ORGANIZAÇÃO
A organização militar
cristã no nosso País, no início
da nossa independência, e em termos extremamente
simples era baseada no seguinte pressuposto: a prestação
do serviço militar era o primeiro dos deveres
do vassalo para com o seu rei; este, por sua vez, tinha
por deveres: defender o vassalo quando ameaçado,
não lhe tirar o feudo sem motivo justificado
e administrar-lhe boa justiça.
A organização
militar dos mouros estava muito desenvolvida constituindo
a guerra para o muçulmano uma necessidade, um
dever e uma religião. Segundo o Profeta três
coisas garantiam ao muçulmano o paraíso:
um bom golpe de espada, um bom acolhimento feito ao
hospede e a oração nas horas indicadas.
Efectivamente o Alcorão encontra-se cheio de
incentivos para a guerra, de preceitos sobre as virtudes
militares e humanitárias. Não só
o Alcorão é um código religioso
mas também civil, militar, criminal, etc. Também
foram escritos imensos tratados sobre a arte da guerra.
ORGANIZAÇÃO
MILITAR CRISTÃ
Todos os homens livres estavam obrigados
ao serviço militar, prestado sob determinadas
formas. Este dever ia, em regra, até aos sessenta
anos, contudo as pessoas de mais idade não eram
dispensadas de ter cavalo e armas, se os seus bens assim
o permitissem.
HOSTE OU PÉ DE EXÉRCITO
Força militar do País mandada convocar
e comandada pelo próprio rei. Era constituída
pelos contingentes que os senhores das terras deviam
apresentar, as ordens militares e os concelhos ou municípios.
COMANDANTE EM CHEFE
O Rei
ALFERES-MOR
Recebia, transmitia e executava as ordens do soberano,
velando pelo seu cumpri-mento.
MESNADA
Soldados que constituíam uma unidade orgânica,
paga por um rico-homem ou senhor da igreja, que na ocasião
da guerra tinha de fornecer contingentes à "hoste".
CONTIA
Era a remuneração que os nobres recebiam,
não só pelo seu serviço individual,
mas também por cada "lança"
que eram obrigados a apresentar. O montante da "contia"
dependia do número de "lanças"
que os nobres tinham de colocar à disposição.
A "contia" nem sempre era paga a dinheiro,
mas em concessões de terras, certos direitos,
etc.
CONTO
Os municípios, como vassalos directos do rei,
tinham que apresentar obrigatoriamente e anualmente
um certo número de homens de armas que eram colocados
ao serviço do soberano.
PEONAGEM DO CONTO
Milícia própria que cada município
tinha que apresentar, o número de homens prontos
era determinada por foro.
LANÇA
Compreendia o homem de armas, o seu escudeiro, o pajem,
dois arqueiros a cavalo ou besteiros e um cutileiro.
BANDEIRA
Conjunto de cinco ou seis "lanças"
sob o comando de um chefe.
COMPANHIA DE HOMENS DE ARMAS
União de um certo número de "bandeiras".
CONSTITUIÇÃO DA CAVALARIA:
- Fidalgos vassalos do rei
- Lanças que os senhores das terras eram obrigados
a apresentar
- Cavaleiros e escudeiros nobres
- Cavaleiros das ordens monástico-militares
- Cavaleiros dos concelhos - cavaleiros-vilãos
CONSTITUIÇÃO DA INFANTARIA:
- Homens a pé que acompanhavam
os nobres e prelados
- Peões fornecidos pelos concelhos, que constituíam
a classe imediata aos cavaleiros-vilãos e que
não dispunham rendimentos para ter cavalo
- Besteiros do conto, a pé.
ORGANIZAÇÃO
MILITAR DOS SARRACENOS
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Os quadros
de tropas eram formados pelas pessoas de maior distinção,
tanto entre os muçulmanos, como entre os
que se colocavam ao seu serviço, acabando
por ser "a causa comum", assim como os
interesses que defendiam.
As tropas, a não ser nas
fronteiras onde se vivia com as armas nas mãos,
finda a guerra voltavam às suas ocupações
habituais, ficando no activo o núcleo de
soldados pagos e a guarda de corpo do "Califa".
O cavalo, foi sempre um objecto
de maior cuidado e estimação entre
os muçulmanos; o Alcorão qualifica
o cavalo como "o bem por excelência".
Um árabe "ama o cavalo como uma parte
do seu próprio coração e
sacrifica, para o manter, até o alimento
dos seus filhos".
Embora os sarracenos tivessem
uma grande estima pelos cavalos, numerosa e forte
nos seus exércitos, era a infantaria.
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CARGOS E FUNÇÕES
Muitos destes "postos" correspondiam simplesmente
a funções administrativas ou cargos sociais.
CALIFA
Era a suprema autoridade que de inicio dominou em todo
o povo muçulmano. Este cargo, por algum tempo,
foi exercido pelos discípulos e parentes de Maomé;
até que houve "Emires" que, tornando-se
independentes do poder central, adoptaram o título
de "Califa".
