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Cidade Portuguesa de
Mazago |
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Patrimnio Mundial em 2004 |
A
velha vila de Mazago, no Norte de frica, construda pelos
portugueses na primeira metade do Sc. XVI, foi declarada
Patrimnio Mundial pela U.N.E.S.C.O. (United Nations
Educational, Scientific and
Cultural
Organization), no corrente ano de
2004 e
na sequncia de um processo de avaliao que decorria h
cerca de trs anos. Esta classificao resulta de uma
iniciativa das Naes Unidas que levou aprovao de uma
Conveno para proteco de patrimnio cultural ou
natural, que pela sua importncia e pelo que representa para
toda a humanidade, pode ser classificado como patrimnio
mundial. Dessa forma poder beneficiar de processos de
proteco prprios, que incluem medidas de diversa ordem e,
por vezes, financiamentos que se justifiquem, no mbito da
preservao e divulgao desses locais. O que nos diz a
Conveno que no respeito absoluto pela soberania dos
Estados sobre o territrio onde est situado o patrimnio
cultural ou natural [...] e sem prejuzo dos direitos
previstos pela legislao nacional sobre o dito patrimnio,
os Estados signatrios da conveno reconhecem que ele
constitui um patrimnio universal para cuja proteco, a
comunidade internacional tem o dever de cooperar. Em
Portugal existem diversos locais que constituem Patrimnio
Mundial e que beneficiam deste estatuto, merecendo um
tratamento diferenciado em mltiplos aspectos de conservao
e, sobretudo, com uma divulgao internacional privilegiada.
Neste caso especfico, o ICOMOS (International Council on
Monuments and Sites) designou o local classificado e que
assim ficar assinalado por Cidade Portuguesa de Mazago
(El Jadida), constituda pelo local fortificado, que inclui
o respectivo fosso de proteco da muralha e as construes
do seu interior, nomeadamente duas igrejas crists, uma
mesquita e uma sinagoga. Foi considerado que, apesar de um
boa parte das construes intra-muros j no terem as
caractersticas das antigas construes portuguesas,
mantm-se a traa urbanstica que a UNESCO entende dever ser
preservada. Esta deciso tem uma importncia extraordinria
para o ncleo histrico a preservar, para al Jadida (como
hoje se chama a cidade que cresceu vota da fortaleza, a
partir do sculo XIX), para Marrocos e, naturalmente, para
Portugal, na medida em que a classificao recaiu sobre uma
obra, essencialmente, portuguesa. Os critrios considerados
tiveram em conta o facto de estar ali representado um
excepcional exemplo do intercmbio de influncias entre as
culturas europeias e a marroquina, considerando que a
cidade portuguesa fortificada de Mazago um dos primeiros
exemplos da realizao dos ideais do Renascimento integrados
nas tcnicas de construo portuguesas.
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Mazago foi, durante mais de cem anos, a ltima e nica
possesso portuguesa no Norte de frica, e interessante
reviver o que foi a sua histria, verificando como ela se
inseriu na poltica nacional desde os tempos ureos da
expanso quinhentista at ao realinhamento (ou
reajustamento) Ps-Restaurao (1640). Mas, para isso,
recuemos at ao final do sculo XV e princpio do sculo
XVI, quando o nome de Mazago surge pela primeira vez nos
documentos portugueses.
