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Uniformes
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Exércitos da reconquista na formação de Portugal 1139 - 1263

ARMAS DEFENSIVAS

As armas defensivas que iremos analisar vão desde a cota de malha, passando pelo elmo até ao escudo, na, mediada em que as primeiras se consideravam "traje defensivo", assim como mais tarde a armadura completa.

Durante a época em apreciação, que eu achei por bem ser o período intermédio situado sensivelmente entre 1150 e 1250, onde ainda havia uma grande diversidade de protecções para o corpo. Podia-se ver, embora raramente, o vestuário de pele ou de tecidos impregnados em vinagre e sal, dobrados diversas vezes, afim de o tornar mais grosso, era uma espécie de camisa comprida que se chamava loriga sobre a qual se cravavam ou coziam, pequenas placas de metal e que tinham diversos nomes, assim na fig. 5 pode-se ver uma cota escamada e na fig. 6 uma cota engradada que consistia em faixas que se entrecruzavam, tendo no centro taxas de cabeça grande, estes dois modelos tinham o grande inconveniente de se tornarem extremamente pesados e rígidos o que tirava ao cavaleiro muita leveza e por sua vez agilidade para o combate.

Figura 5
Figura 6

Aos poucos este traje foi sendo substituído pela cota de malha, tendo seguido o exemplo dos muçulmanos, que consistia num tecido de ferro, à base de anéis metálicos, que protegiam todo o corpo excepto a face, assim a cota de malha passou a fazer parte de indumentária do cavaleiro por ser mais resistente e leve. Esta foi praticamente utilizada desde o século XII ao XIV, embora com algumas adições de placas de metal e outras. Uma vez mais chamo atenção para o leitor de que iremos analisar não só o material usado pelos portugueses, como também o que os cruzados, das mais variadas nações, utilizaram aquando da sua passagem por Portugal onde certamente houve uma permuta de conhecimentos, tácticas e armamentos.

ARMAS DEFENSIVAS DOS CRISTÃOS

LORIGA

A cota de malha mais vulgar era justa ao corpo prolongando-se sensivelmente até à altura dos joelhos, era composta de um almofar (espécie de capuz) e mangas até aos cotovelos, fig. 7.

Também se podiam ver outros modelos, nomeadamente o que era composto por diversas peças, fig. 8 e 9.

Figura 7
 
Figura 8
Figura 9

A malha era constituída por imensas argolas de ferro forjado, não tinha avesso nem forro de base. Depois de prontas eram ligadas umas às outras por meio de uma espécie de alicate. Um dos métodos para a sua execução era o seguinte: enrolava-se o fio de ferro à volta de um mandril, seguidamente eram cortados e martelados para formarem anéis, fig. 10, depois eram passados por um calibrador que os curvava com a mesma medida, fig. 11, após essa operação eram achatados, furados e entrecruzados (geralmente quatro malhas); finalmente rebitavam-se, fig. 12 e 13; sendo o seu efeito final como se pode ver na fig. 14.

Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Executavam-se diversos tipos de cota de malha: as "brancas" por serem de ferro polido e as "ricas" que tinham guarnições de esmalte de cores vivas, podendo até ser enriquecidas a ouro ou outros metais e pedras preciosas.

Esta arma defensiva era uma protecção bastante eficaz para aparar as cutiladas, isto é, de revés, para os golpes de estoque, de ponta, produzidos por setas, lanças e virotes, eram extremamente vulneráveis.

Figura 14
 

CAMAL

Espécie de capuz, independente da cota de malha, encadeado de malha de ferro que servia para proteger a cabeça, o pescoço e por vezes os ombros, havia-os de diversos modelos sendo o mais utilizado o da fig. 15; outros tinham uma protecção para o queixo e boca, seria uma espécie de barbote em cota de malha, que poderia ser amovível, fig. 16 e 17 ou fixa fig. 18, outras eram reforçadas com placas de ferro na face e nos maxilares, fig. 19.

Figura 15
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Figura 19

GAMBÉSON

Este termo deriva do francês "gambison", tratava-se de uma veste de couro, que se colocava por debaixo da cota de malha, para proteger o corpo da incómoda fricção dos anéis de metal e por sua vez servia para amortecer os golpes sofridos, fig. 20

Figura 20
Figura 20a

COIFA

Espécie de uma rodela almofadada, de couro, fig. 21 que se colocava debaixo do camal e que servia para proteger a cabeça da fricção da malha de ferro e para amortecer as pancadas que o bacinete aparava. Como era evidente, quer a cota de malha, quer o bacinete não se podia colocar directamente sobre o corpo, sem ter algo por debaixo que amortecesse as pancadas sofridas. Muitas das vezes, essa protecção almofadada, era também colocada à volta de toda a cabeça, conforme nos deixa ver a fig. 22.

Figura 21
Figura 22

PROTECÇÕES DE CABEÇA

O 'capacete' mais utilizado em Portugal foi o que poderemos chamar "modelo normando" tendo sido adoptado desde o fim do século X até sensivelmente aos finais do século XII.