O "Grande Califa" era, por direito hereditário,
o comandante de todos os exércitos, o generalíssimo
por excelência. Mais tarde, quando houve muitos,
os "Califas" passaram a ser os Chefes supremos
das tropas das regiões onde imperavam.
Os "Califas" nomeavam, dentro
dos homens de sua total confiança, os seus "Emires".
EMIR
Esta palavra quer dizer "Chefe" ou "Senhor".
Administrativamente era uma espécie de "Vice-Rei",
título que se dava aos príncipes ou pessoas
de grande distinção; como tal pertencia-lhe
o governo e o mando das tropas da sua circunscrição,
auxiliado por um ou mais oficiais nomeados pelo "Califa".
O "Emir" deveria, antes de
mais, ser um chefe exemplar, superintendendo a organização
e definição das tropas a seu cargo, devendo
passar-lhes revista todas as Sextas-Feiras ou pelo menos
duas vezes por mês, nesta ocasião dava-se
baixa aos doentes, aos cavalos fracos e inutilizados
e renovava-se o armamento.
EMIR-ALMANZIL
Espécie do que viria a ser o nosso futuro "Aposentador-Mór",
encarregava-se de indicar a cada "Cabila"
(corpo de tropas) o local onde deveria estacionar.
EMIR AL-LABIAH
Encarregado de ordenar e dispor as tropas, segundo o
que estabeleciam as instruções para a
formação.
EMIR RAÍDE ou RAÍDE
Forregeador
VIZIR
Chamou-se primitivamente à autoridade imediata
ao "Emir". Mais tarde o "vizirato"
foi dividido por muitos funcionários ou ministros,
para os diversos serviços como: contabilidade,
correspondência, vigilância das fronteiras
e povoações, etc., tendo cada um o título
de "Vizir". Esta organização
manteve-se até ao fim da presença muçulmana
na Península Ibérica.
Estes correspondiam-se com o Califa
por intermédio do "Hajebe" que era
uma espécie de camareiro.
VALI
Governador da província, que como tal tinha o
mando das tropas, tendo a categoria imediata à
do "Emir", sob o ponto de vista administrativo.
Eram colocados principalmente nas terras de fronteira
e gozavam de uma grande autonomia.
Exercia as seguintes funções:
abastecimentos, aprestos para as campanhas, bagagens
para as tropas, fortificação, recrutamento
dos naturais. Acumulava ainda o serviço de fronteira
que consistia em manter, alargar e entrar em operações
sem necessitar da ordem do "Califa".
CHEFE DE TAÍFA
Categoria logo abaixo do "Vali" tinha a seu
cargo o comando de uma "Táifa" que
era um grupo de 800 homens.
DALIL
Chefe ou Guia encarregado de comandar ou conduzir superiormente
as tropas.
ALMOCADEM
Guia da vanguarda; era o comandante das tropas ligeiras
ou "Almogavares". Geralmente encarregava-se,
com os seus homens, de explorar e abrir caminhos para
o avanço das tropas, realizavam, igualmente,
incursões em território inimigo.
ALCAIDE
Dignidade superior militar, caudilho de uma grande unidade
do exército ou governador de armas de uma cidade
da província.
XORTA
Guarda da segurança e policia de uma cidade
ZALMEDINA
Alto cargo político e jurídico
SAHEB AXORTA
Estava debaixo das ordens imediatas do chefe do exército
"Senhor da Espada", julgava crimes e aplicava-lhes
a devida pena; cargo de alta consideração
e só se investiam nele os grandes chefes militares.
A sua autoridade não era extensível às
classes mais altas.
ALFERES
Entre os árabes queria simplesmente dizer "cavaleiro".
ALFAQUEQUE
Encarregado de resgatar cativos, escravos ou prisioneiros
de guerra.
ALVAZIL
Espécie de juiz fiscal da corte.
ARIDE
"Fiscal da fazenda" que estava encarregue
de verificar o número de pessoas de que se compunha
o exército, porque muitas vezes as relações
continham um número superior ao efectivo real.
ORGANIZAÇÃO:
- 1 Alcaide, 1000 homens
- 1 Taifa, 800 "
- 1 Serai, 400 "
- 1 Naquibe, 200 "
- 1 Arife, 40 "
- 1 Nadir, 8 "
HIERARQUIA:
EMIR
Chefe de cinco "Alcaides" ou seja cinco mil
homens. Utilizava como distintivo um estandarte chamado
"Raca", que só era desfraldado se a
grandeza do exército que comandava assim o permitia.
Conforme a maior ou menor importância das expedições,
assim eram os diversos cargos por ele designados.
ALCAIDE
Comandante de cinco "Naquibes" ou seja mil
homens. Transportavam um guião chamado "Alame".
NAQUIBE
Comandante de cinco "Arifes" ou seja duzentos
homens. Como distintivo usavam uma signa chamada "Liva".
ARIFE
Comandava cinco "Nadires" ou seja quarenta
homens, o seu distintivo era uma "Bande".
NADIR
Espécie da "cabo" que comandava oito
homens, sendo a sua insígnia a "Icda".
ALMOGÁVAR
Soldado de infantaria.
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