Carabina para Caçadores 14 mm m/1859
A carabina para Caçadores, caracteristicamente mais
curta que a espingarda de Infantaria possui o
comprimento total, sem baioneta, de 124 cm e pesa 3,735
kg. O cano, com 83,8 cm, possui um diâmetro interno de
14,7 mm e 3 estrias com um passo de 2 m, de profundidade
progressiva, com 0,2 mm na culatra e 0,5 mm à boca.
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Fig.. 18
Representação da Carabina de Caçadores 14 mm
m/1859, com o respectivo sabre-baioneta.
Gravura do Arsenal do Exército, conforme
desenhos do Capitão Silva Freire
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Nestas armas, destinadas às tropas de Caçadores, onde a
instrução era mais cuidada, o aparelho de pontaria é
composto por um ponto de mira fixo e uma alça de cursor,
semelhante à inglesa. Este tipo de alça exige já do
atirador uma boa capacidade para estimar distâncias.
A |
B |
Fig. 19 Pormenores da alça de pontaria da
carabina de Caçadores m/1859, fabricada em
Liége. |
No fecho, estas armas adquiridas na Bélgica, possuem a
inscrição “P. J. MALHERBE & CIE.” e, por
baixo, “A LIÉGE”, respectivamente o fabricante e o local
de fabrico. Na pequena superfície atrás do cão, têm a
coroa portuguesa.
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Fig. 20
Fecho de uma carabina de Caçadores 14 mm m/1859,
adquirida em Liége, onde se podem observar as
inscrições P.J. MALHERBE & CIE
A LIÉGE, assim como a coroa portuguesa.
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Estas carabinas utilizam um sabre-baioneta, com lâmina
do tipo “yatagan”, que é fixo numa guia lateral do cano.
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Fig. 21
Representação do sabre-baioneta da carabina de
Caçadores m/1859.
Gravura do Arsenal do Exército, segundo desenho
do Cap. Silva Freire. |
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Fig. 22 Guia e
encaixe para o sabre-baioneta na carabina de
Caçadores 14 mm m/1859. |
Carabina para Artilharia 14 mm m/1860
Após a
distribuição das espingardas de Infantaria e das
Carabinas de Caçadores, voltaram-se as atenções para o
armamento dos soldados de Artilharia.
Havia algum
tempo que as tropas de artilharia reclamavam a
distribuição de uma arma de fogo mais ligeira e, embora
formalmente tivesse sido já estabelecido armamento
próprio, nunca fora distribuído e, até aqui, utilizavam
o mesmo armamento que a Infantaria.
O soldado
servente das peças de artilharia carecia de uma arma
ligeira, que pudesse transportar sem comprometer a
manobra das peças de artilharia. Assim, foi dada ordem
para que a partir dos antigos canos forjados das armas
de pederneira, de 19 mm, existentes no Arsenal do
Exército, estes fossem cortados, recalcados para 14 mm e
estriados com três estrias, progressivas, com um passo
de 2 m e construída uma carabina. Possui uma alça de
pontaria de livrete para três distâncias. A coronha e
ferragens são semelhantes às da carabina de artilharia
francesa e utiliza um sabre baioneta com lâmina
“yatagan”.
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Fig. 23 Carabina
de Artilharia 14 mm m/1860, fabricada no Arsenal
do Exército, aproveitando os antigos canos de 19
mm. |
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Fig. 24 Pormenor
do fecho da Carabina de Artilharia 14 mm m/1860,
onde se pode observar as punções do Arsenal do
Exécito e a data de fabrico.
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No fecho,
possui a punção AE e a data de fabrico.
Aprovado este
modelo, recebeu a designação de Carabina de Artilharia
14 mm m/1860 (Ordem do Exército nº 207 de 11 de Novembro
1860) e foi distribuída aos Regimentos de Artilharia nº
2 e 4 e às Companhias de Guarnição das Ilhas Adjacentes.
Esta carabina
teve um péssimo desempenho nos exercícios efectuados em
Vendas Novas, não só em termos de precisão, como pelo
facto de terem rebentado alguns canos. Houve ainda uma
tentativa de melhorar o ferro dos canos porém, os
resultados obtidos não foram melhores, sendo referido na
época que a sua única boa característica era a
portabilidade. Estes incidentes, associados à grande
morosidade no fabrico e o elevado custo destas armas,
17$980 reis cada uma (as espingardas de Infantaria
fabricadas em Inglaterra haviam custado 11$817 reis
cada), levaram a que o seu fabrico fosse inspeccionado
pelo Ministério da Guerra, em 1867 e, presumivelmente o
seu fabrico terá sido suspenso.
Contudo,
alguns exemplares datados 1872 e com as punções FA tanto
em componentes do cano e fecho, como nas guarnições, (FA
– Fábrica de Armas. A oficina de espingardeiros do
Arsenal do Exército, pelas reformas de 1868, passou a
designar-se Fábrica de Armas, tendo o habitual punção
AE, sido substituído por este), levam a crer que esta
arma tenha, inexplicavelmente, continuado a ser
fabricada até esta altura.
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Fig. 25 Carabina
de Artilharia 14 mm m/1860, um dos exemplares
inexplicavelmente tardios, fabricado em 1872. |
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Fig.
26 Pormenor do
fecho da carabina de Artilharia 14 mm m/1860,
com a punção FA e datado de 1872. |
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