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História
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O Combate de Roliça 17-Ago-1808

O PRINCIPIO DO FIM
O combate de Roliça durou desde as 9 horas da manhã até pouco depois da 4 da tarde. Delaborde conseguiu cumprir a sua missão: causar atrição ao inimigo, em tempo e em meios humanos, preservando ao máximo os seus.
Existem alguns autores que tendem a evidenciar o facto de, apesar de possuir uma superioridade numérica, as forças Inglesas envolvidas em combate real com os Franceses era quase na proporção de um para um. O próprio General Wellesley defende esta argumentação para realçar o valor das suas tropas. Julgamos que não se trata de um ponto de realce porquanto se não existisse essa superioridade, materializada neste combate, na capacidade de um duplo envolvimento, nem o General Wellesley ousaria atacar uma posição como a da Columbeira, nem o General Delaborde pensaria em sair "tão cedo" do combate. O que nas operações desta natureza - trocar espaço por tempo - importa para quem está em inferioridade de meios são as capacidades do adversário e não o numero real que vai entrar em atrição.


Fotografia 6 - Fotografia actual do Monumento existente na povoação de Roliça alusivo ao Combate do dia 17 de Agosto de 1808
Com o combate de Roliça nada ficou resolvido! (Foto 6) Quatro dias mais tarde com as forças francesas reunidas e o Ingleses com reforços, outro confronto se desenrolará, desta vez na região do Vimeiro.

OS COMANDANTES
Nenhuma análise de batalha, por muito pequena que seja, fica completa sem uma pequena referência aos Comandantes das forças em combate.
General Delaborde (1764 - 1833)
Alistou-se aos 19 anos, como soldado, no Régiment de Condé, mas a Revolução proporcionou-lhe uma ascensão rápida e em 1893 era General de Divisão. Na primeira Invasão Francesa ao nosso País comandou uma Divisão. Voltou à Península com Soult combatendo na Corunha e no Porto. O General Foy na sua obra "Histoire de la Guerre de la Péninsule sous Napoléon" publicada em Paris em 1827, falou de Delaborde elogiando-lhe o sangue-frio e energia. Caracterizou-o como um "velho guerreiro querido pelos seus homens e que rapidamente os inspirava pelo seu vigor e confiança" . O próprio Wellesley reconheceu a habilidade, celeridade e coragem na forma como os franceses defenderam . Recebeu o grau de Conde em 1808. Comandou uma divisão da Guarda Imperial na campanha da Rússia. Em 1815 juntou-se a Napoleão mas depois de Waterloo não voltou a servir.
General Wellesley (1769-1852)
Falamos obviamente do Duque de Wellington. Falar de Wellesley é falar da Guerra Peninsular. Em 1808 Wellesley tinha trinta e nove anos e uma carreira consolidada. Falaremos dele aquando da Batalha do Vimeiro.

"MONUMENTO FUNEBRE AO TENENTE-CORONEL LAKE"
No volume X da obra "Historia Organica e Politica do Exército Português" escrita pelo Coronel Christovam Ayres de Magalhães Sepulveda e publicada em 1913, existe um interessante capitulo sobre o Monumento em homenagem ao Tenente-Coronel Lake, Comandante do 29ºRegimento e que ainda hoje existe no cimo da Columbeira. Foi nesse local que o Tenente-Coronel Lake foi enterrado no dia 17 de Agosto de 1808 depois de perecer à testa do seu Regimento quando carregava contra os Franceses por uma das linhas de água que conduzia à Columbeira. Em Abril de 1903 Victoriano José Cesar escrevia a Christovam Ayres que "hoje que aquelle singelo monumento está em completo abandono e prestes a desaparecer, seria tambem da nossa parte um dever conservar essa homenagem feita á bravura de aquelle que, defendendo o solo português, aqui veio verter o seu sangue e deixar a sua vida" . O Coronel Christovam Ayres não ficou insensível a esta carta e ponderou a possibilidade do monumento ser restaurado por iniciativa do Governo Português ou pelo corpo de oficiais da unidade que representava, naquela altura o 29ºRegimento. Foi pela segunda modalidade que o monumento acabou por ser restaurado em Agosto de 1903. Não deixa de ser curioso o facto de Christovam Ayres ter encontrado na comunidade Inglesa residente em Portugal, um descendente de militar que combateu na Roliça e no Vimeiro e que tinha um filho que era tenente no 1º Batalhão Worcestershire, com sede na Irlanda e, precisamente, o herdeiro das tradições do 29ºRegimento. Foi este Tenente, Alfred F. Custance de seu nome, que junto do corpo de oficiais do Batalhão estabeleceu os contactos para que a restauração fosse por conta dos Oficiais. (Fotos 4 e 5)
Embora devidamente assinalado, o monumento está a precisar de ... restauração!