A
cidade muulmana mais importante daquela regio , sem
dvida, Azamor, na margem esquerda do pequeno rio Umme
Arrebia (que os portugueses chamavam de Morbeia), dominando
a provncia de Duquella, cuja produo cerealfera era
notvel e podia suprir uma carncia nacional endmica. Nos
tempos de D. Joo II (1481-1495)
quando as relaes com o Norte de frica tinham um pendo,
essencialmente, pacfico o comrcio portugus chegou quase
at ao Cabo Bojador e um dos locais que nos aparece referido
o de Mazago, um pouco a sul de Azamor, e com condies
porturias muito mais favorveis. Em 1502, quando o rei j
estava determinado a levar a cabo uma poltica mais
agressiva no Norte de frica entendendo a guerra contra os
mouros como uma cruzada em que pensava empenhar-se
pessoalmente , uma figura importante junto das populaes
da zona, de nome Celeme ben Omar, props aos portugueses a
feitura de uma fortaleza que servisse de proteco ao
comrcio do trigo. Esta fortaleza no viria a ser construda
antes de 1514, ocorrendo logo aps a conquista de Azamor por
D. Jaime, Duque de Bragana. E, nessa altura, valeu o
conselho do prprio Duque que apontou aquele local como
sendo mais favorvel ao abrigo das naus do reino, e com mais
condies para a recolha de lenha e gua. Observando a
situao nas cartas de hoje, verificamos que em frente de
Mazago existe um pequeno porto, abrigado aos temporais de
SW e com alguma proteco ao tempo dominante de N,
completado por dois molhes de construo recente onde podem
entrar pequenas embarcaes de recreio e navios de pequeno
porte. Mas em Azamor no h nada: o rio Morbeia muito
estreito, tem pouco fundo (mesmo na mar favorvel) e tem
muitos obstculos que impedem um acesso normal; alm disso a
sua foz est exposta aos temporais e, sobretudo, do
tempo dominante. Compreende-se, portanto, o que queria dizer
D. Jaime, bem como as razes porque os portugueses ali
ficaram por mais de dois sculos, como veremos de seguida.
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Como j
foi dito, D. Manuel ordenou a construo de uma fortaleza em
Mazago, no ano de 1514, deslocando, para o efeito dois
arquitectos de renome, como eram Francisco e Diogo Arruda,
que trabalharam durante todo o Vero, a um ritmo
impressionante. Estava-se na era das fortalezas ou como
lhe chamou Antnio Dias Farinha na fase imperialista da
poltica portuguesa para o Norte de frica.
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A Cidade de Mazago - mapa da
casa da nsua. |
Uma fase
efmera, que corresponde a uma postura poltica e pessoal de
D. Manuel, mas que termina drasticamente com o desastre de
Mamora em 1515: uma expedio comandada por
D.
Antnio de Noronha, destinada a ocupar a foz do rio Sebou
para a construir uma fortaleza, resulta na perda de cerca
de 100 navios e quase 4000 homens. A partir
da a
presena portuguesa em Marrocos entrar numa decadncia
progressiva que
D. Joo
III tentar suster numa posio de equilbrio entre um
desejo realista de guardar a entrada do Mediterrneo e os
sonhos de conquista de seu pai. |
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Deve
dizer-se que a postura assumida no tempo de D. Manuel e o
desejo ambicioso de combater os mouros tinha provocado uma
reaco muito perigosa no Norte de frica. Sobretudo nos
territrios do Sul levantou-se um movimento de cariz
religioso que, tambm, via no combate aos portugueses um
destino inevitvel imposto pelo dever religioso da guerra
santa. Ou seja, o jogo das alianas mais ou menos
musculadas que ocorrera no tempo de D. Joo II deixara de
ser possvel, e a presena dos cristos tornara-se num
elemento aglutinador de paixes que teve efeitos na poltica
interna e na agressividade anti-lusitana. Desalojar os
invasores era um desgnio sagrado que transformou a maioria
das praas africanas em posies de rendimento comercial
nulo, onde as guarnies viviam encerradas num espao
exguo, reabastecido apenas pelo mar. Por meados do sculo
XVI, os portugueses tinham sido expulsos ou tinham retirado
pacificamente de quase todos os locais onde se tinham
estabelecido, com excepo de Ceuta, Tnger e Mazago. |
Deve
dizer-se que Ceuta tinha uma importncia estratgica bvia
no controlo do Estreito de Gibraltar e no corso; Tnger era
complementar de Ceuta e envolvia uma atmosfera afectiva
muito intensa, relacionada ainda com a figura do Infante D.
Henrique e a morte do Infante Santo; e de Mazago
esperava-se, certamente, um conjunto de benefcios que no
me parecem muito claros, e onde nenhum deles se pode
considerar como decisivo, entendendo eu que s no seu
conjunto influenciaram a deciso do rei. Alis, todos eles
devem ser vistos em funo das circunstncias da poltica
europeia da poca, com Carlos V a assumir-se como o grande
guardio da cristandade a combater os reformadores na
Europa e os Turcos no Mediterrneo e D. Joo III a no
querer perder nenhum prestgio junto da Casa de ustria.