Estes cascos primitivamente eram hemisféricos, fig. 23 e mais tarde pontiagudos com ou sem viseira fixa, nasal, cobre nuca e protecções laterais.
Figura 23
 

Provavelmente os compostos eram confeccionados em ferro, pregueados a cobre quando eram constituídos por diversas peças ou inteiros quando eram de uma só peça de cobre ou ferro. Entre a grande variedade de modelos salientavam-se:

CÓNICO COM NASAL
Modelo, normando, foi provavelmente o mais utilizado pelos portugueses, fig. 24 e 25.

Figura 24
Figura 25

COM DISPOSITIVO PARA FIXAR O CAMAL
Tinham uma série de pregos com cabeça larga onde se prendia o camal. Observe o curioso nasal amovível que se encontra preso ao camal e se fixa no barbuto, tudo como nos mostram as fig. 26 e 27.

Figura 26
Figura 27

CÓNICO COM PLACAS DE PROTECÇÃO LATERAL
Conforme a fig. 28

 
Figura 28

CILÍNDRICO COM VISEIRA FIXA
Conforme a fig. 29.

 
Figura 29

FORMATO FRÍGIO
Este género de cobertura de cabeça, fig. 30, foi muito utilizado pelos cruzados ao longo de todo o século XII.
 
Figura 30

ELMOS
O termo "elmo" por vezes cria certas confusões, na medida em que é utilizado genericamente para identificar qualquer tipo de cobertura de cabeça da idade média, o que não é muito correcto.

O elmo é uma protecção de cabeça que começou a ser utilizado sensivelmente a partir do fim do século XII e o seu objectivos era defender a cabeça do seu possuidor dos golpes de espada e das maças de armas. Este colocava-se por cima do bacinete e era apoiado nos ombros. A maioria dos elmos era de grandes dimensões e peso. O cavaleiro só o utilizava em caso extremamente necessário, por isso geralmente ia pendurado no arção da sela.

A forma desta grande cobertura de cabeça foi-se alterando com o passar dos tempos, primeiramente a parte superior era plana, assim como todo o elmo, fig. 31, o que levantava grandes problemas ao seu utilizador, na medida em que o nariz não estava defendido e com uma pancada mais forte estava sujeito a partir.
Figura 31
 

Para colmatar tal inconveniente os elmos passaram a ser na parte da frente abaulados ou em bico, assim o nariz estava protegido. Nas fig. 32 e 33 vê-se um elmo composto de três peças rebitadas, já com a forma abaulada na parte de frente, com reforços em cruz no tampo e na parte da frente.

Figura 32
Figura 33

Um pouco mais tarde, o tampo passou a ser abaulado, devido a oferecer menor resistência aos golpes sofridos, na fig. 34 observa-se um elmo deste modelo, onde o tampo, por ser abaulado, já não necessita do reforço como o anterior, contudo na parte da frente leva um reforço cruciforme que tinha como principal objectivo defender o nariz. A fig. 35 mostra-nos como a cabeça e o nariz ficam protegidos.

Figura 34
Figura 35

Supõem-se que em Portugal terão sido muito pouco utilizados por serem muito pesados e incomodativos, principalmente devido ao calor.

CERVILHEIRA
Defesa da cabeça em malha de ferro, que era colocada sobre a coifa, fig. 36

 
Figura 36

ESCUDOS

Alem das diversas formas e nomes que tinham, geralmente eram confeccionados em madeira leve, forrada a couro cru, sendo reforçados nos bordos com aros de ferro. Sobre a face exterior ou nos bordos colocavam-se pregos de cabeça larga para reforço. Nalguns, ao centro, tinham uma peça saliente, em bico ou não, geralmente de forma circular feita de ferro, que se chamava umbo, que servia para reforçar e proteger a mão ou braço que segurava o escudo pela parte de trás. Os mais utilizados, por esta época, entre outros das mais diversas formas e tamanhos, poderemos salientar:

NORMANDO
Talvez o mais utilizado pelos nossos guerreiros, eram bastante compridos em forma de amêndoa, ou seja arredondados na parte de cima, ligeiramente convexos e terminando em bico na parte de baixo, o que servia para espetar no chão quando o cavaleiro combatia apeado. Eram confeccionados em madeira, forrados de couro e com reforços de ferro nos bordos. Pintavam-se com uma grande variedade de motivos, alguns identificativos do seu possuidor ou do país a que o cavaleiro pertencia, fig. 37. Por esta época ainda não se podia falar de heráldica, conforme nó a conhecemos.

O escudo era sustentado por intermédio de correias para o braço e outra, com fivelas, para ser ajustada e presa a tiracolo, como se pode verificar pelas fig. 38 e 39, a colocação das correias que se chamavam bracelões dava a possibilidade de segurar o escudo verticalmente ou horizontalmente, conforme a ocasião e o cavaleiro assim o desejasse.

 
Figura 37
Figura 38
Figura 39

RODELA
Pequeno escudo, convexo, geralmente reforçado.

BROQUEL
Pequeno escudo convexo, extremamente leve, geralmente confeccionado em madeira ou vime, coberto de couro e reforçado a ferro. Era sustentado por uma pega de ferro, fig. 40

 
Figura 40


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