Fotografia 4 - Monumento de homenagem ao Tenente-Coronel Lake depois de restaurado em 1903 pelo corpo de Oficiais do 1º Batalhão Worcestershire, unidade herdeira das tradições do 29º Regimento. Fotografia 5 - Monumento de homenagem ao Tenente-Coronel Lake em Novembro de 2003. Quase um século depois, e ainda que bem assinalado talvez seja preciso, não restaurar, mas pelo menos limpar as ervas.

Miguel Freire

O Autor agradece a gentileza do Instituto Geográfico do Exército na cedência do programa PCMAP/32 versão 4.0 para elaboração das perspectivas usadas no esquemas 1 e 2.

Notas:

1 - A 25 de Junho Napoleão encontrava-se com Alexandre da Rússia para negociações. A 9 de Julho o tratado de paz era assinado com a Rússia e a 12 de Julho com a Prussia. A Rússia, por generosidade de Napoleão, conseguiu obter muito mais do que o seu estatuto de derrotada em Friedland fazia prever. Por outro lado a Prussia, foi humilhada perdendo muitas das suas posses.
2 - Primeiro-ministro espanhol corrupto e que controlava os destinos do país através da relação amorosa que tinha com a Rainha.
3 - Selvagem, Carlos, Portugal Militar, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, pg 495
4 - Em concreto, usamos terminologia da Doutrina Conjunta da NATO constante no documento Allied Joint Doctrine AJP - 01(B)
5 - Trata-se do estado político e/ou militar que é necessário alcançar para que a operação seja considerada terminada em termos favoráveis. Este estado final deverá ser estabelecido antes da operação.
6 - Trata-se da característica ou capacidade da qual uma nação ou aliança retira a sua liberdade de acção, força física ou vontade de combater.
7 - É o ponto a partir do qual o Centro-de-Gravidade do inimigo pode ser ameaçado. Este ponto poderá ser temporal, espacial ou no âmbito das informações.
8 - Cesar, Victoriano, Estudos de História Militar, Typ da Cooperativa Militar, Lisboa, 1903, pg88
9 - Arquivo Histórico-Militar, Boletim do Arquivo Histórico-Militar 46º volume, Lisboa, 1976, pg 129
10 - Op cit, pg 271
11 - Nalgumas obras fala-se em Brilos.
12 - TCor Gurwood, The Dispatches of Field Marshal The Duke of Wellington during his various campaigns in India, Denmark, Portugal, Spain, the Low Countries, and France from 1799 to1818, Londres, 1837, Vol IV, pg98
13 - Maxwell, W. H., Peninsular Sketches by actors on the scene, pg 10 (tradução do autor)
14 - Foy, General Maximilian, Junot's Invasion of Portugal 1807-1808, Edição facsimile pela Worley Publications, 2000, pg 157
15 - Gurwood, op cit, pg 99
16 - Fletcher, Ian, Voices from the Peninsula, Greenhill Books, Londres, 2001, pg16
17 - Foy, op cit, pg 155 (versão inglesa)
18 - Gurwood, op cit, pg 99
19 - Sepulveda, Christovam, Historia Organica e Politica do Exército Português, Vol X, Lisboa, 1913, pg160-161

BIBLIOGRAFIA

Arquivo Histórico-Militar, Boletim do Arquivo Histórico-Militar 46º volume, Lisboa, 1976, 472 pp

Cesar, Victoriano J., Estudos de História Militar, Typ da Cooperativa Militar, Lisboa, 1903, 162 pp

Chandler, David, Dictionary of The Napoleonic Wars, Wordsworth Editions, edição de 1999, 570 pp

Chartrand, René, Vimeiro 1808, Campaign Nº90, Osprey Publishing, 2001, 96 pp

Fremont-Barnes, Gregory, The Napoleonic Wars. The Peninsular War 1807-1814, Essential Histories, Osprey Publishing, 2002, 95 pp

Fletcher, Ian, Voices from the Peninsula. Eyewitness Accounts by Soldiers of Wellington's Army 1808-1814, Greenhill Books, Londres, 2001, 303 pp

Foy, General Maximilian, Junot's Invasion of Portugal 1807-1808, Edição facsimile pela Worley Publications, 2000, 189pp

Haythornthwaite, Philip J., Who was who in the Napoleonic Wars, Arms and Armour, 1998, 351 pp

Oman, Sir Charles, A History of the Peninsular War, Volume I, Greenhill Books, edição 1995, 656 pp

Partridge, Richard and Michael Oliver, Battle studies in the Peninsula. May 1808 - January 1809, Londres, 1998, 284 pp

TCor Gurwood, The Dispatches of Field Marshal The Duke of Wellington during his various campaigns in India, Denmark, Portugal, Spain, the Low Countries, and France from 1799 to1818, Londres, 1837, Volume IV, 568pp



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