e patenteado por Forsyth para utilizar a mistura fulminante.

 

Das inúmeras vantagens que este novo sistema apresentava sobre a tradicional pederneira, destacam-se a redução do tempo decorrido entre a inflamação da escorva e a partida do tiro – favorecendo a precisão, muito em especial sobre alvos em movimento; a funcionalidade deste sistema com quaisquer condições climatéricas, como chuva ou vento – o que não acontecia com a pederneira. Porém, e apesar das vantajosas implicações tácticas desta inovação técnica, a aplicação militar deste sistema de ignição não foi imediata. Os mecanismos, tal como inicialmente concebidos por Forsyth, eram frágeis, carentes de manutenção e caros, para que vissem uma aplicação militar em larga escala, apesar do Rev. Forsyth ter sido convidado a trabalhar na Torre de Londres para desenvolver este seu invento. Uma mudança tão radical no armamento ligeiro mostrava-se inconveniente numa altura em que a Europa e muito especialmente Inglaterra, se encontrava empenhada num conflito global como o das Campanhas Napoleónicas. Findo este conflito e após o Congresso de Viena, estabelecida a Quádrupla Aliança, a Europa entrava num período de paz, que se previa duradoura. Assim, com os milhares de armas de pederneira que voltavam aos arsenais ingleses, mais do que suficientes para assegurar o funcionamento das forças regulares de um pais a recuperar de um esforço de guerra, qualquer alteração seria desnecessária e inoportuna.
Fig. 3 Placa em bronze alusiva à invenção de Forsyth e às experiências levadas a cabo na Torre de Londres, no sentido de desenvolver e dar aplicação militar ao “fecho químico”. Esta placa encontra-se na Torre de Londres e no “King’s College” em Old Aberdeen.

Fig. 4 Espingarda sistema “tube lock”, uma das muitas variantes que foram surgindo após ter expirado a patente de Forsyth para o seu fecho químico. Neste caso, a mistura fulminante era colocada dentro de um pequeno tubo de metal macio, aberto na extremidade que contacta com a carga principal.

Paralelamente, o sistema de percussão ia granjeando admiração por parte de caçadores e atiradores em geral. Uma vez expirado o período de protecção da patente de Forsyth, a partir de 1821, foram surgindo, um pouco por toda a Europa, mas muito especialmente em Inglaterra, diversos melhoramentos deste sistema de ignição, que o tornavam cada vez mais fiável, eficiente e prático. Na década de 30 do século XIX, as autoridades militares reconheceram finalmente a necessidade de abandonar a pederneira e adoptar um sistema de ignição por percussão para as armas militares, altura em que este sistema se encontrava já na sua fase final de evolução, com emprego de cápsulas fulminantes em cobre.

Assim, em Inglaterra, em 1839, foi dada ordem para a transformação massiva das armas de pederneira em percussão, o que não se chega a concretizar pois o fogo na Torre de Londres de 1841, destruiu a maioria das armas passíveis de serem transformadas.

No resto da Europa a situação evoluía de forma semelhante, privilegiando a transformação das armas de pederneira ao invés do fabrico de novas armas já em percussão, foram surgindo diversas e engenhosas formas de implementar este novo sistema.  Em França, por exemplo, efectuavam-se os ensaios que conduziram a que, em 1840, fossem solicitados às câmaras os fundos necessários para se proceder à transformação das armas de pederneira.

Contrariamente ao resto das potências militares europeias, a Bélgica havia adoptado uma nova arma nascida em percussão, para equipar o seu exército.

 

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