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Armamento
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Pistola Savage

4. Descrição e características técnicas

A pistola Savage calibre .32 auto foi fabricada entre 1908 e 1920. Ao longo destes treze anos sofreu diversas alterações, que deram origem a um número significativo de variantes. O modelo adquirido em 1915, pelo exército português, corresponde na nomenclatura do fabricante ao modelo 1907-1913 modificação nº 3, que em Portugal tomou a designação oficial de Pistola 7,65 mm m/915.

Fig. 8 Pistola semi-automática SAVAGE calibre .32 auto modelo 1907-1913 que em Portugal tomou a designação oficial "Pistola 7,65 mm m/915"

Trata-se de uma pistola que funciona por acção indirecta de gases, com recuo simples da culatra, não havendo um travamento propriamente dito, mas sim um retardamento da abertura da culatra por rotação do cano.

No momento do disparo, quando o projéctil entra nas estrias do cano e é forçado a efectuar o movimento de rotação num determinado sentido, forma-se um par de forças acção/reacção que força o cano a rodar no sentido inverso, da direita para a esquerda, que mantém temporariamente a culatra ligada ao cano.

Após a saída do projéctil à boca do cano, tem início o recuo por acção indirecta dos gases. O cano permanece fixo, pois o dente inferior (Fig. 9) continua inserido na mortagem do bloco do punho (Fig. 10), impedindo-o de recuar, enquanto a corrediça e a culatra dão início ao movimento de recuo, comprimindo a mola recuperadora (que envolve o cano) (Fig. 13). No início deste movimento, por acção de uma mortagem-guia no interior da corrediça (Fig. 11), onde se insere o dente superior do cano (Fig. 9 e 12), este é forçado a efectuar um movimento de rotação no sentido horário, de modo a efectuar-se o "destravamento" e a extracção do invólucro. Este, puxado pela garra do extractor, é trazido de encontro ao ejector (fixo), que o projecta para o exterior através da janela de ejecção. Neste percurso da culatra, o cão é forçado a rodar sobre o seu eixo e a mola do percutor a comprimir. até que o cão, passando sobre o dente de armar, seja retido.

Fig. 9 Cano da pistola Savage onde se podem observar os dentes superior e inferior.
Fig. 10 - Grupo do punho da pistola Savage permitindo observar a mortagem onde se insere o dente inferior do cano.
Fig. 11 Vista do interior da corrediça onde se pode observar a mortagem-guia onde se inser o dente superior do cano, forçando-o a rodar no sentido horário para se dar o "travamento" e no sentido anti-horário quando se dá o destravamento.
Fig. 12 Pormenor do dente superior do cano que se insere na mortagem-guia da corrediça de modo a assegurar a rotação deste no travamento e destravamento da culatra

Terminado o recuo, tem início a recuperação, onde o conjunto da culatra e da corrediça é levado à frente, por distensão da mola recuperadora. No seu percurso, a munição apresentada e mantida em posição pelas orelhas do carregador, é impelida contra a rampa de carregamento. No final deste percurso, a mortagem-guia faz agora o cano rodar no sentido anti-horário, iniciando-se a primeira fase da obturação que se completa quando, por deflagração da munição entretanto inserida na culatra, o cano é igualmente forçado a rodar no sentido anti-horário, completando o ciclo de funcionamento.

Fig. 13 Diferentes blocos que constituem a pistola Savage: 1 - Corrediça; 2 - Cano e mola recuperadora; 3 - bloco da culatra; 4 - Punho e 5 - Carregador.

Para além deste mecanismo inovador de pseudo-travamento por rotação, que constitui o principal aspecto da patente de Elbert Searle, esta arma encerra no seu conjunto mais algumas inovações, onde se destaca a desmontagem dos componentes principais sem o emprego de qualquer ferramenta, e o emprego de um carregador bifilar (o primeiro com emprego militar) com capacidade para dez munições. Este aspecto constituía uma vantagem significativa em relação às habituais seis e, em alguns casos, cinco munições.

As armas que foram fornecidas para Portugal, conservaram a numeração da Savage Arms Co. e estão numeradas num único local: no topo anterior do bloco do punho. Não há numeração no cano nem em nenhuma outra peça ou componente da arma, nem tão pouco os dois últimos dígitos da numeração em alguns componentes. A numeração não é sequencial, situando-se entre 112 402 e 162 961 (de acordo com os exemplares até agora observados), o que corresponde a anos de fabrico entre 1910 e 1915. De acordo com informação obtida junto da Savage, logo que um punho era fabricado recebia um número de série e, só posteriormente, a arma era finalizada. O que significa que as armas vindas para Portugal, como se disse do modelo 1907-1913, incluem os melhoramentos introduzidos em 1913 apesar de alguns punhos terem sido fabricados em 1910. Assim, muito possivelmente todas estas armas foram finalizadas sequencialmente, apesar dos números não serem sequenciais.

Estas armas, inconfundíveis na forma, possuem um acabamento oxidado negro acetinado, com excepção do gatilho, que possui um acabamento jaspeado. Na superfície superior da corrediça pode ler-se a inscrição (Fig. 12):

SAVAGE ARMS CO. UTICA. N.Y. U.S.A. CAL. 32.
PATENTED NOVEMBER 21. 1905 - 7.65 M-M


Fig. 14 Pormenor da legenda gravada na superfície superior da corrediça

No lado esquerdo do punho, possui a patilha de segurança e as inscrições SAFE e FIRE.

Estas pistolas não possuem nenhuma punção de verificação, aplicada em Portugal pela habitual comissão de recepção, nem nenhum tipo de inscrição que reflicta o seu uso no Exército ou Marinha Portuguesa, onde também esteve distribuída.

Alguns exemplares possuem umas platinas, onde o logótipo da Savage Arms Co., foi substituído pelo escudo português sobre a esfera armilar. Não foi ainda possível perceber quantos exemplares possuem estas platinas, pois apenas dois estão identificados, podendo tratar-se de uma cortesia promocional da Savage Arms Co. ou uma personalização de algumas poucas armas.

Principais características principais da "Pistola 7,65 mm m/915".

Comprimento total: 167 mm

Peso sem carregador: 500 g

Peso municiada com 10 munições: 628 g

Comprimento do cano: 95 mm

Número de estrias: 6 (dextrógiras)

Largura das estrias: 1 mm

Passo das estrias: 200 mm
Fig. 15 Manual de instruções da pistola Savage, editado pelo Arsenal do Exército em 1915, distribuído junto das unidades militares.  

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