A BATALHA DO VIMEIRO
- 21 DE AGOSTO DE 1808
"Desembarcarão,
espero eu, amanhã". No dia 18
de Agosto e da povoação da Lourinhã,
Wellesley dirige-se, por carta, ao Secretario
Militar para o informar dos reforços que
já estavam a chegar a Portugal. Para que
o desembarque fosse efectuado na praia da Maceira
(Porto Novo) e com o objectivo de garantir a sua
protecção, Wellesley fez deslocar,
nesse mesmo dia, todas as suas forças para
a região do Vimeiro para daí cobrirem
a foz da Ribeira de Alcobrichel (Maceira).
Os primeiros reforços são desembarcados
no dia 19 e correspondiam às tropas da
Brigada do General Anstruther (fotografia 1),
enquanto a Brigada do General Ackland (fotografia
2) desembarcava na noite de 20 mas em Paymogo,
na foz da ribeira da Areia Branca(1) , cerca de
10 quilómetros a norte de Maceira . Ambos
os desembarques não foram calmos afundando-se
algumas embarcações e morrendo vários
soldados por afogamento. Este reforço representava
mais cerca de 4.035 homens, 2.703 da Brigada Anstruther
e 1332 da Brigada Ackland. (organograma 1 - Ordem
de Batalha dos Ingleses)
|
|
|
Fotografia
1 - Fotografia do Azulejo existente na praça
da Vila de Vimeiro alusivo ao desembarque da
Brigada do General Anstruther no dia 19 de Agosto
de 1808. A legendagem refere que o desembarque
foi em Paymogo. Contudo pela documentação
lida, nomeadamente na obra de Victoriano Cesar,
Estudos de História Militar, da Tipografia
da Cooperativa Militar, publicada em Lisboa
em 1903 na página 109 o local de desembarque
desta brigada foi em Porto Novo.
|
Fotografia 2
- Fotografia do Azulejo existente na praça
da Vila de Vimeiro alusivo ao desembarque da
Brigada do General Acland no dia 20 de Agosto
de 1808. Na mesma obra referida na legendagem
da foto 1, o desembarque desta brigada foi em
Paymogo.
|
Organograma 1 - Ordem de Batalha dos
Ingleses (já contando
com os reforços das brigadas de Acland e Anstruther)
O PLANO INGLÊS
Qual era então
o Plano de Wellesley? O seu Ponto Decisivo era a conquista
de Lisboa(2) . Sabia que quanto mais directo e rápido,
melhor. Só que com o reforço da Brigada
Ackland vinha Sir Harry Burrard, um dos vários
superiores de Wellesley que haveriam de chegar a Portugal.
Apesar de ter tomado todas as disposições
para o movimento ofensivo a 21 de Agosto, assim que
soube que Harry Burrard estava a bordo da fragata
Brazen nas proximidades de Porto Novo, Wellesley foi
conferenciar com o seu novo superior e a ele apresentou
o seu plano ofensivo:
Supondo que Junot não tomaria a ofensiva e
se limitaria a defender o desfiladeiro de Torres Vedras,
Wellesley proponha-se tornear aquela posição,
por uma estrada existente entre a costa e Torres Vedras.
Este movimento torneante seria feito em marcha forçada
com uma guarda avançada forte, para alcançar
Mafra, enquanto o grosso da força ocuparia
uma linha de alturas capaz de impedir a retirada das
forças de Junot por Cabeça de Montachique
(a pouco mais de vinte quilómetros a sul de
Torres Vedras). Enquanto Wellesley executava este
plano, deviam as tropas de John Moore desembarcar
na foz do Mondego e dirigirem-se para Santarém
de onde poderiam facilmente cortar qualquer retirada
de Junot para Espanha.
Harry Burrard não aprovou o plano. As informações
eram de que as forças de John Moore estavam
ao largo e que nenhuma postura ofensiva deveria ser
tomada sem que estas tivessem desembarcadas, sob pena
de não haver potencial capaz de vencer os Franceses.
Wellesley manteve-se, para seu descontentamento, na
região do Vimeiro.
