Carabina para Cavalaria 14 mm
Uma vez distribuídas as armas do sistema
Minié, as unidades de Cavalaria permaneciam ainda, na
sua maioria, equipadas com carabinas e pistolas de
pederneira e, algumas unidades, com pistolas
transformadas em percussão. Assim, em 1864, quando a
maquinaria adquirida em Inglaterra estava devidamente
instalada e a funcionar com as máquinas a vapor
adquiridas nesse ano, a Oficina de Espingardeiros do
Arsenal do Exército, deu início ao fabrico de carabinas
para Cavalaria.
Estas carabinas possuem um cano de 445 mm de
comprimento, calibre 14 mm com três estrias de
profundidade progressiva, para balas Minié, fabricado no
Arsenal do Exército. O aparelho de pontaria é
constituído por um ponto de mira e uma alça de livrete
de três pontarias, sem indicação de distâncias.
No fecho, possuem gravado a inscrição AE
encimado pela coroa portuguesa e na superfície posterior
ao cão, a data de fabrico também gravada, com números
bastante irregulares.
Destas carabinas surgem dois modelos
distintos, embora semelhantes na sua configuração geral
e com canos iguais.
Um primeiro modelo, sem fiel de vareta e com
as passadeiras para a bandoleira na braçadeira do cano e
junto ao delgado da coronha. Os exemplares deste modelo
de carabina surgem datados de 1864 e 1865.
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Fig. 27 Carabina
para Cavalaria 14 mm, cano estriado para bala
Minié. Estes primeiros exemplares não possuem o
fiel da vareta. |
Um outro modelo, posterior, aparentemente construído a
partir de 1866, em que a vareta de carregamento se
encontra segura por um fiel basculante –“swivel”– para
que a vareta não se perca, e onde, ao invés das
passadeiras para a bandoleira, possui uma barra com
argola para suspender num mosquetão de talabarte. As
carabinas deste último modelo surgem datadas de 1866 e
1867.
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Fig. 28 Carabina
para Cavalaria 14 mm com cano estriado, para
bala Minié. Estes exemplares, com datas
posteriores a 1866, possuem o fiel da vareta e
barra com argola para suspensão em mosquetão. |
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Fig. 29 Pormenor do fecho da
Carabina para Cavalaria 14 mm, onde se encontram
gravados o monograma do Arsenal do Exército, a
data e a omnipresente punção AE, na superfície
da borracha. |
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Fig. 30 Pormenor do fiel da vareta. |
Fig. 31 Pormenor da barra com argola, para
suspender no mosquetão. |
Na maioria
destas armas, observa-se a presença de punções no cano e
no fecho, que se presume serem punções dos oficiais que
efectuaram a verificação dos diferentes componentes da
arma. Em alguns exemplares, trata-se de uma coroa, de
muito pequenas dimensões e, noutros, uma cruz latina
contornada.
A |
B |
Fig. 32 Pormenor
das punções dos oficiais que efectuaram as
verificações e que podem ser observadas nos
diversos modelos destas carabinas de Cavalaria.
A) Em forma de coroa. B) Em forma de cruz latina
contornada. |
Com estas
armas observa-se, pela primeira vez, a preocupação em
introduzir uma numeração de série. Assim, nestas
carabinas surge o número de série, aplicado por punção,
no cano, no fuste e na cauda da culatra, sendo este
último o único visível com a arma montada.
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Fig. 33 Pormenor
da numeração. A) Na cauda da culatra. B) No
cano. C) No interior do fuste. |
Na face
interior de todos os fechos observados, surge o número
79.100, cujo significado é desconhecido. Do mesmo modo,
todos os canos possuem o número 338.100, na face
inferior destes, visível apenas se desmontado.
Também no
interior dos fechos surge um algarismo, aplicado por
punção que, hipoteticamente, pode corresponder a um
verificador ou inspector.
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Fig. 34 Pormenor
do número marcados no interior dos fechos, o
mesmo em todos os exemplares destas carabinas. |
Todos os parafusos e peças em latão da guarnição,
possuem a punção A E.
Ainda que, pela sua dimensão e demais
características, ambas as carabinas se revelem
destinar-se à Cavalaria, o segundo modelo, com fiel de
vareta e argola de suspensão, parece mais adequada ao
serviço de tropas a cavalo, resultando possivelmente de
uma evolução do primeiro modelo.
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