Em 1541
debaixo de uma presso militar intensa, levada a cabo pelo
homem que viria a ser o sulto de Marrocos (Mohammed
Shaykh), com a capital transferida de Fez para Marraquexe
o rei de Portugal manda concentrar esforos defensivos em
Mazago, transferindo para l as tropas que estavam em
Azamor, colocando uma esquadra em frente da cidade, e
mandando fazer uma nova fortaleza, com melhores condies
militares e com capacidade para albergar uma guarnio muito
maior. Da obra em si, o que sabemos que em Maio desse ano,
Diogo de Torralva (genro de Francisco Arruda) foi a Mazago
para estudar o local (no temos notcia sobre os resultados
desta observao) e em Julho chegaram Joo de Castilho e
Joo Ribeiro, encarregados da obra, cujo desenho tinha sido
efectuado pelo arquitecto italiano Benedetto da Ravenna (ao
servio de D. Joo III). Foi efectuada em redor do velho
castelo de 1514, ampliando consideravelmente o seu espao, e
com uma configurao diferente, considerada hoje como um dos
primeiros exemplos da realizao das ideias renascentistas
na arquitectura, na tcnica de construo e nos conceitos de
guerra defensiva. A fortaleza tem a forma de um
quadriltero, em cujos vrtices existem quatro baluartes. O
pano exterior da muralha tem cerca de 14 metros de altura
foi cercado por um fosso, onde a gua do mar entrava e era
retida na baixa-mar por um sistema de comportas. O acesso
aos territrios circunvizinhos era feito atravs de uma
porta com ponte levadia aberta no pano oeste, havendo uma
abertura menos importante no pano norte, que acabou por ser
fechada em 1562, na sequncia de um cerco. Do lado do mar
(leste) foi construda uma outra porta (porta do mar), que
dava acesso a um porto privado, bem protegido por dois
baluartes e sem outro acesso exterior que no fosse o de
embarcaes. A muralha encerrava um conjunto urbano (que
quase desapareceu depois do abandono em 1769) cuja rea
total um pouco maior que o actual Terreiro do Pao, e cujo
traado se supe ser o que comum na maioria das vilas
medievais portugueses, com um rua dominante e com pequenas
ruelas que com ela se cruzam num formato, mais ou menos
rectilneo. Sabe-se ainda que, numa primeira fase, quase
todas as casas eram trreas, pegadas umas com as outras,
deixando pequenos espaos interiores para quintais, todavia,
o crescimento demogrfico fez com que algumas passassem a
dispor de um sobrado e mesmo de aoteias, de onde se
observava o mar e o campo circunvizinho. O abastecimento de
gua era feito a partir de vrios poos exteriores, com uma
canalizao muito engenhosa at ao interior da praa, para
um poo prprio, de onde era tirada para um chafariz. Nas
alturas de cerco, Mazago tinha possibilidades de recorrer
gua guardada na sua cisterna, uma construo que ainda
existe e que se tornou um ex-libris da prpria cidade, dada
a sua beleza e qualidade arquitectnica. No so unnimes as
opinies sobre a data e circunstncias em que foi feita, mas
provvel que a sua estrutura principal, das abbadas e
colunas, tenha sido efectuada quando da edificao do
primeiro castelo, em 1514, pelos irmos Arruda. A verdade
que a sua capacidade era imensa, e todos os marinheiros
sabem avaliar da importncia que oferecia aos moradores a
possibilidade de no lhes faltar a gua doce durante os mais
longos cercos. Agostinho Gavy de Mendona que l nasceu e
assistiu ao cerco de 1562, diz-nos da cisterna que no tempo
do cerco tinha cinco palmos e meio dagoa, que monta a mil
toneladas o palmo, e acabado o cerco, que durou passante de
dois mezes, havendo na vila passante de trs mil pessoas,
faltou um palmo de agua, o que se teve por grande maravilha,
porque se deu sempre a agua liberalissimamente. E este foi
um dos mais duros cercos (total de nove) que sofreu a cidade
durante a presena portuguesa.
