 |
TROPAS
PORTUGUESAS PARA FRANÇA
Em 1917 foram
criadas duas forças expedicionárias
para França: o Corpo Expedicionário
Português (C.E.P.) sob o comando do General
Tamagnini de Abreu que ali ficaria sob as ordens
superiores do Marechal Sir Douglas Haig comandante
em chefe das forças do Reino Unido, e o
Corpo de Artilharia Pesada Independente (C.A.P.I.)
comandado pelo Tenente-Coronel Tristão
da Câmara Pestana, que estava subordinado
ao comando francês, da zona a que estivesse
destinado.
CORPO
EXPEDICIONÁRIO PORTUGUÊS
1917 - 1918
UNIFORME DE CAMPANHA
PRAÇAS
E SARGENTOS
|
Barrete: |
Todo
de fazenda cinzenta igual ao dólman, formado
de duas partes ligadas por uma costura em toda a
volta. A pala e a parte cilíndrica são
endurecidas por meio de pespontos. Francalete de
couro castanho-escuro e ligado ao barrete por meio
de botões oxidados, fig. 1 |
 |
Figura
1
|
Dólman: |
|
De
cotim de algodão ou mescla de lã cinzenta,
tendo uma algibeira de cada lado na altura do peito,
com fijolas nas partes laterais, abotoando verticalmente,
ao meio do peito, por seis botões de unha
pretos, cobertos por uma pestana. A gola fecha por
intermédio de dois colchetes. As mangas não
têm canhões.
As algibeiras
são cobertas por uma pestana, que abotoam
por intermédio de botões pequenos
cosidos às mesmas algibeiras.
Platinas direitas
e confeccionadas no mesmo tecido do dólman.
Na altura
da cintura e na direcção do quadril
tem, de um e do outro lado, uma presilha com a
mesma forma e largura das platinas, tudo conforme
as figuras 2 e 2a
|
|
|
Fig.
2
|
Fig. 2a
|
Dólman
- Modelo Inglês: |
|
Após
a chegada das nossas tropas a França, grande
parte dos uniformes, passaram a ser confeccionados
em Inglaterra, assim e por uma questão prática
os dólmanes fornecidos aos nossos militares
eram iguais aos ingleses (fig. 3), embora de cor
diferente, o nosso cinzento passou a ser azulado,
quase o chamado "azul horizonte" das tropas
francesas, contudo os tons de cinzento variavam
conforme o lote e a disponibilidade de tecidos.
O dólman
abotoa ao meio do peito por cinco botões
grandes oxidados. Gola de voltar, abotoando por
intermédio de dois colchetes.
Tem na frente
quatro bolsos, sendo dois superiores cosidos pelo
lado de fora, com um macho e pestana, que é
abotoado por botões pequenos oxidados.
No peito acima dos bolsos superiores e sobre os
ombros, tem um reforço da mesma fazenda.
Platinas direitas, tudo como nos indicam as fig.
3a e 3b.
|
|
Fig.
3
|
|
|
Fig.
3a
|
Fig.
3b
|
Calças: |
|
De
cotim de algodão ou mescla de lã cinzenta,
com duas algibeiras abertas horizontalmente nas
folhas anteriores, fig. 4. O comprimento das calças
das tropas apeadas deve ser regulado por forma que
a orla inferior diste três centímetros
do solo, quando se tome a posição
de sentido. As praças montadas utilizarão
a calça mais comprida, de modo que a orla
assente bem na pua da espora. |
|
Fig. 4
|
Capote
(tropas apeadas) |
|
De
mescla cinzenta com duas abotoaduras, cada uma de
seis botões grandes de metal oxidado, igualmente
espaçados, no sentido da altura.
As duas folhas
da frente e a das costas são cortadas de
uma só peça, e nas costas, a partir
da orla inferior, tem, a meio da roda, uma abertura
longitudinal, acompanhada de uma pestana interior,
tendo três botões pequenos de metal
oxidado. Nas costuras de ligação
das costas com as folhas da frente têm duas
pestanas que dão entrada a duas algibeiras
colocadas interiormente. Junto às pestanas
e na altura da cintura, tem as presilhas destinadas
a a dar passagem ao cinturão.
A gola é
da mesma mescla e de voltar, apertando por meio
de um colchete.
As mangas
devem ser suficientemente largas para que permitam
vestir o capote com facilidade e, o seu comprimento
deverá ser tal que o militar, tendo os
braços estendidos naturalmente, o extremo
da manga chegue à ligação
da mão com o antebraço.
O comprimento do capote deve ser regulado para
que a orla inferior diste trinta centímetros
do solo, tudo conforme a fig. 5.
|
 |
Fig.
5
|
Capote
(tropas montadas) |
|
De
mescla cinzenta, tendo as folhas da frente e a das
costas cortadas de uma só peça. As
presilhas são da mesma mescla, bem como a
gola que é de voltar tendo os cantos ligeiramente
arredondados e aperta por meio de um colchete.
Pela parte
exterior e na altura do segundo botão do
guarda-mangas tem uma algibeira que fecha por
meio de uma pestana com um botão.
Na frente,
assim como no guarda-mangas tem quatro botões
grandes de metal oxidado.
O comprimento
do cabeção deve ser tal que a orla
fique equidistante do ombro ao cotovelo.
Nas costas,
a partir da orla inferior, tem, a meio da roda,
uma abertura longitudinal, acompanhada por uma
pestana interior que tem quatro botões
pequenos de metal oxidado.
O comprimento
do capote deve ser regulado para que a orla inferior
diste vinte centímetros do solo, tudo como
a fig. 6.
|
 |
Fig. 6
|
Grevas
(tropas apeadas) |
|
De
mescla cinzenta impermeável, com dois metros
de comprimento e doze centímetros de largura,
não devendo cada par pesar mais de trezentas
gramas. Numa das extremidades, que terminará
em ponta, terá cosido uma fita de lã,
da mesma cor, com um metro de comprimento e um centímetro
de largura.
