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História
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'Dragões' de Angola 1966-1974

PROCEDIMENTOS TÁCTICOS

Dada a particularidade do conflito os procedimentos tácticos doutrinários existentes para a cavalaria num exército convencional não se aplicavam, pelo que a doutrina empregue nos Dragões resultou em grande parte do espírito empreendedor, e ao mesmo tempo crítico, dos quadros.


Organização para o combate
As formações bem como a organização para o combate não é constante ao longo dos anos em que foram empregues estas unidades no Teatro de Operações do Leste de Angola, o que prova que houve um esforço constante para fazer face à dinâmica própria da guerra. O ponto de partida na organização foi a táctica da Cavalaria a Cavalo que preconizava o trio como unidade mínima que, quando apeado, preconizava um guarda-cavalos para os três cavalos e uma parelha de homens disponíveis para o combate. Dois trios davam uma esquadra de seis homens que quando apeava se transformava em duas parelhas. Duas esquadras formavam uma secção de doze homens mais o comandante que era Furriel. Um pelotão era geralmente constituído por três secções mais a secção de comando composta pelo Oficial, Clarim, Ferrador, Socorrista e o radio-telegrafista. Mais tarde, a organização tendeu para que a unidade base para operações dentro do pelotão, uma vez apeados, fosse a equipa de cinco homens (já a reflectir a doutrina "Comando"). No caso particular da Companhia de Cavalaria 2563 que foi convertida no 1º Esquadrão a Cavalo após um ano de operações a pé, a organização adoptada foi tal que permitisse, uma vez apeados, a manutenção dos mesmos grupos de combate do antecedente.


Formações
O deslocamento do pelotão era feito com duas secções à frente formadas em linha e a terceira secção no centro e à retaguarda, formada em duas colunas. Isto fazia com que o pelotão tivesse uma frente extensa, cerca de 300 metros, o que o tornava não "emboscável". A secção da retaguarda era de "descanso". O dispositivo rodava pela direita de duas em duas horas, permitindo que todas as secções "descansassem" na retaguarda da formação (Esquema 1). Este sistema apresentava uma fragilidade: a secção da retaguarda deixava um rasto demasiado forte o que permitiria um eventual seguimento por parte de guerrilheiros. Para ultrapassar esta situação, aquando da escolha do local para o bivaque, a tropa invertia o deslocamento (Esquema 2) por forma a obrigar que os eventuais seguidores passassem pela segurança do bivaque mesmo antes de saber onde este estava instalado.


Esquema 1
Esquema genérico da formação de um pelotão em marcha. A posição do Comandante não é fixa, é onde melhor exercer o comando e controlo do seu pelotão.


Esquema 2
Esquema genérico de um pelotão em bivaque e a manobra de decepção efectuada antes de bivacar.

Bivaques
O princípio era aquartelar de noite e sair ainda de noite. A noite constituía um período de grande vulnerabilidade para os cavalos. O pelotão bivacava assim que caia a noite e da seguinte maneira: os cavalos ao centro, em circulo, e os homens em circulo por fora. A guarnecer a segurança a estes dois círculos concêntricos eram montados três postos de sentinela dobrados (Esquema 3).



Esquema 3

Travessia de cursos de água
Tratava-se de uma operação muito complicada pois os cursos de água, embora pouco largos - cerca de 1 a 6 metros -tinham para cada um dos lados cerca de 100 a 150 metros de terreno lamacento. As travessias eram então um processo penoso de cerca de 300 metros. Para ultrapassar esta situação era preferível subir 3 a 6 Kms no sentido da nascente e assim ter um local de passagem menos penoso, voltar a descer ao longo do rio para retomar novamente o sentido de marcha.

Actividade de rotina
Os Esquadrões a Cavalo tinham uma dupla missão: (1) unidade de quadrícula (por exemplo, no caso da região do Munhango, o esquadrão tinha uma área sensivelmente de 100Km x 200Km); (2) à ordem, em cooperação com outras forças, constituía-se em força de intervenção.
A missão de quadrícula empenhava diariamente cerca de 2 pelotões em patrulhamentos na região. Os outros três pelotões dedicavam-se à instrução, nomeadamente de tiro e de trabalho de equitação, e a trabalhos de manutenção gerais no aquartelamento. Quando empregue como unidade de intervenção, o Esquadrão a cavalo saía a dois ou três pelotões.

Operações como Força de Intervenção
"Durante a operação ["Diana"], a região, percorrida durante oito dias consecutivos por um Esquadrão a Cavalo a dois pelotões, só ofereceu como verdadeiros obstáculos as "anharas" alagadiças. Actuando em conjugação e apoiadas por forças apeadas, são de destacar os seguintes aspectos:
- o Esquadrão a Cavalo actuou durante oito dias consecutivos, sem receber qualquer reabastecimento, para os homens ou para os cavalos, percorrendo cada um dos Pelotões cerca de 250 Km;
- não se verificaram casos de doença ou inutilização de qualquer dos 74 solípedes que tomaram parte na operação. Houve, apenas, o caso de agravamento de assentaduras mal curadas, imposição resultante da urgência de actuação;
- a surpresa, consequência da velocidade a que o inimigo e as populações ainda se não habituaram e a facilidade de progressão em todo o terreno sem sujeição a trilhos e picadas, permitiu capturar apreciável número de indivíduos, apesar dos sistemas de alarme e alerta utilizados."
(J.A., Cavalaria a Cavalo em Angola)

O verdadeiro obstáculo aos dragões eram as "anharas" alagadiças. Fazendo lembrar a vulnerabilidade ao terreno dos pesados blindados de hoje, também os cavalos se "atascavam" obrigando os cavaleiros a esforços titânicos para os recuperar. Nesta fotografia, dois Dragões tentam retirar um cavalo completamente "afundado". De notar que o militar de pé usa botas altas enquanto o militar deitado usa polainas.

A instrução continua de equitação era uma preocupação para manter a destreza nos homens e a boa condição física das montadas. Nesta fotografia, diversos militares ultrapassam as agruras do terreno. De notar a corda de forragear do lado esquerdo da cabeçada.

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