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Armamento
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Sistema Delvigne-Minié 1860-1866

Generalização do uso militar do cano estriado: sistema Delvigne-Minié

O grande obstáculo ao emprego militar generalizado das armas de cano estriado, mais do que o seu elevado custo, foi a dificuldade e morosidade do seu carregamento, que exigiam do soldado alguma perícia e alguns cuidados adicionais.

Enquanto nas espingardas de alma lisa existe uma diferença entre o diâmetro do projéctil e o diâmetro interno do cano, diferença esta designada por vento, de modo a que a acumulação da fuligem, resultante da combustão da pólvora, não impeça o carregamento; nas armas de cano estriado, o projéctil tem que entrar justo às estrias, para que estas lhe imprimam o efeito de rotação. Se a bala estiver demasiado justa, a pressão usada para forçar o projéctil ao longo do cano durante o carregamento, vai deformá-lo, tornando a sua trajectória instável. Se o projéctil estiver demasiado folgado, após o disparo, este vai percorrer as estrias, sem adquirir o movimento de rotação.

Na verdade, esta situação só viria a ser definitivamente ultrapassada com a introdução dos sistemas de carregamento pela culatra. Até então, diversos sistemas, mais ou menos engenhosos, foram surgindo no sentido de facilitar o carregamento das armas de cano estriado, sem que se perdesse o efeito das estrias.

Neste contexto, em 1835, W. Greener introduziu o conceito de bala expansiva. A bala consistia num projéctil oval, com um diâmetro e meio de comprimento, em que uma das calotes era constituída por uma peça de “metal” fundido, que se inseria num orifício da base plana do projéctil.

Fig. 4 Bala expansiva concebida por W. Greener. O taco de metal é inserido no orifício da base plana do projéctil e, por acção da pressão dos gases da combustão da pólvora, durante o disparo, produz o alargamento do projéctil contra as estrias.

No carregamento, a bala era inserida pelo cano com a base de metal fundido orientada para a culatra, descendo livremente até ficar pousada sobre a carga de pólvora. Pela pressão dos gases da explosão da pólvora no disparo, a base de metal fundido, com forma ligeiramente tronco-cónica, é forçada a entrar no orifício da base do projéctil, alargando-o contra as paredes do cano e consequentemente, ajustando-o às estrias.

Em 1842, o Capitão francês Gustave Delvigne, patenteou um sistema de bala ogival que, pelo seu diâmetro, entrava livremente pela boca do cano estriado até assentar sobre a carga propulsora. Uma cavidade na base deste projéctil, permitia não só deslocar o seu centro de massa para a parte anterior, conferindo-lhe maior estabilidade na trajectória mas, sobretudo, que os gases resultantes da explosão da carga propulsora, actuassem sobre essa cavidade, de modo a expandir a parte posterior do projéctil, ajustando-o às estrias e forçando-o a descrever o movimento de rotação imposto por estas.

Dois anos mais tarde, em França, em 1844, o capitão Claude-Étienne Minié, explorou de modo ligeiramente diferente a ideia de Delvigne. Em vez dos gases da explosão da carga propulsora actuarem directamente sobre a base do projéctil, Minié introduziu uma pequena cápsula cilindrica, em ferro, na cavidade tronco-cónica da base do projéctil que, quando actuada pelos gases da explosão da carga propulsora, avança dentro desta cavidade e força o alargamento da base do projéctil, ajustando-o às estrias.














Fig. 5 Representação da bala Minié, onde se pode ver a cápsula de ferro inserida na cavidade, na base do projéctil. In História da Arma de Fogo Portátil de Luiz Mardel, Lisboa 1885

 

Decorreriam ainda cerca de cinco anos de ensaios e melhoramentos, tanto no projéctil como nos canos que os utilizavam, até que em Inglaterra, em 1849, foram formalmente abertos os estudos, no sentido de criar a nova arma padrão para a Infantaria, em percusão, com cano estriado e de carregamento pela boca, tendo em 1851 sido definitivamente adoptado o sistema Delvigne-Minié.

Embora Minié tenha reconhecido publicamente a importância que Delvigne deteve em todo este processo e em Abril de 1855, estes dois inventores terem efectuado uma declaração pública, onde ambos partilhavam a opinião de que esta nova espingarda se devia designar Delvigne-Minié [24], a verdade é que esta nomenclatura correcta nunca foi adoptada, sendo estas armas geralmente designadas apenas por espingarda ou carabina Minié.




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