POR: MANUEL A. RIBEIRO RODRIGUES
GUERRA PENINSULAR
INFANTARIA E ARTILHARIA
1806 - 1814
ARMAMENTO
E EQUIPAMENTO
INFANTARIA
No respeitante ao rearmamento
foi-se reunindo, pouco a pouco, o velho material espalhado
pelos vários arsenais e localidades dos País,
que ali se tinham deixado praticamente ao abandono,
quando Junot dissolveu os nossos regimentos.
Receberam-se igualmente muitas espingardas
e pólvora de Espanha e da Inglaterra, concertaram-se
as armas velhas e outras que o inimigo havia inutilizado,
na sua retirada, de modo a que pudessem ainda servir.
Assim, de início, se armou mal o exército
e o Povo.
ARMAMENTO PARA PRAÇAS
E OFICIAIS
INFERIORES
ESPINGARDA DE FECHOS
DE SÍLEX
Como toda a infantaria europeia, os nossos militares
estavam armados com espingardas de fechos, de carregamento
pela boca e de diversos modelos, fig. 89 e 90, sendo
a sua grande maioria, no inicio das Invasões,
datadas do século anterior, sendo umas fabricadas
do Arsenal do exército e outras inglesas, que
nos tinham sido fornecidas durante as Campanhas de 1762.
Pela Ordem do dia de 24
de Abril de 1809 foi estipulado que cada soldado deveria
ter três pedreneiras já incluindo a das
espingarda; cada praça teria, igualmente, oitenta
cartuxos e "destes trazem os soldados consigo os
que couberem na patrona e os mais nadarão na
reserva e acompanharão sempre os Corpos indo
bem acondicionados em caixotes e transportados em bestas".
BAIONETA
De lâmina de secção triangular com
goteiras nas faces, terminando por uma ponta de estoque
e formando, posteriormente, um cotovelo ligado a um
tubo (alvado) que servia de punho e para se ligar ao
cano da espingarda, havendo nesse tubo um mecanismo
de encaixe para permitir uma sólida e segura
união, fig. 91.
TERÇADO
Arma branca, de punho com lâmina larga, recta,
fig. 92 ou curvas, fig.93, 93A e 93B A bainha era de
couro preto tendo o bocal e a ponteira de latão
amarelo; esta era colocada numa pala dupla, fig. 94
onde entrava a bainha do terçado e a baioneta.
Nota:
O terçado de modelo português é
o que se vê na figura 93A e B contudo era natural
que utilizássemos modelos de outras proveniências,
nos livros " The Portuguese Army of the Napoleonic
Wars", verifica-se que no vol. I, prancha H, n.º
3; vol. II, prancha G, n.º 3 e no vol. III, prancha
A, n.º 3 e prancha E, n.º 2, nenhuma das figuras,
mencionadas, utiliza o terçado português,
nas outras não se vê devido à sua
posição.
Já no Museu Militar do Buçaco os manequins
que se encontram junto à peça, tem terçado
curvos mas o guarda-mão não é do
modelo dito Nacional (vide fotos).
Ficam aqui expressos os meus agradecimentos ao Exmo.
Sr. Coronel Ribeiro Faria, Director do Museu Militar,
pela fotografias que ilustram o terçado português.
Pelo Plano de Uniformes de 1806 a sua utilização
não estava muito bem definida, embora se mencione
o 1.º Sargento, 2.º Sargento, Tambor-Mor,
Furriel, Cabo e Anspeçada.
Contudo, sabe-se que também eram
utilizados pelos Tambor-Mor, Pífano, Músicos
e por todos os componentes das Companhias de Granadeiros,
de caçadores e pelos Porta-Machados, além
de outros que nos é dado a ver nas respectivas
fontes iconográficas.
Pela Ordem do Dia de 30
de Novembro de 1811, ficou definido que este tipo de
arma passaria a ser utilizada exclusivamente pelos Sargentos,
Furriéis, Músicos, Pífanos e Tambores
(na Infantaria).
FIADOR PARA TERÇADO
- 1.º sargento. Liga vermelha com borla dourada
e franjas azul ferrete e prata, fig. 95
- 2.º sargento e Tambor-Mor: liga
vermelha com borla e franjas de seda dourada, fig. 96
- Furriel: liga, borla
e franja de lã amarelo, fig. 97.
- Cabo, Anspeçada e Praças:
liga, borla e franjas de couro amarelo, fig. 98
ESPONTÃO
Era uma arma de haste de folha curta e com dois gumes,
fig. 99.
MACHADO
(de uso exclusivo dos porta-machados, que eram elementos
das companhias de granadeiros)
De cabo bastante comprido em madeira,
destinado a ser manejado com as duas mãos; lâmina
de folha larga e curva, em forma de meia-lua, fig. 100
era utilizado para desbastar o matagal, arrombar portas,
cortar alguns obstáculos que poderiam entravar
o movimento das tropas no terreno, etc.
PATRONA
De couro preto encontrando-se suspensa da respectiva
correia de couro branco,
fig. 101
TALABARTE
De anta branco, era utilizado a tiracolo, assente no
ombro direito, nele se colocava o terçado e a
respectiva baioneta, fig. 94
Nota:
A partir de 1809 os talabartes, as bandoleiras das espingardas,
assim como o outro correame " se tingirão
de preto, para que tenha a mesma cor que as correias
e patronas novas".
MOCHILA
Era composta pela mochila de oleado ou de pele de cabra,
onde se colocava a roupa e outros pertences particulares
do militar, o capote era preso por intermédio
de correias, fig. 102.
CANTIL
Frasco protegido por uma capa de couro ou empalhado,
fig. 103, ou cabaça, fig. 104.
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