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curioso
salientar que uma das razes que levou instalao de
feitorias portuguesas na regio de Duquela (onde est
Mazago) foi a sua produo cerealfera que correspondia a
uma necessidade do reino de Portugal. A verdade que depois
da construo da fortaleza e, sobretudo, depois da guerra
movida por Muhammed Shaykh, nunca mais se conseguiu tirar
daquela terra trigo que chegasse, sequer, para o
abastecimento da guarnio militar da cidade.
Digamos
que se gorou um dos principais objectivos iniciais,
obrigando o pas a reabastecer-se noutros locais da Europa
(v.g. Valncia) a preos menos convidativos. |

A Porta do Mar e a calheta de
acesso. |
bom que
se diga que a produo no era constante, havendo muitos
anos de verdadeira penria com fomes generalizadas que,
certamente, tambm se reflectiam na capacidade de
exportao, mas verifica-se uma impossibilidade total, por
parte dos portugueses, de beneficiar de um recurso que era
abundante e a um preo competitivo com as fontes
mediterrnicas.
Mazago
serviu sem sombra de dvida para a realizao dos ideais
de cruzada que animaram a nobreza portuguesa dos sculos XVI
e XVII, mas nem mesmo essa finalidade teve a continuidade
que se poderia pensar partida. Naturalmente que esses
combates eram levados a cabo no estilo da razzia
islmica, com rpidas correrias pelos territrios
circunvizinhos (as entradas, como lhe chamavam os
portugueses), destinadas a fazer prisioneiros (cujo resgate
poderia ser rentvel) e a obter os respectivos saques, que
obrigavam ao confrontos por que ambicionavam os jovens
cavaleiros portugueses. A questo que nem sempre isso foi
permitido pelo rei (tambm nem sempre essa proibio era
respeitada) e, nalguns momentos, a guarnio foi reduzida a
elementos de infantaria. Tal ocorreu, pelo menos, durante a
regncia de D. Catarina com excepo do reforo feito por
ocasio do cerco de 1562 e durante os reinados de Filipe I
e uma parte do de Filipe II. muito claro que esta
actividade no era muito bem vista pela coroa que dela pouco
lucrava e que criava problemas militares de grande peso.
Digamos que se uma parte da nobreza sonhava com estas
cavalgadas, a coroa via nelas grandes inconvenientes (e at
despesas). Parece-me ser necessrio refazer a histria
destas aces militares, que sempre foram tidas como
permanentes no Norte de frica, mas que podem no ter tido a
continuidade que se supe. Eu julgo, alis, que a presena
portuguesa em Mazago viveu sempre entre a vontade rgia de
abandonar o local, e o receio do que esse abandono podia
causar no prestgio internacional do monarca. D. Catarina
enquanto regente preparou-se para a abandonar, e Filipe II
chegou a pensar troc-la por Larache, que se tornara um
ninho de piratas a assolar o comrcio colonial. Esta
hesitao deixou de existir depois da primeira dcada do
sculo XVII, mas a discusso deve ter-se reimplantado no
sculo XVIII, quando Portugal sentiu que a sua independncia
se jogava no sucesso do comrcio ultramarino, obrigando a
uma poltica virada para o controlo das rotas atlnticas,
afrontadas pelos piratas magrebinos. Simplesmente, h um
momento em que Mazago pode servir para vigiar e travar o
corso vindo de Sal (Rabat) e isso pesou a favor da
manuteno da cidade.
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A Porta do Mar, vista do
interior. |
O
Portugal que emerge da Restaurao (1640) e da guerra com
Espanha, que se prolongou at 1668, um Portugal
debilitado, procura de uma recuperao econmica que
depende do comrcio colonial.
Os
produtos brasileiros, que chegam a Lisboa para consumo
interno ou reexportao (o ouro s vir em 1690, mas o
acar, o tabaco e o pau-brasil tm j grande importncia),
vm pelo Atlntico, onde os navios so assolados
(essencialmente) pelo corso marroquino, tunisino e argelino.
