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CANGUÇU, BASE
DE GUERRILHA CONTRA OS ESPANHÓIS
Em 1762, na
eminência de invasão do Rio Grande pelos espanhóis, como
projeção de lutas na Europa entre Espanha e Portugal, o coronel
Osório citado, proveniente do Rio Pardo e com destino ao Chuí,
atravessou as terras de Canguçu com maior parte do Regimento de
Dragões, fundando pouco após a fortaleza de Santa Tereza na
atual ROU e, na época, território de Portugal pelo Tratado de
Madrid de 1750(17).

Figura; Aspecto
das ruínas da estância de Luís Marques de Souza, no rincão dos
Cravos no Quarto subdistrito de Canguçu, próximo ao passo do
Acampamento no rio Piratini. Foi a primeira estância em Canguçu.
Ela serviu de base dos guerrilheiros de Rafael Pinto Bandeira e
aos Dragões do Rio Pardo, para atuarem contra os espanhóis que
denominavam a Vila de Rio Grande e a margem Leste do Canal São
Gonsalo de 1763-1776. Serviu de apoio à Comissão Demarcadora de
Limites 1748-88 e foi abrigo de Bento Gonsalves ao final da
guerra Farroupilha. Nela teve lugar, set.1823, um combate de
encontro entre as forças governistas e revolucionárias. O local
era conhecido então como Atalaia e se prestou ao longo da
História para tal. Julgamos seja a ruína mais antiga ligada à
vida rural rio-grandense e à sua História Militar (Foto do
arquivo da professora Marlene Barbosa Coelho).Aparecemos sobre
as ruinas
*Elas foram por
mim identificadas após visita ao local(15) e longa
pesquisa decorrente, com apoio no mapa da demarcação do Tratado
de Santo Ildefonso, cujo trecho público na obra O NEGRO NA
SOCIEDADE DO RIO GRANDE DO SUL(16).
Após a invasão do
Rio Grande, em 1763, pelo litoral, por paderoso exército
espanhol ao comando do general Pedro Ceballos, governador de
Buenos Aires, as terras de Canguçu foram em abril e maio de 1763
atravessadas, em viajem de ida e volta, de Rio Pardo até o canal
São Gonsalo, por um contingente de 100 homens paulistas e
dragões, comandados respectivamente pelo mais tarde heróico e
bravo paulista, tenente Cypriano Cardoso Barros Leme e os
dragões tenente João Nogueira Beja e o furriel José Carneiro
Fontoura, ascendente entre outras, das ilustres famílias
pelotenses Assunção e Simões Lopes(18). Eles tentaram em vão,
socorrer ao Cel Thomaz Osório.
Canguçu passou a
ser base de guerrilhas contra os espanhóis para hostilizá-los na
então Vila de Rio Grande e ao longo do canal São Gonsalo.
Comandadas pelo intrépido rio-grandense Rafael Pinto Bandeira
serviam também para cobrir, à distância, o forte de Rio Pardo e
as estâncias portuguesas entre o Camaquã e o Jacuí, contra um
ataque partido da atual cidade de Rio Grande, então em poder de
Espanha(20).Por ocasião da invasão espanhola de Rio Grande,
muitos açorianos de Povo Novo da Torotama e imediações, entre a
região atual de Rio Grande e Pelotas, se fixaram ao longo do
caminho histórico Rio Grande –Rio Pardo passando por Canguçu.e
buscaram proteção nas terras de Canguçu, ao longo do histórico
caminho, estabelecido desde 1756, Rio Grande-Rio Pardo(21).
Em 29 de maio
1767, o coronel Marcelino de Figueiredo, partindo do Estreito,
tentou com suas tropas, assaltar e retomar aos espanhóis a Vila
do Rio Grande. Suas embarcações de assalto foram dispersadas no
canal pela cerração e ventania. Frustado o assalto teve por
consolação a reconquista da margem norte(atual São José do
Norte). Nesta ocasião a estância de Luís Marques, em Canguçu,
serviu de base inicial de guerrilha(22) a Rafael Pinto Bandeira,
reforçado por Dragões do Rio Pardo, para atrairem, de Rio Grande
para o corte do São Gonsalo, nas imediações de Pelotas atual,
efetivos espanhóis, visando a enfraquecer aquela posição para o
assalto frustrado intentado(23).
Em1974 o
governador de Buenos Aires, general Vertiz y Salcedo, invadiu o
Rio Grande do Sul pela campanha, com o objetivo principal de
varrer das terras atuais de Canguçu(Encruzilhada do Duro) e
Encruzilhada do Sul( guardas da Encruzilhada) as bases de
guerrilhas portuguesas que tantos prejuízos vinham causando aos
interesses dos súditos espanhóis. Erigiu o citado governador,
natural do México, nas proximidades de Bagé atual, a Fortaleza
de Santa Tecla. A missão de Vertiz y Salcedo foi prejudicado
pelos reveses que Rafael Pinto Bandeira impôs às suas tropas em
Santa Bárbara e Tabatingai(24).
*Cypriano Cardoso
que deparo e abordo com frequência em meus estudos e trabalhos
sobre a guerra de 1763-77 prestou serviços militares ao Rio
Grande do Sul e a Santa Catarina(19) quase à altura dos
prestados por Rafael Pinto Bandeira.
Incapaz de atacar
Rio Pardo, a " Tranqueira Invicta ", o citado governador
contramarchou em direção à base espanhola mais próxima – a Vila
de Rio Grande – atravessando na ocasião as terras de Canguçu, ao
longo do histórico caminho entre Rio Grande e Rio Pardo(25).
Este mesmo trajeto seria feito em abril de 1776 pelo major
Patrício Correia Câmara, o futuro Visconde de Pelotas, à frente
de parte de seu Regimento de Dragões. Proveniente da conquista
da Fortaleza de Santa Tecla, destinava-se a dar cobertura no
Taim a um possível ataque à Vila de Rio Grande, reconquistada em
1 de abril, após 13 anos sob domínio espanhol. Dessa marcha
deixou circunstanciado relatório que tornou possível
indentificar os locais de Canguçu onde6 suas tropas acamparam,
bem como o nome primitivo de Arroio das Pedras,da cidade
de Canguçu. Em Pelotas, sobre a margem oriental do canal de São
Gonçalo, ele encontrou um fortim espanhol abandonado(26).
Nota.Publiquei
em 2002 a História da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada
Brigada Patricio Correia da Câmara onde o biografo e
refaço em linguagem atual o seu histórico relatório e dentro do
Projeto História do Exército na Região Sul e com muitas
informações de interesse de Canguçu.
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