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São Francisco de Borja é o mais antigo dos Sete Povos das
Missões. Pra falar sobre São Borja, é necessário, uma rápida
retrospectiva sobre os demais povos jesuíticos. Quando os
primeiros jesuítas iniciaram a catequese no qual estado do RS, a
questão de limites da nossa região era ainda muito confusa,
apesar do Tratado de Tordesilhas (1494). Os espanhóis eram os
senhores da Bacia do Prata e do oeste da América do Sul, grandes
extensões de terra; sendo que nelas estava incluído o território
missioneiro. Os jesuítas espanhóis a mando do rei Felipe II da
Espanha, iniciaram seu trabalho apostólico em 1588 pela então
província do Paraguai, que abrangia o atual Paraguai, leste da
Bolívia, Argentina, sudoeste do Brasil e Uruguai. O rei doaria
as terras aos guaranis, desde que abraçassem a fé, aceitando as
orientações dos jesuítas. Apartir de 1610, começaram a surgir as
florescentes reduções do Guaíra (no Paraná, até a Foz do
Iguaçu), cuja fama ecoou até as campinas do sul. A primeira
tentativa de penetrar no atual estado do Rio Grande do Sul, em
1619, pelo Ibicuí acima pelo padre Roque Gonzales foi frustrada,
porém, em 1626, esse mesmo padre, entra pelo rio Piratini, no
ponto que este desemboca no Uruguai, avança duas léguas e funda
a redução de São Nicolau, em território Tape. Os iniciadores
desse trabalho de catequese, o padre Roque Gonzales e o padre
Afonso Rodrigues, foram trucidados. Mortos os missionários,
começa a destruição de tudo. A redução de São Nicolau e outras
já fundadas em terras brasileiras e argentinas, como a de Santo
Tomé, foram abandonadas em conseqüência da invasão dos
bandeirantes paulistas que avançaram sobre as reduções,
destruindo-as completamente, obrigando os missionários e
indígenas a transporem o rio Uruguai. Parte do gado que escapou,
começou a criar-se solto, povoando aos poucos os pampas da
região. Esse fato constitui-se como primeira fase da cultura
jesuíticas do Rio Grande do SUL. Apesar de as terras de nossa
região ainda pertencerem aos espanhóis, passaram a ser muito
cobiçadas pelos portugueses, por causa do gado que existia em
grande quantidade pelos campos. Começaram a se interessar pela
região dando início aos conflitos entre Portugal e a Espanha..
Os padres das missões de quando em quando, mandavam índios, para
controlar manadas, que aumentava rapidamente, contando com
aproximadamente 15.000 cabeças de gado alçadas nos campos,
embora desde 1657, alguns povos da Banda Ocidental do Rio
Uruguai tivesse começado a ter suas estâncias essa região. Em
1680, a mando do governo português, D.Manuel Lobo, fundou um
forte militar às margens do Rio da Prata. O local recebeu o nome
da Fortaleza do Sacramento. Essa fotaleza deveria defender a
região contra os ataques dos espanhóis, que moravam por perto,
na cidade argentina de Buenos Aires. Além de servir para fins
militares, também funcionou como porto para fazer comércio e
marcar a presença portuguesa.. Como a colônia do Sacramento
encontrava-se longe dos outros povoados, dificultando a chegada
de reforços, o paulista Domingos de Britto Peixoto, fundou
laguna em Santa Catarina. O cerco da Colônia do Sacramento
efetuado pelos espanhóis, logo após a sua fundação, pelos
portugueses, levou missionários e índios descendentes dos que
haviam imigrado há cerca de 50 anos antes a se estabelecer nas
terras de seus antepassados. Foi assim que começou a penetração
em nosso território, não só para a exploração do gado das
vacarias, como para o encaminhamento de soldados que, por
ocasião da fundação da Colônia do Sacramento pelos portugueses,
era atacada constantemente pelos castelhanos de Buenos Aires,
que entendiam que que aquelas terras, pelo Tratado de
Tordesilhas, pertenciam a Espanha. Portanto, com o
despreendimento de uma colônia de índios, iniciou a construção
de novas aldeias. Receberam o nome de “Sete Povos da Banda
Oriental do Uruguai”, iniciando com SÃO BORJA, em 1682; São
Nicolau, São Miguel e São Luiz Gonzaga em 1687; São Lourenço em
1690; São João Batista em 1697, concluindo este retorno com a
fundação de Santo Ângelo em 1707, logo esses povos dividiram
entre si o Rio Grande em estâncias, entre meadas com as outras,
dos povos da Banda Ocidental do Rio Uruguai; constituindo a
segunda fase de cultura jesuítica. A fundação de SÃO BORJA, que
se verifica em 1682, tem origem nessas atividades militares que
impõem a Santo Tomé, a criação de um posto de emergência para a
defesa do vasto território, ameaçado pela extensão portuguesa,
que ruma para o Prata acrescida pelas exigências de ordem
econômica que a pecuária criara com a descoberta das Vacarias do
Mar. Santo Tomé, lançando essa colônia, retomava a posse efetiva
das terras que pertenciam, por direito de hereditariedade, aos
seus primitivos fundadores de origem Tape.
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