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Na nossa
poltica externa muita clara a obsesso de proteger estas
rotas atlnticas, mas sempre sem que o peso do Norte de
frica seja tido em conta, talvez porque no prprio Norte de
frica no existisse um poder slido e nico que pudesse
controlar essa pirataria (Sal, Tunes e Argel, em 1634,
armavam cerca de 120 navios redondos para o corso e
funcionavam como repblicas independentes de qualquer poder,
fosse ele marroquino ou turco).
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claro,
todavia, que o pas continua a necessitar do trigo e doutros
produtos marroquinos, que so comprados pelos ingleses e
holandeses, e revendidos aos portugueses no porto de Cdis.
H aqui um absurdo que no tem soluo enquanto se mantiver
a presena portuguesa em Mazago. E deve notar-se que na
altura esta era a nica praa portuguesa em Marrocos, na
medida em que Ceuta tinha ficado fiel ao rei de Espanha em
1640, e Tnger fora dada aos ingleses como dote de casamento
de D. Catarina com Carlos II em 1661.
Entre
1672 e 1727 Marrocos viveu um perodo de estabilidade
poltica correspondente ao reinado do sulto Mulei Ismail.
So conhecidas as suas tentativas de constituir uma aliana
de amizade e comrcio com a Frana de Lus XIV, goradas
devido arrogncia deste ltimo, aproveitadas pelos
holandeses e, sobretudo, pelos ingleses que, paulatinamente,
ganharam um lugar de destaque no comrcio com o Norte de
frica. |

O fosso de proteco. |

A Cisterna Portuguesa. |
Com
Portugal no havia acordo possvel porque a sua presena em
Mazago constitua motivo para uma exaltao guerra santa.
Num assunto destes, nenhum sulto arriscaria fosse o que
fosse, sob pena de ver, imediatamente, o seu poder
contestado e alvo de agitaes pblicas de toda a ordem.
Alis, muitas das alteraes polticas marroquinas j tinham
ocorrido debaixo desta gide de guerra contra os cristos
invasores. Mas o problema da persistncia do conflito era
mais grave para os portugueses do que para os marroquinos,
porque eram os portugueses que precisavam da paz no mar,
vendo-se obrigados a um esforo muito grande para garantir a
segurana da navegao. |
Esta
uma ideia cada vez mais clara para o governo portugus, e o
passo decisivo seria dado no reinado de D. Jos, sob os
hospcios do Marqus de Pombal. Em Maro de 1769, Mazago
est a sofrer um cerco to violento quanto o de 1562, com a
agravante de que a guarnio da cidade est muito reduzida e
difcil obter as foras necessrias ao seu reforo. H uma
esquadra que chega de Lisboa, mas, em vez do socorro que
tinha sido pedido, trazia uma ordem para fazer a paz e
retirar definitivamente. A 8 de Maro foi feito o acordo com
os sitiantes e a 11 toda a gente estava embarcada. Diz-nos
a Histria de Mazago (Augusto Ferreira do Amaral)
que antes de partirem, destruram as pedras sacras das
igrejas, encravaram as peas de artilharia mataram os
cavalos e mais gado e minaram todos os baluartes. Apenas
trouxeram as imagens e os livros da vedoria e dos
assentamentos. Soube-se depois que o rebentamento da plvora
dos baluartes veio a provocar a morte de milhares de mouros,
que festivamente entravam na praa.
Apesar de
tudo isto, em 18 de Julho D. Jos prope ao sulto Sidi
Mohammed uma trgua cujo objectivo era a negociao de um
futuro tratado de amizade,
que foi aceite por carta remetida a Portugal em 5 de
Setembro do mesmo ano. Nessa mesma carta se confirma a
trgua e se diz que foi dada ordem aos corsrios marroquinos
para que respeitem o pavilho portugus, olhando-o como
amigo. Digamos que o problema do corso de Marrocos estava
resolvido, com enormes benefcios para Portugal.
Naquele local cresceu a cidade que foi chamada no sculo XIX
de Al Jadida (a nova), e a velha fortaleza de Mazago ali
ficou como testemunho de uma permanncia que durara 255 anos
e que agora foi declarada Patrimnio da Humanidade.
J. Semedo de Matos
CFR FZ
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El Jadida
online
Les fortifications portugaises de Mazagan
Mazago. De Marrocos para a Amaznia

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