As grevas
são do modelo da fig.7 e colocam-se conforme
se pode ver na respectiva ilustração.
|
|
|
Fig.
7
|
Botas:
Da
cor natural do couro, untadas, com sola dobrada,
tacão de meia prateleira e tachadas, conforme
as fig. 8 e 8a. |
|
|
Fig.
8
|
Fig.
8a
|
Polainas
(tropas montadas):
De atanado (couro curtido) de cor natural, conforme
a fig. 9. |
Esporas:
De
ferro com correia, fig. 10 |
|
|
Fig.
9
|
Fig.
10
|
MODIFICAÇÕES
DE NOVEMBRO DE 1916 INTRODUZIDAS NOS UNIFORMES PELO
C.E.P.
Pela circular confidencial
nº 1206 de 25 de Novembro de 1916, determinou o
General Comandante do C.E.P. que se observassem as seguintes
instruções:
CAPOTES - TROPAS
APEADAS
Passam a ter um comprimento, que o bordo inferior da
aba diste 40 centímetros do chão. Têm
dois bolsos na frente, imediatamente abaixo da cintura,
fechando por uma pestana por intermédio de um
botão de metal oxidado.
CAPOTES - TROPAS
MONTADAS
Passam a ser iguais aos das tropas apeadas, mas com
mais roda e a abertura posterior mais subida.
AGASALHOS DE PESCOÇO
Passa a ser permitido for a dos actos de serviço
(
)e só quando o rigor do tempo o aconselhe
ou por indicação médica (
)
a utilização de um agasalho de pescoço
(cachecol) de cor cinzenta ou castanho.
GREVAS
É obrigatório o uso de grevas nas praças
apeadas em formatura. Durante a estação
quente as praças montadas, quando em serviço
apeado ou em passeio, utilizam grevas em substituição
das polainas.
MOTORISTAS E MOTOCICLISTAS
Podem utilizar casacos de pele de carneiro, quando o
tempo assim o aconselhar. Os motociclistas estão
igualmente autorizados a usar um impermeável
ou agasalho especial para a cabeça.
DISTINTIVOS
As
divisas indicativas do posto de Cabos e Sargentos
passam a ser de pano ou fita de cor azul, em substituição
do vermelho, sendo assentes em passadeiras de pano
preto, em substituição do azul ferrete,
colocam-se nas platinas dos dólmanes e capotes
das praças apeadas.
Nos capotes
das praças montadas, no caso de ainda serem
do padrão de 1913, as divisas passam a
ser assentes sobre carcelas de mescla cinzenta
na gola.
Os graus hierárquicos
eram identificados do seguinte modo:
- Uma fita, Segundo-cabo
- Duas fitas, Primeiro-cabo
- Três fitas, Segundo-sargento
- Quatro fitas, Primeiro-sargento
Tudo como
nos indica a figura nº 11.
|
|
Fig. 11
|
ORDEM DE SERVIÇO
N.º 138
Por esta O. S. datada
de 11 de Novembro de 1917, publicou-se uma lista de
fardamento de origem inglesa, a utilizar pelas nossas
tropas e com os respectivos custos em francos, onde
constavam: barretes, capotes apeados e montados, dólmanes,
calções e grevas.
EQUIPAMENTO
O equipamento "base"
era a versão inglesa m/1908, sendo a sua nomenclatura,
por nós adoptada, a seguinte:
Cinturão
m/912, fig. 12 |
Mochila m/912,
fig. 13 |
|
|
Fig. 12
|
Fig.13
|
Porta cartuchos
m/912, fig. 14 |
Bornal m/911,
fig.15 |
|
|
Fig. 14
|
Fig.15
|
Marmita m/913 ou m/916,
fig. 16 (o último modelo era em ferro esmaltado
e não tinha capa) |
Cantil
com francalete, gancho e travanca m/916, fig. 17 |
|
|
Fig.
16
|
Fig.
17
|
Cantil com
correia m/916, fig. 18 |
Pá picareta
m/907, fig. 19 |
|
|
Fig.
18
|
Fig.
19
|
O método
de suspender o equipamento está exemplificado
na figura 20, podendo-se observar no lado esquerdo,
junto à baioneta, o saco da máscara
anti-gás modelo britânico. |
|
Fig.
20
|
CAPACETES
O C. E. P. utilizou primeiramente o capacete
m/915 fig. 21 e 21a tendo sido substituído pelo
modelo inglês MK I, m/917, fig.22 e 22a. Não
obstante podem-se ver fotografias, até ao fim
da guerra, de militares com os dois modelos.
 |
 |
Fig. 21
|
Fig. 21a
|
 |
 |
Fig.
22
|
Fig.
22a
|
ARMAMENTO
ESPINGARDA
Modelo inglês SMLE Lee-Enfield de 7,7mm com a
respectiva baioneta, fig.23 e 23a.
METRALHADORAS
Estas eram igualmente de origem inglesa tendo-nos sido
fornecido Lewis fig. 24 e Vickers fig. 25.
MORTEIROS
As tropas do C.E.P. estavam equipados com morteiros
Stokes de 60 mm e Newton 81mm (Fig. 26).
|
|
|
Fig.
26
|
GRANADAS
DE MÃO
As mais utilizadas eram as granadas Mill's nº
5 que podiam ser utilizadas no respectivo copo (dilagrama)
da arma, e as granadas nº 34 (ovo) mais ligeira
que a anterior, fig. 27
|
|
|
Fig. 27
|
Página Seguinte
(2ªParte)>>>
|