Esta região proporcionava uma posição
forte por natureza, oferecendo excelentes condições
para a missão a que Wellesley se tinha proposto:
proteger o desembarque em Porto Novo. Mas também,
por estar demasiado perto do mar, não oferecia
espaço de manobra, o que poderia concorrer
para um desastre, ou seja, em vez do desembarque,
efectuar um embarque sob pressão, caso o inimigo
atacasse com ímpeto e potencial suficientes.
O dispositivo (mapa 1) adoptado por Wellesley tinha
em mente a protecção do desembarque.
Assim, posicionou seis brigadas na região de
Portelas. Formou duas linhas, uma primeira, que da
esquerda para a direita, era constituída pela
3ª Brigada (Nightingale), 5ª Brigada (Crawford)
e a 1ª Brigada (Hill). Uma segunda linha constituída
pela 2ª Brigada (Fergusson), 4ª Brigada
(Bowes) e a 8ª Brigada (Ackland). Estas brigadas
tinham consigo 8 peças de Artilharia, destacando
na estrada para S. Pedro da Cadeira, os seus postos
avançados.
Na colina a sul da povoação do Vimeiro
estavam a 6ª Brigada (Fane) e a 7ª Brigada
(Anstruther) apoiadas por 6 peças de artilharia.
A brigada de Anstruther ocupava na esquerda a Igreja
e o antigo cemitério, interceptando o caminho
que seguia de Carrascais até à povoação
do Vimeiro. Na povoação estava a reserva
e no vale, imediatamente a oeste do Vimeiro, estava
a Cavalaria.
Junto à povoação de Maceira estava
a infantaria portuguesa e uma parte da cavalaria.
Por ser considerado o lado menos provável de
aproximação do inimigo, Wellesley deixou
o flanco nordeste, correspondente à estrada
que vai do Vimeiro à Lourinhã por Fonte
de Lima e Ventosa, guarnecido somente com um piquete
da Infantaria portuguesa e alguns soldados britânicos.
Wellesley decidiu não empregar a pouca cavalaria
que tinha em missões de vigilância.
Mapa 1 - Versão
"colorida" do mapa existente na obra
de Victoriano Cesar, Estudos de História
Militar, da Tipografia da Cooperativa Militar,
publicada em Lisboa em 1903. As posições
correspondentes às unidades inglesas
correspondem ao primeiro dispositivo tomado
por Wellesley, enquanto as de Junot estão
já bastante avançadas no terreno.
|
OS FRANCESES
No dia do combate de
Roliça, Junot e Loison concentravam-se no Cercal.
"Junot tinha sido informado por camponeses que
Delaborde estava a combater os Ingleses, depreendendo
que estes se dirigiam para Lisboa, pela estrada de
Torres, enquanto o Exército Português
seguiria uma outra estrada - a que ligava Rio Maior
a Alcoentre. Como Junot preocupava-se mais com o exército
inglês, resolveu atacar primeiro este e só
depois de o vencer se dedicaria ao exército
português. Desta forma determinou que a concentração
de todas as suas tropas seria na região de
Torres Vedras"(3) . No dia 18 de Agosto, Junot
e a divisão de Loison entravam em Torres Vedras
e Delaborde juntar-se-lhes-ia, no dia seguinte.
Os destacamentos de Cavalaria apenas informaram que
os Ingleses estavam concentrados na região
do Vimeiro e que os Portugueses estavam a alguma distância.
Junot sabia bem que o tempo não jogava a seu
favor. Os Ingleses tornar-se-iam mais numerosos com
o tempo, para além de Lisboa estar abandonada
a uma guarnição mínima. Era então
necessário, que fosse até eles, estivessem
onde estivessem, fosse qual fosse o seu numero(4)
.
No fim da tarde do dia 20, Junot decidiu avançar
enviando toda a sua cavalaria para reconhecimento
aos mesmo tempo que permitia a saída de posição
das suas divisões de infantaria. (organograma
2 - Ordem de Batalha dos Franceses)
Organigrama 2 -
Ordem de Batalha do Exército Francês
Página
seguinte >>>
|
|
|